Você costuma dar vida longa às suas roupas? Usa sempre tudo o que compra? Ou várias peças ficam penduradas meses no guarda-roupa sem utilização? Comprá-las em excesso é puro desperdício. Todas as roupas têm um impacto no meio ambiente, pois a produção têxtil requer uso do solo no cultivo de algodão, água, energia elétrica, além de tratamentos químicos nocivos, sem contar o trabalho humano em si e os gastos de logística. Hoje já consumimos e descartamos 50% mais recursos naturais renováveis do que o planeta é capaz de regenerar e absorver. Por isso, é importante haver uma produção mais responsável e um consumo mais consciente.
Algumas iniciativas de consumo consciente de vestuário surgiram recentemente no Brasil e estão começando a mudar os padrões de consumo dos brasileiros. Uma delas é a Blimo – Biblioteca de Moda, uma loja paulistana da Vila Madalena que usa o conceito de compartilhamento de roupas. A ideia não é vender, mas alugar peças por meio de uma assinatura mensal no valor de R$ 130. O acesso ao acervo é praticamente ilimitado. Estão disponíveis grifes como Cantão, Carmim, Farm, Missinclof, Gucci e Versace. Apenas bolsas, sapatos e acessórios não entram na assinatura e, nesses casos, o aluguel é cobrado à parte. Essa ideia de compartilhar produtos faz com que seja possível expandir ao máximo a capacidade de seu uso. Assim é possível aproveitar aquela roupa que está ociosa, atendendo a necessidade de mais pessoas e evitando a extração desnecessária de recursos naturais para a produção de novos itens.
Outra loja que usa o mesmo conceito é a Roupateca, em Pinheiros, também na capital paulista. As clientes podem fazer assinaturas mensais alugando roupas de estilistas como Adriana Barra, Cris Barros, Flavia Aranha, Insecta e Gilda Midani. Por R$100, R$200 ou R$300 por mês, é possível levar 1, 3 ou 6 peças para casa por vez (incluindo também sapatos e acessórios). A consumidora pode ficar até 10 dias com as roupas e, em caso de perdas ou danos irreparáveis, é exigido o pagamento do valor total da peça. As proprietárias já pensam em ampliar o acervo para roupas masculinas também.
Quer mais uma opção? Tem o My Open Closet, no bairro de Higienópolis, também em São Paulo. Seu sistema é um pouco diferente das outras duas lojas, pois não há assinatura e nem estoque próprio. É uma rede amigas que compartilham vestidos de diversas marcas, tamanhos e modelos em um site. Qualquer pessoa pode se inscrever e ganhar um dinheirinho com o aluguel da sua peça ou escolher a roupa que quer usar em uma festa. O custo varia de R$ 180 a R$ 1.200. O Armário Compartilhado, também é especializado em vestidos. Por enquanto, o serviço está disponível apenas em Belo Horizonte (MG), onde há um showroom, local em que as peças ficam expostas. O consumidor faz a reserva online e retira no endereço da empresa. O preço do aluguel é determinado pela loja e, a cada locação, um porcentual do valor é destinado à proprietária da roupa. Se o vestido voltar com algum dano, o usuário terá de pagar uma taxa extra.
Ao invés de alugar, troque!
“A gente não precisa de roupas novas. A gente precisa de um novo olhar. Transforme sua relação com o que veste”. Este é o slogan do coletivo Roupa Livre, movimento que conecta mais de 4 mil pessoas interessadas em trocar roupas e usá-las de forma consciente. O movimento criou o Mapa da Mina, um espaço colaborativo e aberto que reúne dicas como locais para doar vestuário, costureiras que fazem ajustes e reformas, marcas e estilistas conscientes, brechós e outras iniciativas sustentáveis. Agora o próximo passo é lançar um aplicativo para troca de roupas, que teve o apoio financeiro por meio de uma campanha de crowdfunding no ano passado.
Mais uma proposta bacana nessa área é o Projeto Gaveta. Surgiu em 2013 com o objetivo de estimular as pessoas a trocarem roupas entre si. Desde então já foram 4 edições, 600 participantes e mais de 22 mil peças circuladas! Nos eventos, cada pessoa pode levar até 30 peças, que passarão por uma avaliação da equipe organizadora. Cada item selecionado ganha um crédito de Moedas Gavetas, que poderão ser usadas para adquirir outras roupas da feira de troca. A equipe também organizou, o ano passado, o Gaveta na Rua, no Minhocão, em São Paulo, voltado para moradores de rua e pessoas de baixa renda. Com o apoio do SP Invisível e do The Street Store, foi montada uma espécie de loja de roupas, só que apenas para doação. A ideia foi permitir que cada um tivesse a oportunidade não só de receber a doação, mas também de escolher as peças nas araras, resgatando seu estilo próprio e sua autoestima e confiança.
Crianças também trocam roupas usadas
Duas lojas online se especializaram em compra e venda de roupas e calçados usados infantis. Uma delas é a Retroca. As roupinhas do bebê não servem mais? Basta solicitar à loja uma sacola para despachar esses itens. A equipe do site faz a inspeção dessas peças e realiza o pagamento de todas elas, conforme uma tabela de preços enviada antecipadamente. Já, para quem quiser comprar roupas infantis, há vários produtos em bom estado de marcas inclusive importadas como Baby Gap e Ralph Lauren. Os preços podem chegar ter até 70% de desconto com relação ao valor das mesmas peças novas.
Outro exemplo é a Ficou Pequeno. Funciona como uma plataforma virtual, onde cada pessoa pode criar sua própria lojinha virtual para divulgar seus produtos que quer vender. As peças devem ser novas ou seminovas. O portal oferece os meios de pagamento ao comprador e faz a intermediação financeira. Depois que ela é confirmada, o site repassa o pagamento para a conta bancária do dono da lojinha, com um desconto de 20% que se refere à uma comissão, parte em que o site ganha por oferecer a plataforma. Detalhe: a entrega do produto é sempre de responsabilidade do vendedor.
Gostou das dicas? Que tal rever seu conceito de moda e começar a se vestir de forma mas consciente e sustentável?
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