Você já parou para pensar em quantos canudinhos de plástico você já usou nesta semana? E ao longo de um ano? E durante toda a sua vida? Pois saiba que, aparentemente inofensivos, esses pequenos artefatos são um dos grandes poluidores ambientais. A vida útil média de um canudo plástico é de apenas 4 minutos, segundo a ONG Ocean Conservancy, mas ele demora séculos para se decompor na natureza. A maioria deles é feita de polipropileno e poliestireno – substâncias que não são biodegradáveis, e por isso, se acumulam em aterros, lixões e nos mares, onde podem ser ingeridos por animais, que fatalmente morrerão intoxicados.
No mundo inteiro, diversas campanhas vêm sendo realizadas para conscientizar a população e os donos de estabelecimentos comerciais a respeito do problema ambiental causado pelos canudos de plástico. Nos Estados Unidos – onde cerca de 500 milhões de canudos são consumidos por dia – já existem mobilizações contra o uso do produto. Um projeto de lei em tramitação na Califórnia sugere que funcionários de restaurantes que ofereçam canudos aos clientes possam ser penalizados com multas de US$ 1.000 ou até seis meses de prisão, de acordo com o site Munchies. A lei não deverá banir o uso de canudos plásticos, mas fazer com que eles só sejam oferecidos quando solicitados pelo cliente.
Outro exemplo está na França. Dentro do Programa de Transição Energética, até janeiro de 2020, deve ser proibida a venda de canudos plásticos, além de outros artigos descartáveis, como colheres, facas e garfos. Segundo estudo feito por lá, esses itens geram 30 mil toneladas de lixo por ano.
Em Londres, na Inglaterra, ainda não há uma lei específica sobre isso, mas a mobilização contra o uso dos canudos é grande. A campanha Straw Wars vem estimulando o comércio da cidade para a não utilização desses descartáveis. Os canudinhos só são entregues quando o consumidor pede.
Na Espanha, a ideia foi bem diferente: trocar os canudos de plástico por comestíveis, biodegradáveis e recicláveis! É o chamado Sorbo, um canudinho feito com açúcar, gelatina e amido de milho, aromatizados com seis sabores: limão, lima, morango, canela, maçã verde, chocolate e gengibre – cada unidade tem 24 calorias.
As redes sociais não ficaram de fora das mobilizações. Uma campanha famosa é a #RefusePlasticsTraws (que, em português, seria #RecuseCanudosPlásticos). A hashtag alcançou uma visibilidade tão grande que várias celebridades manifestaram apoio, como a estilista Vivienne Westwood. Outra campanha virtual é a Stop Sucking (Pare de Sugar, em português, na versão literal, ou Pare de ser babaca, na versão figurada), criada pela Lonely Whale – organização sem fins lucrativos criada por Lucy Sunmer e pelo ator Adrian Grenier, que visa promover a importância do ecossistema marinho para a vida no planeta.
No Brasil, o consumo de canudinhos plásticos é grande. Só para se ter uma ideia, se forem empilhados os canudos consumidos por brasileiros em um ano em um muro de 2,10 metros de altura, seria possível dar uma volta completa na Terra, numa linha de mais de 45.000 quilômetros. Mas já existem algumas iniciativas de consumo consciente no País. Desde dezembro de 2016, canudos plásticos foram abolidos dos quiosques e estabelecimentos da Ilha de Porto Belo, situada no litoral de Santa Catarina.
Vamos nos engajar também?
Enquanto não há uma lei específica sobre isso no Brasil, que tal começarmos a mudar, a partir de agora, nossos hábitos de consumo, deixando de lado os canudos de plástico? O canudinho é de uso único é absolutamente desnecessário. É um hábito que geralmente não se reproduz em casa. O que as pessoas não percebem é que o uso de algo completamente inútil traz custos para o consumidor, para o meio ambiente e para a sociedade.
Os custos começam com a produção, que retira recursos do meio ambiente, gasta energia, trabalho. Mesmo que haja um pequeno ganho financeiro com a reciclagem, é muito menor que o que foi empenhado na produção de um produto de vida curta. Poucas horas depois de ser usado, o canudo vai para o lixo.
Vale lembrar que tudo que vai para o lixo gera custo de separação, empacotamento, transporte, disposição final. No Brasil, o lixo representa cerca de 5% de todos os orçamentos municipais, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de 2012. Gerar menos representaria economizar nisso e poderia resultar em mais verba para educação e outros benefícios sociais.