A produção de roupas e itens de moda tem um forte impacto na sociedade e no meio ambiente. Para fazer valer todo esse investimento de trabalho e recursos, é preciso que cada peça seja usada ao máximo. Alguns cuidados simples no dia a dia podem ajudar a preservar as peças, inclusive na lavagem e secagem. Para Nelson da Silva, professor do Núcleo de Design do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, o cuidado com a peça é um fator determinante para a durabilidade do produto.
O professor destaca que seguir as orientações apresentadas na etiqueta das peças é essencial para mantê-las conservadas. Ele explica que existem quatro tipos de tecidos: naturais (lã, linho, algodão, por exemplo), sintéticos (poliéster), artificiais (viscose) e “não tecidos”, popularmente conhecidos como TNT (feltro). “Cada um deles requer cuidados especiais e respeitar a individualidade de cada um é o que determina a sua durabilidade”, disse.
Na etiqueta deve haver instruções de cuidados ao lavar, secar e passar cada roupa. “Toda peça vem com uma etiqueta com símbolos que a maioria das pessoas acaba ignorando”, diz Nelson. Ao levar uma roupa à lavanderia, é importante conversar com os funcionários do local para que obedeçam às instruções, recomenda o professor.
Veja a seguir as recomendações de Nelson da Silva para lavar, secar e passar suas roupas de modo a conservá-las por mais tempo.
LAVAR
• As máquinas de lavar mais modernas têm a vantagem de apresentar regulagens de temperatura e de quantidade de água. Tecidos de fibras sintéticas ou de fibras mistas devem ser lavados com água fria, para evitar que a fibra seja impactada pelo calor e que a peça encolha.
• Peças mais delicadas, como malhas de cashmere, camisas de seda ou peças de lã e tricô requerem um cuidado maior e, portanto, a lavagem a mão é o ideal. Recomenda-se o uso de sabão em barra como o de coco ou de outros compostos suaves e naturais. Esse tipo de lavagem não agride tanto a fibra e a coloração da peça quanto na máquina.
• Para itens brancos que ficaram amarelados o uso de alvejante pode ser recomendado para trazer a tonalidade original de volta. Utilize este tipo de produto com moderação e não deixe agir por mais de uma hora. Por ser um produto químico, o seu uso frequente pode prejudicar a peça. Para potencializar a sua ação, deixe a peça exposta ao sol enquanto o alvejante age, já que o efeito da luz ajuda ainda mais no clareamento .
• Prefira o sabão líquido ao sabão em pó na máquina de lavar. O sabão líquido dilui melhor em contato com a água, enquanto o sabão em pó cria resíduos. Essa “massa” pode prejudicar o funcionamento da máquina e, posteriormente, sujar as roupas que são lavadas nela.
• No caso do couro, seja ele animal ou sintético, a lavagem deve ser feita a seco ou com produtos exclusivos para este fim. Não se deve usar água, pois ela acaba ressecando o couro.
• Peças mais escuras também podem ser lavadas a seco para evitar que a água desbote a coloração da roupa. – a intensidade desse clareamento depende também do tipo de tecido e de tingimento da peça.
SECAR
• O clima tropical brasileiro favorece a secagem natural das roupas. O vento e a luz do dia, seja no sol ou na sombra, são melhores para suas peças do que a ação de uma máquina secadora, que, além de gastar energia elétrica, pode estragar peças mais delicadas e encolher tecidos de fibra sintética quando expostos à alta temperatura.
• Peças coloridas devem secar na sombra, pois estampas e cores perdem sua coloração original mais rápido quando expostas ao sol.
• Roupas de fibra natural ou mista, como a mistura de algodão e poliéster, requerem mais cuidado na hora de secar. A alta temperatura de uma secadora, por exemplo, encolherá a peça.
• Deve-se ter cuidado na hora de secar uma roupa durante o inverno ou em períodos chuvosos, em que as horas com luz do sol são reduzidas. É comum que a peça permaneça úmida por mais tempo, e isso pode causar mau cheiro pela proliferação de bactérias. Quando o clima estiver assim, busque estender a roupa em locais mais arejados, com poucas peças de cada vez. Os modelos mais recentes de secadora apresentam opções de desodorização ou esterilização. Esses processos duram em média 15 minutos na máquina e tiram o mau cheiro pelo banho de calor.
• Na hora de pendurar blusas de tricô, linha e crochê para secar, tome cuidado para que elas não deformem. Em geral, elas tendem a esticar quando colocadas na vertical no varal e isso faz com que o peso da água escorra e coloque as linhas para baixo. O ideal é deixá-las secar na horizontal, estendidas e deitadas.
• Para secar calça jeans, por exemplo, abotoe a peça, coloque-a no varal e prenda as duas partes das pernas juntas. Caso contrário, é comum que a parte que ficaria caída crie uma “canaleta” no tecido e fique um a marca em formato de V.
• Secar as roupas no cabide pode ser mais prático porque elas ficam menos amassadas. Mas os especialistas não recomendam essa prática em nenhum caso, pois deforma a modelagem da peça.
PASSAR
• Investir em um bom ferro de passar a vapor é a chave para preservar suas roupas. A água umedece a fibra e ela não é tão impactada pela alta temperatura. Além disso, o vapor preserva e engoma melhor o tecido, além de amaciá-lo.
• Regular a temperatura do ferro para cada tipo de tecido também é essencial. Cada tecido é sensível a uma temperatura. O problema dos ferros muito antigos é a falta de variação da temperatura.
• Nem todo o tecido pode ser passado. Determinados tecidos (especialmente os sintéticos e os artificiais), se estendidos corretamente, já secam e ficam prontos para usar. Meias, por exemplo, não devem ser passadas. Executar essa tarefa sem necessidade é um desperdício de energia elétrica e de tempo.