A poluição custou ao Canadá ao menos 39 bilhões de dólares em 2015, segundo estimado por uma pesquisa do International Institute for Sustainable Development (IISD).
No estudo, foram consideradas a poluição do ar e de áreas contaminadas, além dos eventos climáticos extremos, resultantes do excesso de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera.
Não foi possível estimar os custos totais, pois os dados necessários para isso não existem. Os pesquisadores do IISD acreditam que, se esses dados fossem acrescentados, o valor aumentaria em algumas dezenas de bilhões de dólares.
Não foram incluídos no estudo, por exemplo, os poluentes orgânicos persistentes (POPs), presentes em pesticidas, aditivos plásticos e alguns medicamentos. Estes poluentes tóxicos acumulam-se nos micro-organismos, nas plantas, nos animais e no homem, ao longo dos anos, e não são eliminados com o tempo.
Poluição do ar
Os impactos para a saúde da poluição do ar vêm sendo bastante estudados e cientistas afirmam que os custos somente destes impactos são significativos. O custo estimado desse impacto no Canadá, em 2015, quando considerado apenas o impacto para a saúde, foi de 36 bilhões de dólares.
Entre os vários compostos presentes na poluição atmosférica, o mais prejudicial à saúde é o material particulado fino, com partículas 30 vezes menor que o diâmetro de um fio de cabelo. Devido ao seu tamanho, essas partículas podem penetrar no trato respiratório e causar doenças cardiovasculares e respiratórias.
No Brasil, esse impacto também já foi estimado. Um estudo feito em 2014, por pesquisadores do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), estimou um valor anual de 1,7 bilhões de dólares para os gastos associados a eventos de saúde relacionados à poluição do ar em regiões metropolitanas brasileiras. É um valor significativo, mas subestimado, pois considera apenas uma parcela da população e não contempla gastos com internações e medicamentos, e tampouco a redução da produtividade econômica das pessoas afetadas, o que explica a grande diferença em relação à estimativa feita para o Canadá.
Atualmente a poluição atmosférica em centros urbanos é formada, em grande parte, da fumaça expelida por veículos automotores. Por isso, precisamos ter em mente que, para reduzir o problema, as escolhas de cada pessoa fazem a diferença. Dar a preferência para transporte público, fazer trechos curtos a pé ou em bicicleta, diminuir o uso de veículo individual são atitudes que contribuem para a diminuição da poluição atmosférica. Também é importante cobrar dos governos o investimento em transporte público e a melhoria de infraestrutura para pedestres e ciclistas.
Áreas contaminadas
No Canadá já se identificou um grande número de lugares contaminados com poluentes de atividades que incluem minas antigas, instalações industriais, postos de gasolina e instalações militares. Mais de 22 mil áreas contaminadas estão sob responsabilidade do governo federal, e seu manejo e ou recuperação custou 283 milhões de dólares ao país em 2014 e 2015. Esse valor é bem inferior ao de uma quantificação completa, pois não considera as áreas que estão sob jurisdição municipal e estadual, por exemplo.
No Brasil, não há uma estimativa do custo do impacto de áreas contaminadas. Mas basta pensar nos gastos decorrentes da contaminação do acidente da Samarco, quase que certamente subestimado, de R$ 1,2 bilhão para 35 cidades brasileiras, para ter uma dimensão do problema.
A reciclagem pode ser uma das alternativas para reduzir o custo desses impacto. Dado que a mineração é uma atividade que causa bastante contaminação, é importante dar prioridade a produtos feitos a partir de matérias primas decorrentes de metais reciclados.
Vale lembrar que tudo aquilo que consumimos (como roupas, alimentos, produtos eletrônicos etc) tem um impacto no meio ambiente e na sociedade. Lembre-se de que na fabricação daquilo que você compra pode haver a geração de resíduos que contaminam áreas. Essa poluição prejudica a todos, inclusive cada um de nós, pois podemos ser contaminados pelo seu efeito sobre a água, o ar ou a alimentação, por exemplo.
