Os resultados da pesquisa Análise de Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, divulgada em julho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que adotar uma dieta saudável parece mais difícil àqueles que trabalham ou passam a maior parte do dia fora de casa.
O problema é que, na prática, as recomendações médicas soam impossíveis de serem aplicadas no cotidiano das grandes cidades. É necessário, portanto, ter consciência no consumo ao escolher se alimentar em restaurantes por quilo ou com pratos feitos. Segundo o IBGE, 40% da população faz as principais refeições fora de casa.
“São conveniências que a vida moderna nas grandes cidades impõem. A maioria tem acesso mais rápido e fácil ao prato de comida pronta, mas também come mais rápido e tem cada vez menos tempo de preparar suas próprias refeições”, explica o médico endocrinologista Márcio Mancini, chefe do grupo de obesidade da divisão de endocrinologia do Hospital das Clínicas, em São Paulo. “Por isso, a alimentação tende a piorar cada vez mais, e a obesidade também, já que, em paralelo a tudo isso, falta a prática de exercícios físicos regulares”, completa o médico.
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O também médico endocrinologista Bruno Geloneze, coordenador do laboratório de metabolismo e diabetes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), vai mais longe e relaciona a mudança nos padrões alimentares à falta do planejamento urbano, o que leva ao consumo excessivo de produtos industrializados.
“As pessoas passam tempo demais fora de casa, não necessariamente produzindo, mas enfrentando o trânsito, por exemplo, problema que poderia ser resolvido com um planejamento urbano eficaz. Esse, talvez seja o tempo precioso perdido que poderia ser usado para um bom planejamento alimentar”, explica Geloneze. “Por outro lado, é bem mais fácil e prático comprar alimentos obesogênicos (processados e com alta densidade de calorias) do que comidas saudáveis e alimentos não processados industrialmente.”
Por isso, Geloneze defende a sobretaxação dos alimentos gordurosos e subsídios aos saudáveis. Ele também é favorável à restrição à publicidade de comidas obesogênicas. Segundo ele, política semelhante foi aplicada ao tabagismo, com bons resultados.
Geloneze também aponta a dificuldade para caminhar nas grandes cidades brasileiras, que privilegiam os deslocamentos por automóveis; a violência, que faz com que muitos evitem sair à rua; as inovações como o telefone celular, televisão e videogames e a crescente falta de atividades físicas como as causas dos elevados índices de sedentarismo e que potencializam o principal problema causado pela má alimentação – a obesidade.
Veja abaixo algumas dicas para ser um consumidor mais consciente ao se alimentar de forma mais adequada quando for comer fora de casa:
– Prefira líquidos não calóricos, como suco de maracujá, acerola, melão ou água de coco. O suco de laranja deve ser diluído em água. “É um erro achar que o suco de laranja não é calórico. Ele tem tantas calorias quanto um refrigerante, só que muito mais nutritivo”, diz Mancini;
– Dê preferência a alimentos em seu estado natural, como saladas e verduras, e com a mínima quantidade possível de óleo e sal;
– Tente montar sempre um prato colorido, com pequenas porções e muita variedade. “Uma refeição colorida é uma forma prática de fazer refeições saudáveis e de manter a saúde em dia. Quanto maior a diversidade de cores no prato, mais variedade de nutrientes”, diz o médico;
– Não se acomode ao conseguir bons resultados (melhor disposição física e perda de peso) e cuide sempre da alimentação;
Mancini recomenda que, sempre que possível, o consumidor deve fazer as refeições em casa. “Uma alimentação preparada em casa sempre tem menos calorias e gorduras que a industrializada”, afirma o médico. “Não dá para fugir totalmente dos produtos industrializados, mas é possível escolher o que é mais saudável”, recomenda.
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