Para os mais de 56 milhões de pneus vendidos no Brasil em 2005, somente 27 milhões foram destruídos, conforme dados da ANIP, associação que representa as empresas do setor de pneumáticos, e do Ibama. No sentido de amenizar os impactos à natureza, o governo federal determinou que os fabricantes e importadores do produto devam dar um fim ambientalmente correto a cinco pneus para cada quatro vendidos. No entanto, de acordo com as indústrias de pneumáticos, é difícil de coletar a quantidade suficiente de pneus. O restante necessário para cumprir a meta determinada pelo governo é jogado irregularmente na natureza ou está dentro dos domicílios, dificultando muito sua coleta. Com isso, as empresas pagam multas pesadas pela quantidade de pneus que deixam de coletar.
Além dos gastos das empresas com as multas, que acabam sendo compensados no preço final do produto (ou seja, o próprio consumidor paga por isso), quando descartado de forma inadequada, o pneu também gera gastos públicos. O governo é obrigado a empregar mais verbas em saúde pública e saneamento básico, por conseqüência dos problemas que o pneu pode causar como, por exemplo, a proliferação de vetores. Os gastos do governo são pagos por toda a população, por meio dos impostos.
O consumidor consciente pode ajudar a minimizar os impactos ao meio ambiente e os gastos das empresas e do governo descartando o produto de maneira correta. Vilien Soares, diretor-geral da Associação Nacional das Indústrias de Pneumáticos (Anip), recomenda que, quando o pneu não estiver em condições seguras de uso, o proprietário deve procurar uma loja, revendedor ou algum posto de coleta (são centenas espalhados pelo Brasil). Lá, eles se encarregam de dar um destino correto ao produto. A própria Anip possui seus centros de recepção de pneus velhos, os chamados Ecopontos, em parceria com quase 200 cidades brasileiras. Veja as cidades e os telefones dos Ecopontos neste link, na página da Anip. Desde que foram implementados, em 2002, os Ecopontos já encaminharam 125 milhões de pneus, o que corresponde a 600 mil toneladas de resíduo.
Porém, ainda antes do descarte, o consumidor consciente tem alternativas para prolongar a vida dos pneus, cooperando para minimizar a produção de resíduos. De acordo com Marcio Freitas, diretor de Qualidade Ambiental do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o consumidor pode fazer a manutenção da parte mecânica do carro e tomar alguns cuidados como calibragem e rodízio. A recauchutagem é uma opção, já que proporciona uma sobrevida ao produto e consome menos petróleo e energia do que a fabricação de um pneu novo.
Racionalizar o uso do carro também é uma boa alternativa para o meio ambiente, não só para evitar o gasto do pneu, mas também para evitar a emissão de gases poluentes gerados pela queima de combustível.
Descarte incorreto
De acordo com Freitas, o pneu tem um tempo de decomposição ainda desconhecido. Mas, “seguramente”, segundo ele, o primeiro pneu inventado, em 1845, ainda não teve tempo para ser degradado por completo. Assim como o isopor, o pneu ocupa grande espaço em lixões e pode servir de criadouro para insetos transmissores de doenças, especialmente a dengue. Se jogado em rios, pode obstruir a passagem da água e facilitar o risco de enchentes.
De acordo com o professor titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Jorge Tenório, a produção do pneu envolve uso de petróleo – recurso natural não-renovável e cada vez mais escasso -, borracha natural extraída do látex, aço e lona. Quando queimado a céu aberto, o produto libera na atmosfera uma grande quantidade de gás carbônico e monóxido de carbono (principais responsáveis pelo aquecimento global), além de óxidos de enxofre e nitrogênio, metais pesados, material particulado, dioxinas e furanos. A maioria dessas substâncias é tóxica e pode causar a morte, quando inaladas em excesso.
Conforme Freitas, atualmente, os usos liberados pelos órgãos ambientais para o pneu são como combustível em fornos de cimento, celulose e cal; laminação e picotagem para fabricação de asfalto e co-processamento com xisto, processo que permite a utilização do material resultante na agricultura e indústria farmacêutica sem prejuízos ao meio ambiente.
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