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12.01.11 às 8:34

Apontamentos para a agenda de 2008

lista pensamentos relacionados à sustentabilidade de alguns dos mais importantes pensadores do planeta, por Ricardo Voltolini
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Boa medida para o ano que se inicia é anotar, na agenda, além dos compromissos de praxe, idéias e reflexões que podem ser úteis do ponto de vista pessoal e profissional. No sentido de contribuir para um ano mais sustentável, listei abaixo idéias sobre sustentabilidade extraídas de entrevistas feitas para a Revista Idéia Socioambiental, ao longo de 2007, com alguns dos mais importantes pensadores do Planeta. Leia, recorte e cole em sua agenda. Para pensar, refletir e agir.

A empresa social

“A teoria econômica dominante prega que só existe um tipo de negócio: o que maximiza lucros para seus donos. Não penso assim. As empresas devem beneficiar as pessoas. A este novo arranjo dou o nome de empresa social, que não tem nada a ver com filantropia , mas significa um novo jeito de pensar empresas. A empresa social muda paradigmas. Com a sua expansão, será necessário rever instituições. Será preciso criar uma nova bolsa de valores de empresas cujos resultados sejam medidos a partir de impactos positivos nas comunidades. E que atraiam investidores interessados em produzir outro tipo de resultado. Precisaremos de um MBA social para capacitar os novos dirigentes de empresas sociais, porque ela não deverá ser pretexto para perdas e baixa produtividade. A empresa social abre a possibilidade de um mundo livre de pobreza”

Muhammad Yunus, economista, fundador do Grameen Bank e prêmio Nobel da Paz de 2006.

Mudança em padrões de consumo

“A solução para o aquecimento global e a pobreza mundial passa pela substituição urgente de modelos de produção e de padrões de consumo. Por que as pessoas precisam comprar dois, três ou quatro automóveis quando um é suficiente para suas necessidades? Por que precisam adquirir mais objetos do que cabe em suas casas contribuindo para o aumento da emissão carbono na atmosfera? A hora é de reconhecer os limites que a grave situação do aquecimento global nos impõe. Uma eventual redução no consumo vai levar as empresas a refletirem também sobre os limites que devem orientar seus modelos de produção nesses tempos de mudanças climáticas”

Mohan Munasinghe, vice-presidente do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), prêmio Nobel da Paz de 2007.

O que é sustentabilidade na empresa

“Do ponto de vista empresarial, a sustentabilidade consiste em algo muito simples na teoria e muito complexo na prática: identificar os “pontos doces”, isto é, os pontos de interface entre os seus negócios e os interesses da sociedade e do Planeta, combinando lucro com bem-estar social. Um ponto fundamental para o sucesso é considerar as questões de sustentabilidade mais importantes para os clientes, criando produtos que supram novas necessidades e atendam expectativas em relação às questões socioambientais. O segundo ponto é envolver os parceiros da cadeia produtiva no esforço de construir operações mais sustentáveis. E o terceiro, antecipar-se ás mudanças, convertendo risco em oportunidade”

Andrew Savitz, autor de A Empresa Sustentável, um dos livros de negócio mais lidos em 2007.

Segurança energética

“O que a agrava os efeitos das mudanças climáticas nos países mais pobres é a desigualdade energética massiva no mundo. Consequentemente, dois princípios-chave latentes na revolução energética são a equidade e a justiça. Os reais benefícios de serviços como eletricidade, aquecimento, energia e transporte devem ser acessíveis a todos; norte e sul, ricos e pobres. Só assim poderemos criar uma segurança energética real, condição básica para uma genuína segurança humana”

Gerd Leipold, diretor-executivo do Greenpeace.

Líderes sustentáveis

“Os dirigentes de empresas que querem ser sustentáveis precisam ser inspirados, porque pessoas sem inspiração não podem inspirar ninguém a fazer mudanças. O primeiro ponto é acreditar que se está fazendo a coisa certa. E que é possível fazer bem o que é bom par a sociedade e o Planeta. Se os funcionários acreditarem nisso, vão enxergar o que precisam fazer nos seus próprios ambientes. Até porque esse não é o melhor caminho, mas o único”

Claude Ouimet, vice-presidente da InterfaceFLOR, a número 1 em sustentabilidade nos Estados Unidos

Replicar o sucesso

“Políticos e líderes empresariais precisam examinar como os casos de responsabilidade social de sucesso estão construindo situações `ganha-ganha` e explorar como podem reproduzir essas condições em outros setores e países”

Simon Zadek, presidente da consultoria britânica AccountAbility

A comunidade é o mundo

“Líderes bem-sucedidos sempre foram socialmente responsáveis. A questão agora é como eles definem o grupo, a comunidade ou a sociedade pela qual se sentem responsáveis. Com a globalização, os líderes estão sendo desafiados assumir responsabilidades por um quadro muito mais amplo de stakeholders pelo mundo inteiro. Com o desenvolvimento sustentável, eles também estão sendo cobrados a aceitar um crescente nível de responsabilidade em relação às futuras gerações.”

John Elkington, presidente da ONG SustainAbility, criador do conceito de triple bottom line.

Revisão de modelos

“A noção de desenvolvimento sustentável é um convite à revisão de modelos existentes, seja de produção seja de consumo. Desenvolvimento e sustentabilidade já não podem mais ser vistos como antagonistas. Acho um perigo tentar um retorno ao passado, classificando as empresas de antigamente como melhores e mais preocupadas com indivíduos e meio ambiente. Há muitas empresas adiantadas no tema. Estão descobrindo que a sustentabilidade ajuda a ser mais competitivo e significa o futuro de seus negócios”

Gro Harlem Bruntland, ex-primeira ministra da Noruega, coordenadora do Relatório Bruntland de 1987.

* Ricardo Voltolini é publisher da revista Idéia Socioambiental e consultor de Idéia Sustentável.

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