Uma das soluções é a reciclagem. Crédito: Timothy Takemoto / Creative Commons.
Comentário Akatu: o gerenciamento dos resíduos é um dos grandes problemas ambientais das cidades de grande porte. Iniciativas que reduzem o descarte inapropriado de lixo (como mostrado na reportagem abaixo) devem ser implantadas, e o consumidor deve fazer o possível para evitar a geração desnecessária de detritos, lembrando sempre dos três “R”: reduzir, reaproveitar e reciclar.
O gerenciamento inadequado do lixo tem se tornado um problema econômico, ambiental e de saúde pública em cidades do mundo todo. Cerca de 7 a 10 bilhões de toneladas de lixo urbano são produzidos a cada ano e 3 bilhões de pessoas não têm acesso a facilidades de despejo desses resíduos. Esses dados são do estudo Panorama do Gerenciamento Global de Lixo, lançado pelo PNUMA (órgão da ONU) e pela Associação Internacional de Lixo Sólido ( ISWA, na sigla em inglês). O relatório ainda faz um alerta importante: os volumes de lixo possivelmente dobrarão de tamanho em cidades de baixa renda da África e da Ásia até 2030. Entre as causas estão o crescimento populacional, a urbanização e o aumento do consumo.
O estudo oferece uma solução global integrada para o problema do lixo, incluindo uma chamada para uma melhoria imediata da coleta e despejo de lixo, prevenindo o lixo e maximizando o reuso e a reciclagem de recursos. Ele também chama para uma mudança mais acentuada da linear economia do “pegar – fazer – usar – descartar” para uma circular “reduzir – reusar – reciclar”, mais próxima do ciclo de vida dos materiais.
O documento da ONU encoraja uma mudança de pensamento sobre o lixo como um mero problema ambiental e de saúde para um conceito mais amplo de gerenciamento de recursos. Isso demonstra como um sábio gerenciamento de recursos e de lixo pode fazer com que os países possam cortar custos de despejo e trazer uma renda extra através da recuperação de materiais brutos.
A pesquisa também cita diversas histórias de sucesso de países em desenvolvimento. Por exemplo, a inclusão informal de recicláveis no sistema da administração municipal de lixo na Bolívia resultou na coleta e tratamento de 29 mil toneladas de resíduos e na criação de 443 trabalhos verdes. Um esquema similar na capital da Colômbia, Bogotá, está retirando 1.200 toneladas diárias de lixo do aterro e empregando cerca de 8.250 pessoas.
Outro exemplo é no Quênia, onde uma organização sem fins lucrativos e o setor privado estão desenvolvendo iniciativas separadas para tratar o lixo do país. Entre elas, são processadas mais de 30 toneladas de lixo por mês e os materiais recuperados são comercializados, ao mesmo tempo em que lixos tóxicos são despejados de forma segura. Ambas as iniciativas estão rapidamente alcançando a autossustentabilidade, provando que a reciclagem segura pode ser um modelo de negócio de sucesso também em países em desenvolvimento.
O Panorama de Gerenciamento Global de Lixo foi juntamente preparado pelo Centro Internacional de Tecnologia Ambiental do PNUMA (CITA) e pela Associação Internacional de Lixo Sólido (ISWA, na sigla em inglês), e lançado durante o Congresso Mundial da ISWA, na Antuérpia, em setembro de 2015.
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