O planeta está esquentando e não existe plano B. Todos nós podemos e precisamos contribuir no combate à crise climática. Este é o chamado do Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas (16 de março), data criada em 2011 para chamar a atenção da sociedade brasileira sobre esse desafio cada vez mais urgente. Vamos agir pelo clima?
Por que a questão climática é tão importante?
As temperaturas da Terra estão aumentando a cada ano que passa, como consequência do aumento das emissões de gases de efeito estufa (GEE). Precisamos de esforços conjuntos — de governos, empresas e sociedade — para cumprirmos o compromisso do Acordo de Paris e limitarmos o aquecimento global a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais. Se nada ou muito pouco for feito, veremos o crescimento dos impactos negativos para o meio ambiente e para as pessoas.
Eventos climáticos extremos, como:
- Altas temperaturas
- Derretimento de geleiras e aumento do nível dos oceanos
- Tempestades severas
- Enchentes e deslizamentos de terras
- Aumento da seca e dos períodos de estiagem
- Aumento do volume e frequência de chuvas
Ameaçam diretamente a vida na Terra, causando:
- Desequilíbrio de ecossistemas e perda da biodiversidade
- Aumento de pestes, doenças e pandemias
- Destruição e perdas de safras e lavouras
- Aumento da fome e das desigualdades sociais
- Alagamento de cidades e comunidades em ilhas e à beira-mar
- Aumento dos custos de energia e acesso à água potável
No relatório de 2022, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) afirmou que para termos uma chance maior do que 50% de manter o aquecimento da Terra no limite de 1,5ºC é preciso que as emissões globais não aumentem nos próximos três anos e caiam 43% até 2030. Além disso, a crise climática pode causar prejuízos de US$ 7,9 trilhões à economia global até 2030, de acordo com o WRI Brasil.
A boa notícia é que existem soluções para lidar com a questão climática e que todos nós podemos contribuir para isso.
“O Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas é uma data importante para refletirmos sobre a urgência desse desafio. Governos, empresas e nós, consumidores, precisamos entender o nosso papel, mapear os caminhos possíveis e agir efetivamente para enfrentar essa crise”, afirma Beatriz Pacheco, diretora-geral do Akatu.
Como o Brasil está agindo pelo clima?
O Brasil está de volta ao debate climático internacional, disposto a reassumir seu papel de protagonista ambiental.
Depois de anos seguidos de negação do aquecimento global e de recordes ambientais negativos — cálculo do Observatório do Clima com dados do INPE indicam um aumento de 59,5% na taxa de desmatamento na Amazônia durante o governo de Jair Bolsonaro em relação aos quatro anos anteriores — , o novo governo assumiu o poder executivo tendo a questão climática como uma de suas prioridades.
O compromisso público da nova gestão é de desmatamento zero da Amazônia, proteção dos biomas e combate a atividades prejudiciais ao meio ambiente e ao clima, como garimpo, mineração, extração de madeira e ocupação agropecuária indevida.
São boas notícias:
- A recriação do Ministério do Meio Ambiente, que passa a se chamar Ministério do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas, trazendo a questão climática para o centro do poder executivo
- A criação da Autoridade Nacional de Segurança Climática, com a finalidade de executar e implementar uma Política Nacional sobre Mudança do Clima
- A criação do Ministério dos Povos Indígenas, com o objetivo de promover os direitos dos povos originários, guardiões dos biomas e da biodiversidade nacional
- A tramitação da PEC 37 no Congresso Nacional, que visa incluir a Segurança Climática como direito constitucional
- A participação propositiva do Brasil na última Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP) e a sinalização de trazer o evento para Belém, no Pará, em 2025
“O Brasil é um país importantíssimo nessa luta e o novo governo precisará mostrar na prática que a questão climática é uma prioridade por meio de políticas públicas, ações concretas e fiscalização efetiva, além de um diálogo permanente que estimule a sociedade social nesse debate”, comenta Beatriz Pacheco.
Como podemos agir?
Ainda que um único indivíduo tenha uma parcela menor de influência na questão climática em relação a um país ou a uma empresa, a soma das ações coletivas faz a diferença. Mudar padrões de consumo, particularmente entre os mais ricos, poderia reduzir as emissões de GEE de 40% a 70% até 2050 em comparação às políticas climáticas atuais, segundo o IPCC.
Como O CONSUMIDOR pode contribuir:
- Pratique os 5 Rs da Sustentabilidade: repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar são ações que evitam o desperdício de matérias-primas e recursos naturais, além de diminuir a geração de resíduos e a nossa pegada de carbono.
- Priorize produtos e marcas sustentáveis: dê preferência a empresas que ofereçam produtos feitos com materiais recicláveis, orgânicos, biodegradáveis e/ou produzidos de forma ética e sustentável, protegendo as pessoas e a natureza.
- Adote uma alimentação sustentável: os sistemas alimentares respondem por mais de 1/3 das emissões globais de CO2, segundo a FAO. Reduza o consumo de carne bovina, use alimentos de forma integral (incluindo cascas, sementes e talos), reaproveite sobras e priorize alimentos orgânicos.
- Evite desperdícios de água e energia elétrica: é bom para o bolso e para o planeta. Diminua o tempo do banho, regule o uso da torneira, desligue a luz ao sair de um cômodo e remova da tomada aparelhos fora de uso.
- Prefira meios de transporte mais limpos: o setor de transporte é responsável por 1/4 das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo a ONU. Por isso, evite o uso individual do carro e opte por transportes coletivos, como ônibus e metrô, ou vá de bike ou a pé nos trechos mais curtos.
As empresas, por sua vez, possuem grande responsabilidade e um grande poder de impacto no desafio de reduzir as emissões. Porém, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), feita com 104 conselheiros de empresas, aponta que há muito a ser feito: para 40,4% dos respondentes, não há clareza sobre a responsabilidade do conselho e da equipe executiva pelas decisões de redução de emissões de GEE.
Como AS EMPRESAS podem contribuir:
- Viabilizando o consumo consciente: a partir da oferta de produtos mais sustentáveis, feitos com matérias-primas recicladas, orgânicas, sem substâncias nocivas ao meio ambiente, com menos embalagens e que priorizem a durabilidade.
- Investindo em eficiência energética: ao adotar fontes de energia limpas, como a solar, e implementar práticas de eficiência energética, é possível reduzir consideravelmente as emissões de gases de efeito estufa.
- Com gestão adequada de resíduos: investir em programas de coleta e reaproveitamento de embalagens ou produtos usados, além de tratamento de água e resíduos industriais são soluções que reduzem impactos no meio ambiente.
- Com cadeias de valor sustentáveis: priorizando e desenvolvendo parceiros que compartilham das mesmas práticas sustentáveis e mais eficientes, possibilitando um menor impacto/emissão ao longo de toda a cadeia, desde o seu início.
- Com responsabilidade empresarial e transparência: compromissos como responsabilidade socioambiental e a transparência na divulgação de atributos de sustentabilidade de produtos e ações em ESG são fundamentais, principalmente para auxiliar a escolha do consumidor.
Para saber mais sobre consumo consciente e crise climática, acesse o guia Primeiros Passos.