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30.09.14 às 14:53

Oito metas para reverter a degradação marinha nos próximos cinco anos

Conheça as propostas da Global Ocean Commission para acabar com a destruição dos fundos marinhos, a poluição e a pesca predatória
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Crédito: Creative commons / thundafunda.com

 

Comentário Akatu: Há uma evidente relação de interdependência ao longo da história entre a ação humana e o impacto sobre os ecossistemas marinhos, como mostra a reportagem abaixo. Os consumidores podem colaborar e ser parte da solução desse problema, por meio de mudanças em suas práticas cotidianas. O primeiro passo é bem simples: não jogar lixo nas praias e reduzir a produção de resíduos, independente se é morador da região ou turista. Como cidadãos, todos podem pressionar as empresas para produzirem de forma mais limpa, evitando a poluição não só dos mares, mas também de rios e lagos. Este novo comportamento e esta nova consciência são primordiais para reduzir a poluição marinha e suas consequências ruins para nós. Outra forma de contribuir é adotar o turismo sustentável.

 

O planeta Terra tem cerca de três quartos de sua superfície coberta por água e, apesar disso, esse é um dos recursos mais maltratados e o que causa maior preocupação em relação ao futuro. Por isso, com o objetivo de acabar com a destruição dos fundos marinhos, a poluição e a pesca predatória, foi criada em fevereiro de 2013 a Global Ocean Commission, organização composta por uma equipe multinacional de renomados representantes políticos e empresários.

Com o apoio da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), da ONU, a comissão busca restaurar a produtividade dos oceanos a partir de uma gestão de recursos, pois, por conta da ausência de uma governança adequada, alguns continentes acabam abusando da liberdade e, constantemente, saqueiam as riquezas marítimas desprotegidas. Ao pensar nisso, a comissão pretende aumentar a regulamentação na utilização deste recurso já que cerca de 64% da área ocupada pelos oceanos é alto mar, ou seja, não tem jurisdição de qualquer país.

“Nossas propostas são prioridades deste momento para evitar a destruição da fauna e da flora. Aos poucos muitas espécies estão sendo extintas, os corais estão desaparecendo, a pesca predatória por arrastão, que acaba levando toda vida marinha grudada no fundo do mar, está aumentando grandemente, entre outras coisas”, explica Luiz Fernando Furlan, ex-ministro do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e atual Comissário Brasileiro da Global Ocean Commission.

Para que os danos causados no ecossistema marinho sejam reversíveis é necessário que as mudanças ocorram em até cinco anos. Tal recomendação afeta principalmente países como os Estados Unidos, a União Europeia, a China e o Japão.

“O aquecimento dos mares vai destruir países inteiros. Alguns vão acabar completamente cobertos de água e vão desaparecer. Muitos podem não se dar conta, mas há grandes chances da orla de Copacabana desaparecer com todos esses efeitos que os cientistas estão prevendo por conta do aumento do nível do mar. Por isso, quanto mais gente apoiar a causa da comissão, mais fácil será que as Nações Unidas se movam e convençam seus países associados a aderir também”, diz o comissário.

Pesca ilegal
A Global Ocean Commission, composta por 17 representantes que são ex-chefes de Estado, Governo, ministros e líderes empresariais proeminentes, passou cerca de 18 meses investigando o declínio dos oceanos para criar o relatório Do declínio à recuperação: um plano de salvação para os oceanos do mundo, em que especificam oito objetivos e propostas para restaurar e proteger os mares.

Entre os principais passos, estão em destaque a pesca ilegal (que tem impactos ecológicos, econômicos e sociais) e, claro, a contaminação, que fazem com que todos os países sejam afetados, em especial os em desenvolvimento que, muitas vezes, dependem dos oceanos para segurança alimenta”

Coisa muito distante”
“Cerca de 60% destas subvenções fomentam práticas insustentáveis e sem elas a indústria pesqueira em alto-mar não é financeiramente viável”, especifica o relatório. Além disso, a conservação da fauna marinha também ajuda a amenizar os efeitos do aquecimento global, já que os peixes e outras formas de vida aquática em alto mar absorvem o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, o suficiente para poupar mais de US$200 bilhões em danos climáticos anuais.

“Quando nos damos conta do aquecimento global e da acidificação das águas do oceano, e que isso tudo vai mudar a vida das gerações futuras, é preciso pensar em soluções para reverter esse quadro, pois em algumas regiões do mundo a vida da pessoa já está completamente diferente por conta dessas mudanças. Há lugares na China onde as pessoas andam de máscara nas ruas por conta do ar poluído. Para nós, brasileiros, isso tudo parece uma coisa muito distante, pois vemos apenas o rio Tietê, o rio Pinheiros, a lagoa Rodrigo de Freitas, a sujeira da Baía de Guanabara para as Olimpíadas, mas isso é apenas aquilo que os olhos podem ver. A comissão procura ver além, olhar tudo que está acontecendo fora de nossas vistas para sensibilizar as pessoas a evitar que o pior aconteça”, esclarece Dr. Furlan.

Confira abaixo as propostas da Global Ocean Commission para a melhoria dos oceanos:

– Proposta 1: Por meio de uma meta de desenvolvimento sustentável a Global Ocean Commission quer reduzir a perda da biodiversidade marinha eliminando a pesca ilegal e reduzindo em 50% a quantidade de resíduos plásticos no ambiente marinho.

– Proposta 2: Para cuidar dos mares a comissão propõe a criação de organizações regionais para gestão do oceano e o fortalecimento da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM).

– Proposta 3: Para acabar com a sobrepesca e a pesca ilegal a GOC pede que sejam adotados três passos: transparência integral dos subsídios à pesca, classificação para identificar e distinguir aqueles que são prejudiciais e limitação dos subsídios para combustíveis utilizados na pesca em alto mar nos próximos cinco anos. Atualmente a frota pesqueira mundial é 2,5 vezes maior do que o necessário para que as capturas sejam sustentáveis.

–  Proposta 4: Além dos impactos ambientais, a pesca ilegal tem impactos econômicos e sociais que afetam, em especial, os países em desenvolvimento. Para acabar com a prática, é preciso, por meio de compromisso e cooperação, punir os praticantes.

– Proposta 5: Ações coordenadas dos governos, do setor privado e da sociedade para incentivar a reciclagem e conscientizar o consumidor, já que 80% dos resíduos encontrados no mar vem do continente, essa medida é essencial.

– Proposta 6: Os impactos da exploração de petróleo e gás são também responsáveis pela perturbação da vida marinha, por isso a comissão pretende estabelecer padrões internacionais de segurança e responsabilidade para essa atividade.

– Proposta 7: Para conseguir monitorar todo o progresso das propostas feitas em direção a um oceano mais saudável a comissão recomenda a criação de um comitê independente de responsabilidade pelos oceanos.

– Proposta 8: A fim de conseguir alcançar os objetivos propostos, é necessária a criação de uma Zona de Regeneração em Alto Mar, uma região onde não seria liberada a pesca. Tal medida não afetaria a economia, pois apenas 1% das espécies de peixes é capturado exclusivamente em alto mar, e ainda traria um alto impacto ambiental positivo com pequeno custo.

Reportagem publicada originalmente no site EcoD.

 

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