Precisamos falar sobre menos resíduos e mais reciclagem. O Brasil ocupa uma posição nada honrosa entre os países que mais geram resíduos e, ao mesmo tempo, somos uma das nações que menos recicla materiais sólidos. Estamos em 4º lugar na lista dos maiores produtores de resíduos plásticos no mundo, de acordo com o WWF, e só reciclamos 22,1% do total produzido. Estamos em 5º no ranking dos maiores produtores de lixo eletrônico no planeta, segundo o The Global E-Waste Monitor, mas apenas 3% de todo o resíduo eletrônico é reciclado no país.
O Dia Internacional da Reciclagem, celebrado no dia 17 de maio, é uma boa oportunidade para revermos a forma como lidamos com os resíduos, focando em dois pontos: como podemos reduzir a quantidade gerada e como podemos aumentar o total reciclado, a partir da destinação correta dos materiais.
Cada brasileiro gera pouco mais de 1 quilo de resíduos sólidos por dia. Isoladamente, pode até nem parecer muito. Mas, ao olharmos o todo, é uma montanha gigantesca de lixo que toma forma ano após ano: 379 quilos por pessoa ou 79 milhões de toneladas de resíduos no país. Essa quantia é suficiente para construir uma muralha nada agradável de 13 metros de altura e 3,6 metros de largura ao longo dos 7,4 mil quilômetros do litoral brasileiro!
“Refletir sobre esses dados é importante, pois eles ilustram bem como é urgente a necessidade de novos modelos de produção e consumo. Nossa maneira de consumir está diretamente relacionada com a quantidade de resíduos que geramos. E a forma com que destinamos esses resíduos facilita ou dificulta a sua reciclagem”, afirma Bruna Tiussu, gerente de comunicação e conteúdos do Akatu.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), a quantidade de resíduos sólidos urbanos pode crescer 50% até 2050, o que significa que precisamos agir já. Se todos se mobilizarem por hábitos mais sustentáveis, podemos reverter essa tendência. Ao consumir de maneira consciente — comprando só o necessário, usando um item ou produto até o final de sua vida útil e descartando-o de forma correta — geramos menos resíduos e impulsionamos a reciclagem.
Dicas para diminuir a geração de resíduos
A reciclagem é só o último passo no ciclo do consumo, pois, antes disso, podemos agir diretamente para reduzir a quantidade de resíduos. Pratique os 5 Rs da sustentabilidade!
Repense: Você realmente precisa comprar um novo produto? Existe a possibilidade de pegar emprestado, trocar ou usar/consertar/atualizar o que você já tem? Evite impulsos momentâneos ou se deixar levar por propagandas. Valorize o que é realmente essencial. E, se for comprar, questione se a marca escolhida está alinhada com o cuidado nas questões socioambientais, com a logística reversa e a economia circular.
Recuse: Diga não para itens supérfluos e de uso único, que geram mais resíduos, como sacolas plásticas ou canudos e talheres descartáveis ao pedir delivery. Recuse panfletos e brindes que você não irá usar. Recusar itens que certamente terão o lixo como destino é simples e ajuda a reduzir a quantidade de materiais destinados a aterros sanitários.
Reduza: Evite o excesso e o consequente desperdício. Vale para comidas – o desperdício residencial de alimentos no Brasil ultrapassa 12,5 milhões de toneladas ao ano, segundo o UNEP – e para todo tipo de material. Planeje suas compras. Diminua o uso de itens descartáveis, evite impressões desnecessárias, prefira produtos concentrados e em embalagens menores ou reutilizáveis, e use os produtos até o fim de sua vida útil.
Reutilize: Se possível, dê novas funções para materiais e embalagens ociosas antes de pensar no descarte. Use a criatividade: potes de vidro podem servir para armazenar pequenos objetos, garrafas PET podem virar brinquedos, aquela toalha velha pode virar pano de chão. E lembre-se que um objeto que você não precisa mais pode ser útil para outra pessoa.
