Vivemos tempos excepcionais, em que um vírus nos isola dentro de casa e nos leva a (re)posicionar a saúde para o topo de nossas prioridades. Mais do que nunca, devemos considerar o dia de hoje, Dia Mundial da Saúde, como mais uma oportunidade para refletir sobre a forma com que cuidamos de nós mesmos e dos outros e a maneira com que nossa sociedade tem — ou não — valorizado a ciência, um dos principais caminhos para alcançar o bem-estar de todos.
Há quase duas décadas, nós, do Instituto Akatu, desenvolvemos pesquisas sobre o comportamento do consumidor que evidenciam, em todas elas, uma preocupação com a própria saúde e a da família, assim como um interesse crescente por estilos de vida mais saudáveis e sustentáveis.
Dados de 2019, da pesquisa Vida Saudável e Sustentável, que realizamos em parceria com a GlobeScan, mostram que 49% dos brasileiros estão tentando melhorar sua saúde e seu bem-estar. E fazem isso investindo, principalmente, em exercícios e comida mais saudável, como indicam os 31% dos respondentes que afirmam comprar produtos naturais e orgânicos.
A partir de escolhas de consumo mais conscientes, é possível cuidar melhor de si, do próximo e da sociedade em geral. E fazer escolhas que tenham o melhor impacto possível enquanto enfrentamos uma pandemia é ainda mais importante. Até agora, o isolamento social revela-se como única estratégia comprovadamente eficiente para combater o alastramento do coronavírus, o que requer de cada um a manutenção de corpo e mente sãos.
Por isso, o primeiro ponto é não deixar de lado a preocupação com a alimentação saudável. Tomar sol e praticar exercícios físicos, ainda que dentro de casa, fazem uma diferença grande para a saúde. Vale investir também em atividades que proporcionam prazer e descobrir outras que se pode gostar, como cozinhar, meditar e fazer trabalhos manuais.
Também é importante se lembrar que para alcançar o bem-estar é preciso um melhor equilíbrio do tempo, entre trabalho, desenvolvimento espiritual, ócio, educação e relações afetivas —aqui, a tecnologia é a nossa grande aliada para aproximar quando se está longe fisicamente.
A relação intrínseca entre saúde e ciência
Quando falamos sobre uma sociedade do bem-estar, em que todos têm o suficiente para sempre, é fundamental a presença e a constante atuação da ciência. Os extraordinários progressos científicos já trouxeram avanços fundamentais para o cuidado com a nossa saúde e a melhoria da nossa qualidade de vida.
Por meio da ciência desenvolvemos vacinas, descobrimos tratamentos para doenças, mapeamos DNAs e criamos remédios — para os mais curiosos, há uma lista incrível no livro dos autores Meyer Friedman e Gerald W. Friedland, As Dez Maiores Descobertas da Medicina . Soluções aparentemente tão óbvias para nós, hoje, mas que exigiram pesquisas e testes ao longo de vários anos.
Mais recentemente, é justamente a ciência que tem guiado o trabalho de profissionais da saúde no combate ao coronavírus. Cientistas brasileiros conseguiram sequenciar o genoma do vírus; pesquisadores australianos descobriram células do nosso sistema imunológico que podem combatê-lo; cientistas do mundo todo alertam para a necessidade de testar incansavelmente a população para um melhor controle da pandemia; e pesquisadores de várias origens trabalham juntos no desenvolvimento de vacinas contra a COVID-19.
Apesar do vasto histórico de conquistas e da importante atuação neste momento de crise, ainda há quem conteste a ciência — a começar pelo nosso próprio Presidente da República. A pesquisa Gallup World Poll, de 2018, afirma que quase dois terços da população brasileira confia na ciência: 64,2%. No entanto, quando se fala na relação entre a ciência e o benefício das pessoas o percentual é menor: só 38,2% diz perceber tal ligação.
Para que seja possível trilhar um caminho rumo à sociedade do bem-estar, é preciso defender o papel fundamental da ciência para a manutenção da vida no planeta. É preciso, ainda, contribuir para a formação de uma nova consciência, em que se valorize a busca por informações cientificamente comprovadas e oriundas de fontes confiáveis. Só assim poderemos atravessar crises como a atual e ao mesmo tempo evoluir como sociedade.