“O lixo, para mim, tem mais valor do que ouro” afirma o reciclador Domingos Pereira, de 50 anos. Pereira deixou os garimpos no Pará e encontrou na reciclagem uma oportunidade de impactar da melhor forma o ambiente ao seu redor.
“Antigamente, eu poluía os rios com os resíduos da mineração, mas hoje eu sei que meu trabalho evita enchentes. Além de retirar centenas de quilos de PET das ruas, busco conscientizar as pessoas sobre a importância da coleta para o meio ambiente”, complementa Pereira. Em seis anos, ele passou de faxineiro a presidente da CooperLeste, cooperativa que é uma das 200 beneficiadas pelo programa Reciclar pelo Brasil, uma ação de grandes empresas do setor de alimentos e bebidas, entre elas, a Coca-Cola Brasil. O projeto busca desenvolver a cadeia de reciclagem do país.
Este apoio foi fundamental para suprir a demanda por equipamentos. Com novas máquinas, foi possível aumentar a produção em cerca de 40%, abrir novas vagas e até melhorar a remuneração de todos. A iniciativa também impacta no aumento do potencial da cooperativa, que desempenha um papel de inclusão social ao receber pessoas com dificuldade de conseguir emprego. “Principalmente as com mais de 50 anos ou ex-presidiários. Aqui, aceitamos todo mundo”, diz Pereira.
Vale ressaltar que, no Brasil, em 2017, a geração total de resíduos sólidos urbanos (RSU) foi de 214 mil ton/dia, equivalente a 78 milhões ton/ano (Abrelpe). Quanto à coleta seletiva, 70,4% dos municípios brasileiros contam com alguma iniciativa, sendo que a região Sul é a que possui o maior percentual de seus municípios envolvidos nessas iniciativas (Abrelpe).
Contudo, segundo a Recicla Sampa, de um potencial de 40% de reciclagem de resíduos, São Paulo recicla atualmente apenas 7%.