Celebrado em 15 de outubro, o Dia do Consumo Consciente, data instituída no Brasil em 2009 pelo Ministério do Meio Ambiente, estimula os consumidores a refletirem sobre os impactos sociais, econômicos e ambientais dos padrões de produção e consumo atuais baseados no consumismo – na cultura do excesso de bens materiais, do descartável e do desperdício.
O recém ratificado Acordo de Paris estabelece para os países de todo o mundo metas de diminuição de emissões de gases de efeito estufa nos próximos anos para impedir que a temperatura global alcance 2oC acima dos níveis pré-industriais. Essa responsabilidade é compartilhada por governos, empresas, instituições da sociedade e também por cada cidadão.
Segundo definição de 1995 da Comissão de Desenvolvimento Sustentável da ONU, “Consumo sustentável é o uso de serviços e produtos que respondem às necessidades básicas de toda a população e trazem a melhoria na qualidade de vida, ao mesmo tempo em que reduzem o uso dos recursos naturais e de materiais tóxicos, a produção de lixo e as emissões de poluição em todo ciclos de vida, sem comprometer as necessidades das futuras gerações”.
Com a campanha #ClimaMuitoLoko, o Instituto Akatu vem mostrando, desde março, como é possível fazer a transição para estilos de vida sustentáveis e como a prática do Consumo Consciente pode colaborar no combate às Mudanças Climáticas e suas consequências. A campanha já abordou temas como a economia de água, a diminuição ao desperdício de alimentos, a preservação dos oceanos, o crescimento populacional, as alternativas de mobilidade baseadas em energia limpa e a importância da gestão pública em centros urbanos para reduzir o impacto no clima e aumentar o bem-estar nas cidades.
Alguns dos temas ligados ao consumo consciente já podem ser considerados mais disseminados, especialmente aqueles que dizem respeito a necessidades básicas, como economia de água e energia, e reciclagem. No entanto, ainda há uma série de situações do cotidiano em que dificilmente as pessoas têm plena consciência de todos os impactos negativos associados a um produto. Peças de roupa, por exemplo, podem ter sido fabricadas por trabalhadores submetidos a condições análogas ao trabalho escravo. Depois disso, se produzidas em outros continentes, consomem combustíveis fósseis no transporte aos diversos pontos do mundo onde serão vendidas e, muitas vezes, acabam descartadas antes do fim de sua vida útil. A mesma reflexão vale para outros produtos industrializados, como equipamentos eletrônicos, derivados de petróleo e até alimentos.
Não se trata apenas de uma questão de desenvolvimento econômico e redução da desigualdade social. Afinal, se o consumo nos países mais pobres um dia pudesse se igualar aos padrões dos países mais ricos, a Terra simplesmente não teria condição de renovar seus recursos naturais no ritmo exigido pela humanidade. Esse cenário já é demonstrado pela precocidade cada vez maior do Dia de Sobrecarga da Terra, a data em que esgotamos os recursos do planeta para o ano e que, em 2016, aconteceu no dia 8 de agosto.
Os atuais padrões de produção e consumo são diretamente responsáveis pelo aumento na emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE), que causam as Mudanças Climáticas. A proposta do Akatu é colaborar para essa reflexão oferecendo informações que facilitem aos indivíduos a compreensão de seu poder de mudança como consumidores conscientes. Foi nesse contexto que o Instituto criou, por exemplo, as “Seis Perguntas do Consumo Consciente” e os “10 Caminhos para a Produção e o Consumo Conscientes”, que você acompanha a seguir.
Seis perguntas do Consumo Consciente
1. Por que comprar?
Pergunte-se, antes da compra, se você realmente precisa do produto ou se está sendo estimulado por propagandas ou impulso do momento, que podem levá-lo a comprar mais do que necessita ou pode comprar. É importante lembrar os limites planetários e o que realmente é importante na vida de cada um. Isso muitas vezes vai significar “ter” algo não material no lugar do material, como dedicar mais tempo a atividades com a família e os amigos.
2. O que comprar?
É neste momento que definimos qual produto queremos comprar, ao analisar o que as opções disponíveis oferecem e escolhendo as características que realmente atendem às nossas necessidades. Atributos demais que nunca serão usados são puro desperdício. Busca-se definir também a qualidade e durabilidade do produto, suas características de segurança no uso e outros critérios que permitam selecionar sua escolha.
3. Como comprar?
Devo comprar à vista ou a prazo? Conseguirei manter as prestações pagas em dia? Vou comprar perto ou longe de casa? Como vou buscar e levar minhas compras? De carro, ônibus, bicicleta, a pé? Em sacolas plásticas, sacolas duráveis, caixas de papelão? Fazer compras de bicicletas no final de semana com a família pode ser divertido e uma ótima experiência para todos.
4. De quem comprar?
Ao escolher a empresa fabricante do produto a ser comprado, é importante considerar as características de produção, o cuidado no uso dos recursos naturais, o tratamento e a valorização dos funcionários, o cuidado com a comunidade e a contribuição para a economia local. Assim, o consumidor pode reconhecer com suas escolhas as empresas que melhor cuidam da sociedade e do planeta, além de atender às características definidas na etapa “o que comprar?”.
5. Como usar?
É essencial encontrarmos formas de usar de maneira consciente os produtos e serviços adquiridos de modo a evitar a troca sucessiva de itens sempre que algo novo surge no mercado ou entra na moda. Alguns exemplos: ser cuidadoso no uso, usar os produtos até o final da sua vida útil, consertá-los se quebrarem antes de pensar em comprar um novo, desligar aparelhos eletrônicos quando não estão em uso e usar apenas a água necessária nas diversas atividades domésticas.
6. Como descartar?
É o momento de se perguntar se o que se quer descartar não tem mais nenhuma utilidade, seja para você ou para outras pessoas. Caixas e embalagens podem se transformar em brinquedos para as crianças, e roupas antigas com nova costura, móveis reformados e eletrodomésticos consertados podem ser doados ou trocados. Quando realmente não houver novos usos para o produto, deve-se descartar os resíduos de maneira correta, buscando enviar o que for possível para a reciclagem. E sempre lembrar que não existe “jogar fora”: o “fora” é o nosso planeta, onde todos vivemos.
10 Caminhos para a Produção e o Consumo Conscientes
1. O durável mais que o descartável
2. A produção local mais que a global
3. O compartilhado mais do que o individual
4. O aproveitamento integral e não o desperdício
5. O saudável nos produtos e na forma de viver e não o prejudicial
6. O virtual mais que o material
7. A suficiência e não o excesso
8. A experiência e a emoção mais do que o tangível
9. A cooperação para a sustentabilidade mais do que a competição
10. A publicidade não voltada a provocar o consumismo
Saiba mais:
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Capítulo 3 do #ClimaMuitoLoko: Preservar os oceanos é fundamental para regular o clima do planeta