Além de refletir sobre a necessidade da compra e dar uma vida longa a qualquer produto comprado, é preciso reaproveitar, sempre que possível, os materiais por meio da reciclagem. Muitos dos materiais metálicos podem ser reciclados, o que permite reduzir o impacto negativo da mineração no meio ambiente e na sociedade.
Eventos climáticos extremos
Os atuais padrões de produção e consumo são diretamente responsáveis pelo aumento na emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE), que causam as mudanças climáticas.
No Canadá, um evento que já é amplamente aceito como decorrente das mudanças climáticas são as ondas de calor. Os custos associados a esse tipo de evento climático extremo somaram 1,6 bilhões de dólares em 2015, segundo o estudo do IISD.
As inundações e os deslizamentos de terra são um exemplo de catástrofe que aflige diversas áreas brasileiras, em eventos climáticos extremos, de chuvas contínuas e volumosas. O relatório do Banco Mundial, relativo ao estado do Rio de Janeiro, traz a monetarização de danos sobre as inundações e deslizamentos na região serrana do Rio de Janeiro em 2011. As estimativas apontam para custos totais de R$ 4,78 bilhões e a tendência, infelizmente, é que a frequência e a intensidade desses eventos extremos aumentem nos próximos anos.
Todas as pessoas podem contribuir para frear as mudanças climáticas. Pequenas mudanças de comportamento fazem uma grande diferença quando adotadas por grande um grupo de pessoas e/ou um longo período de tempo.
Veja a seguir as nossas dicas de atitudes para combater o aquecimento global:
– Evite o desperdício de alimentos em sua casa com ações simples, como planejar as compras, não comprar em excesso e reaproveitar as sobras. O lixo orgânico emite gás metano (gás de efeito estufa mais poderoso que o CO2) durante sua decomposição. Mais uma razão para aproveitar ao máximo os alimentos, incluindo talos, folhas e cascas.
– Além disso, ao não desperdiçar alimentos, haverá menor necessidade de produzir alimentos, reduzindo a agropecuária, que é uma das maiores fontes de emissão de GEE no Brasil.
– Reduza o consumo de carnes vermelhas. Todo o processo de produção de carne emite muitos gases de efeito estufa (GEE) – por exemplo, o gado, em sua digestão, emite metano, que é um GEE. Para se ter uma ideia, a geração de GEE na produção de carne vermelha é tão grande quanto a geração nas atividades de transporte no mundo. Assim, repense sua alimentação: não é preciso cortar totalmente a carne, mas procure substitui-la, quando possível, por outras fontes de proteína, como frango e grãos.
– Conheça a origem do produto que você consome e divulgue a seus amigos e familiares os produtos que você identificar como sendo produzidos de forma mais sustentável, como produtos de limpeza e higiene, móveis e eletroeletrônicos.
– A destruição das matas nativas é uma das maiores fontes de emissão de GEE no Brasil. E a maior parte de toda madeira extraída ilegalmente é vendida no próprio mercado brasileiro. Compre apenas produtos e materiais de construção feitos com madeira certificada: aqueles que têm o selo FSC, ou o de madeira de reflorestamento.
– Evite o uso do transporte privado individual sempre que possível. Prefira o transporte público, a bicicleta ou uma caminhada, pelo menos em alguns trechos. E se realmente precisar sair de carro, use álcool ao invés de gasolina. Outra dica é compartilhar caronas.
– Economize energia elétrica, principalmente nos períodos secos, quando é necessário acionar as usinas termoelétricas, que emitem mais GEE.
– Reflita antes de fazer uma compra, indagando-se se você precisa mesmo do que pretende comprar? A fabricação dos produtos envolve extração e processamento de matéria-prima, uso de água e de energia na produção, além do gasto de combustível no transporte das mercadorias. Todos esses processos causam a emissão de GEE.
– Destine para a reciclagem materiais como papel, vidro, plástico e alumínio, que poderão ser reutilizados como matéria-prima de novos produtos.