Recicle: Só depois de conjugar esses outros quatro verbos é que podemos planejar o descarte adequado de materiais e objetos para viabilizar a reciclagem do que é possível. Outra dica importante antes de chegarmos nessa etapa é colocar em prática as 6 Perguntas do Consumo Consciente.
Dicas para um descarte adequado de resíduos sólidos, que impulsiona a reciclagem
- Antes de tudo, verifique se o material pode ser reciclado ou deve ser destinado ao lixo orgânico. Resíduos orgânicos, como restos de alimentos, folhas e sementes, podem ser compostados . Resíduos sólidos, como plásticos, vidros, metais, papéis, lixo eletrônico e tudo que não possui origem biológica, deve ser destinado à reciclagem.
- Se possível, higienize os materiais recicláveis que contém resíduos orgânicos. Retire o excesso com um guardanapo, uma colher ou com um pouco de água. Isso facilita o trabalho das cooperativas e evita o mau cheiro e insetos nos pontos de coleta.
- Informe-se sobre serviços de coleta seletiva no seu condomínio, bairro ou município. Se o seu prédio ainda não separa o lixo, converse com o síndico e mobilize seus vizinhos para implementar essa prática.
- Procure no site de seu município serviços de coleta seletiva, pontos de coleta, ecopontos e pontos de entrega voluntária. Se está na dúvida sobre como destinar alguns objetos ou materiais, consulte iniciativas que podem facilitar o descarte adequado.
Lembre-se: jogar resíduos sólidos no lixinho orgânico é um desperdício de matéria-prima e de dinheiro que poderia movimentar a economia e contribuir com uma economia mais circular. A reciclagem pode poupar recursos naturais e a emissão de gases de efeito estufa, uma vez que pode evitar a produção de novos itens.
Confira aqui o que você pode fazer para ajudar a aumentar o índice de reciclagem de vidros, plásticos, papel e caixas cartonadas.
Tem dúvidas sobre como descartar materiais específicos? A gente explica
Medicamentos: não jogue no lixo comum ou no vaso sanitário, pois eles podem contaminar o solo e a água. Procure postos de coleta de medicamentos vencidos nas farmácias mais próximas da sua casa.
Sobras de tecidos e roupas usadas: reaproveite ao máximo, venda ou doe – aquela peça de roupa que você não pretende usar mais pode ser útil para alguém. Aproveite campanhas de arrecadação de roupas e agasalhos para limpar o guarda-roupa e ajudar instituições.
Pilhas, baterias, celulares, computadores e outros lixos eletrônicos não devem ser jogados no lixo comum. Entre em contato com o fabricante para verificar se ele trabalha com logística reversa: se recolhe equipamentos ao final de sua vida útil para destiná-los à reciclagem. Se não, você pode entregá-los em pontos específicos de coleta em diversos shoppings e supermercados, que encaminharão para a reciclagem.
Lâmpadas no lixo comum ou reciclado são um risco de ferimentos para os catadores e trabalhadores de cooperativas, além de liberar vapor de mercúrio ao quebrar. Lojas de materiais de construção podem dar uma destinação adequada.
Óleo de cozinha usado deve ser guardado em um recipiente (como uma garrafa ou pote de vidro) e encaminhado para pontos de coleta ou iniciativas que recebem esse resíduo. Não descarte o óleo na pia, pois ele pode entupir o esgoto ou poluir o lençol freático.
Móveis e eletrodomésticos podem ser descartados através de organizações que reutilizam suas peças ou partes e que oferecem o serviço de retirada desses itens. Outra opção é buscar o ecoponto mais próximo da sua casa, conferir no site da prefeitura do seu município se há algum serviço de coleta ou consultar o fabricante: algumas empresas trabalham com logística reversa e recebem produtos usados.
Se ainda tem dúvidas, consulte o site da prefeitura do seu município:
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Outra opção é o site eCycle, que indica onde descartar o item que você tem em região próxima ao seu CEP.