A cada dia, temos um mundo mais populoso. Entre 1950 e 2000, a proporção de pessoas no planeta dobrou, de três para seis bilhões. Atualmente somos 7,4 bilhões de habitantes – e, de acordo com as projeções das Organizações das Nações Unidas (ONU), chegaremos a 8,5 bilhões em 2030. É uma multidão crescente de consumidores de recursos naturais para produção de alimentos, vestuário, transporte, iluminação, abastecimento de água e tudo mais que precisamos para viver.
É preciso lembrar dos limites planetários e cuidar para que haja o “suficiente, para todos, para sempre”. Atividades humanas como o desmatamento, a queima de combustíveis fósseis, a agropecuária e a produção de energia elétrica, além de poluírem, estão gerando cada vez mais Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera, causadores do Aquecimento Global e das Mudanças Climáticas. Como consequências, vivemos secas, enchentes, tempestades, derretimento das geleiras, com sofrimento para muitos povos, principalmente em países mais pobres.Alguns estudos já apontam os impactos do crescimento populacional nas Mudanças Climáticas.
Uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade do Estado de Michigan, nos Estados Unidos, mostrou que na maioria das nações, durante as últimas décadas, para cada 1% de aumento da população, nós atingimos um pouco mais de 1% no aumento de emissões. E isso acontece principalmente nos países mais ricos, onde estão concentrados cerca de 86% do consumo mundial (bem diferente dos países mais pobres, que respondem apenas a 1,3% do total). Outro estudo norte-americano, da Universidade do Estado de Washington, também aponta as nações mais prósperas como as principais responsáveis pelas alterações climáticas. Essas economias emitem GEE per capita correspondentes ao dobro daquelas dos países em desenvolvimento.
A tendência é que aumente o número de consumidores nos países em desenvolvimento nos próximos anos. De acordo com previsões do Banco Mundial, até 2030, mais de 1 bilhão de pessoas que vivem nessas nações vão passar a fazer parte da classe média global (em 2005 eram 400 milhões). Isso significa que, se eles seguirem o mesmo modelo de consumo dos países ricos – que produzem e consomem produtos em excesso e com muito desperdício, queimam combustíveis derivados de petróleo em seus carros e no transporte de cargas –, os impactos sobre os recursos naturais do planeta e as emissões de dióxido de carbono na atmosfera podem ser desastrosos.
A Terra já está operando com sobrecarga. De acordo com o Global Footprint Network (GFN), a população mundial atualmente consome o equivalente a 1,6 planeta por ano. As consequências desses excessos estão ficando cada vez mais evidentes a cada dia, com a ocorrência frequente de secas, erosão do solo, perda de biodiversidade e maior concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.
A “pegada de carbono” da humanidade, isto é, a quantidade de carbono emitida pelas nossas atividades, mais que dobrou desde o início dos anos 70, quando o mundo entrou em sobrecarga ecológica. A diminuição do uso de combustíveis fósseis é um das transições urgentes no nosso modo de viver para diminuir essa pegada e frear os extremos climáticos no planeta.
Desastres e migração climática
Quando pensamos nos impactos mais diretos das Mudanças Climáticas, a primeira imagem que vem à cabeça são os “desastres”. Foram eles que, de fato, mais afetaram a população mundial, principalmente em 2015, o ano mais quente já registrado, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNISDR). Dos 98,6 milhões de pessoas atingidas pelas 346 catástrofes ocorridas, 92% foram impactadas por fenômenos naturais como secas, enchentes e tempestades, diretamente relacionadas às condições climáticas.
De acordo com a agência da ONU, os desastres de 2015 mataram 22.773 pessoas – entre as vítimas estão 7.346 mortos por ondas de calor. As graves estiagens atingiram 50,5 milhões de indivíduos. No outro extremo climático, as enchentes foram o segundo tipo de catástrofe mais devastador, afetando 27,5 milhões. E as tempestades afetaram 10,6 milhões.
As Mudanças Climáticas provocaram assim um crescente deslocamento de populações que fogem da seca, da cheia de rios e do aumento do nível do mar. Segundo estimativas da Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados, existem hoje 50 milhões de migrantes climáticos. E a previsão da organização é de que esse número chegue a 250 milhões até 2050.
O que podemos fazer para evitar as Mudanças Climáticas?
O jeito como vivemos precisa mudar, com urgência. Todos nós – empresas, governos, instituições e cada pessoa – podemos e precisamos contribuir, consumindo de forma sustentável os recursos do planeta, para que eles não se esgotem e comprometam a vida no planeta. É um compromisso compartilhado para termos chances de reverter o quadro catastrófico causado pelas Mudanças Climáticas no mundo.
Há ações e metas globais e locais sendo propostas e negociadas por governos, empresas e entidades da sociedade após o Acordo de Paris, firmado em dezembro por 195 nações e que segue ao longo de 2016 sendo ratificado em cada País. A meta? Não deixar a temperatura do planeta subir 2 graus Celsius até 2050. Acompanhe este debate nos sites do Instituto Akatu (www.akatu.org.br), do Observatório do Clima (www.observatoriodoclima.eco.br) e da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura (www.coalizaobr.com.br).
O Instituto Akatu está promovendo este ano a campanha #ClimaMuitoLoko nas redes sociais para conectar as mudanças de nosso dia a dia a soluções para combater o Aquecimento Global. Então, que tal começar já e descobrir como você pode contribuir? Conheça aqui 10 sugestões:
1. Você sabia que a agropecuária é uma das maiores fontes de emissão de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil? Evite o desperdício de alimentos em sua casa com ações simples, como planejar as compras, não comprar em excesso e reaproveitar as sobras.
2. O lixo orgânico emite gás metano (gás de efeito estufa mais poderoso que o CO2) durante sua decomposição. Mais uma razão para aproveitar ao máximo os alimentos, incluindo talos, folhas e cascas.
3. Reduza o consumo de carnes vermelhas. Todo o processo de produção de carne emite muitos gases de efeito estufa (GEE) – por exemplo, o gado, em sua digestão, emite metano, que é um GEE. Repense sua alimentação: não é preciso cortar totalmente a carne, mas procure substitui-la, quando possível, por outras fontes de proteína, como grãos.
4. Conheça a origem do produto que você consome e divulgue a seus amigos e familiares os produtos que você identificar como sendo produzidos de forma mais sustentável, como produtos de limpeza e higiene, móveis e eletroeletrônicos.
5. A destruição das matas nativas é uma das maiores fontes de emissão de GEE no Brasil. E a maior parte de toda madeira extraída ilegalmente é vendida no próprio mercado brasileiro. Compre apenas produtos e materiais de construção feitos com madeira certificada: aqueles que têm o selo FSC, ou o de madeira de reflorestamento.
6. Consuma produtos produzidos localmente, evitando emissões de gases poluentes com o seu transporte.
7. Evite o uso do transporte privado individual sempre que possível. Prefira o transporte público, a bicicleta ou uma caminhada, pelo menos em alguns trechos. E se realmente precisar sair de carro, use álcool ao invés de gasolina. Outra dica é compartilhar caronas.
8. Economize energia elétrica, principalmente nos períodos secos, quando é necessário acionar as usinas termoelétricas, que emitem mais GEE.
9. Reflita antes de fazer uma compra: você precisa mesmo disso? A fabricação dos produtos envolve extração e processamento de matéria-prima, uso de água e de energia na produção, além do gasto de combustível no transporte da mercadoria. Todos esses processos causam a emissão de GEE.
10. Destine para a reciclagem materiais como papel, vidro, plástico e alumínio, que poderão ser reutilizados como matéria-prima de novos produtos.
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