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25.08.17 às 10:10

Reciclar é bom, mas reduzir o volume de resíduos é ainda melhor

No Dia da Limpeza Urbana, o Instituto Akatu fala da importância de diminuirmos o volume do “lixo” que produzimos nas cidades

Imagine uma estrada que percorresse os mais de 7,4 mil quilômetros do litoral brasileiro. Se todo o lixo urbano descartado em um único dia no país fosse espalhado por uma pista nessa extensão, se teria um “tapete de resíduos” com altura de 3,5 centímetros. Em apenas um mês, haveria um muro de lixo com pouco mais de um metro de altura. E, ao acumular todos os resíduos por um ano, somando 79,9 milhões de toneladas*, o acesso às nossas praias seria bloqueado por uma enorme muralha mal cheirosa da largura de uma pista (3,6 metros), com quase 13 metros de altura!

Essas imagens impressionam especialmente porque o ato de descartar um resíduo é quase automático, acontece no nosso cotidiano sem que nos demos conta. Diariamente, repetimos várias vezes o gesto de “jogar o fora lixo”. Em casa, no trabalho, na rua, desprezamos restos de alimentos, embalagens, equipamentos quebrados, entre outros resíduos que não queremos ter por perto, dos quais queremos nos livrar.

Mas, o fato é que, quando nos “livramos” desse lixo, ele não deixa de existir. Ele terá que ser recolhido, destinado, tratado e, se for possível, ao menos parte dele, reciclado. Agora, imagine o que é fazer isso com aquela muralha de 13 metros de altura ao longo do litoral brasileiro. E quem paga essa conta? Quem paga são os cidadãos, isto é, todos nós, visto que o custo será repassado à população na forma de impostos, parte dos quais  serão usados (ou pelo menos deveriam ser usados) para pagar os serviços de limpeza pública urbana.

Nossa sociedade consome e gera mais resíduos a cada dia: mesmo com a crise econômica no país, houve um crescimento de 1,7% no volume de resíduos entre 2014 e 2015, um percentual maior do que o 0,8% de crescimento da população brasileira no mesmo período.

Como cada brasileiro produz mais de 1 quilo de lixo/resíduos por dia – segundo dado da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe)* – ao se considerar uma família de quatro pessoas, que mantenha essa produção diária ao longo da vida de todos os membros da família, somente essa família ocuparia quatro apartamentos de 50 m2 lotados até o teto somente com os seus resíduos. Segundo essa mesma lógica, cinco famílias precisariam de um prédio de dez andares somente para “guardar” os seus resíduos.

Por isso, mais do que saber separar e destinar corretamente os resíduos, é preciso se preocupar em reduzir o volume do que chamamos de “lixo”. Reciclar é importante, pois reaproveita as matérias primas, economizando energia e água no processo, mas não basta. É essencial lembrar da importância de reduzir o volume de resíduos descartados. Uma maneira de expressar essa orientação é que “o melhor resíduo é aquele que não é gerado”.

Assim, diminuir a quantidade de resíduos que produzimos é essencial e começa antes mesmo da hora da compra. Veja a seguir as nossas dicas práticas para conseguir fazer essa redução:

– Mais da metade dos resíduos domiciliares no Brasil (51,4%, segundo a Abrelpe) são de material orgânico, composto basicamente de alimentos desprezados. Para evitar esse desperdício de alimentos, o primeiro passo é planejar o cardápio semanal: antes de ir ao mercado ou à feira, verifique o armário e a geladeira e faça uma lista de compras com base do que é realmente necessário para cumprir o planejado no cardápio.

Inclua sementes, cascas, talos e folhas nas receitas. São partes dos alimentos que costumam ser desprezadas, mas que contém grande quantidade de nutrientes, por vezes mais do que a parte do alimento que é usada. Dá para fazer bolos, pudins, sucos, pães, molhos e geleias com o uso integral dos alimentos.

– Faça a compostagem de resíduos orgânicos (resto de alimentos e folhas, por exemplol) permite transformar esse material, que iria se acumular nos aterros, em adubo, útil para jardinagem e agricultura.

– Preste atenção à embalagem do produto: algumas delas atendem à necessidade de conservação do produto e trazem informações importantes, mas em muitos casos são excessivas. Já pensou em comprar alguns produtos a granel e armazená-los em recipientes reutilizáveis ou em potes em casa?

– Ao passar pelo caixa para pagamento, pense se você realmente precisa aceitar uma sacola ou uma embalagem a mais. Muitas vezes, elas são entregues automaticamente aos consumidores sem necessidade e são usadas somente uma vez!

– Dê preferência a produtos duráveis e evite os descartáveis: quanto mais tempo um objeto puder ser aproveitado, melhor, pois mais tempo levará para ser descartado, reduzindo desta forma os resíduos gerados.

– Proporcione uma vida longa aos produtos que você compra: cuide bem do produto e pense em formas de consertar aquilo que quebrou ou estragou.

– Reflita antes de fazer uma compra:  pense se você realmente precisa comprar ou se está sendo levado por um impulso do momento. Veja se você já não tem o suficiente e se você pode, em vez de comprar, fazer uma troca, reutilizar ou pegar emprestado.

*Todos os cálculos feitos com base nos dados contidos no relatório da Abrelpe denominado “Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2015  (http://www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2015.pdf)

BAIXE A TABELA DE SEPARAÇÃO DE RESÍDUOS PARA A RECICLAGEM

Consulte o eCycle para saber onde descartar, reciclar ou fazer a doação dos seus resíduos

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