A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou na quarta-feira (09/03) a Campanha da Fraternidade 2011, que tem como tema “Fraternidade e Vida no Planeta”. Escolhida a partir de sugestões dos fieis católicos, a campanha pretende alertar a população, chamar a atenção dos políticos, dos empresários e da imprensa para temas ligados à sustentabilidade, sugerindo mudanças nas atitudes e na mentalidade.
Repassada para todas as paróquias católicas do país, o tema anual da Campanha da Fraternidade é corrente em sermões durante as missas e discutido em encontros de fiéis e nas atividades das pastorais.
Dom Dimas Lara Barbosa, secretário-geral da CNBB, diz que sustentabilidade não aparece explicitamente na Bíblia, mas que o seu princípio está contido no mandamento “amar ao próximo como a si mesmo. A partir dele, você pode tirar conclusões”. Dentro desta lógica, ficaria inviável aos cristãos ter determinadas atitudes, como não pagar os encargos sociais ao trabalhador, fazer propaganda enganosa ao consumidor, explorar reservas de preservação ambiental, etc.
Durante o lançamento da campanha, os representantes da Igreja criticaram os grandes latifundiários representantes do agronegócio no país, que não estariam nem um pouco preocupados com o futuro da humanidade. De acordo com a CNBB, o agronegócio é responsável por desperdiçar grande parte da água doce do planeta e contaminar rios e mares com fertilizantes.
A exploração do petróleo na camada pré-sal também foi duramente criticada pelos representantes da Igreja. Dom Dimas Lara disse que a descoberta “não é essa maravilha toda apresentada pelas propagandas governamentais” em razão do petróleo ser um perigoso poluente. Ele defende que o Brasil deve investir em fontes alternativas de energia, como a eólica ou a solar.
O secretário-geral da CNBB também apontou falhas nas mudanças propostas no Código Florestal, que deve ser votado ainda este semestre na Câmara dos Deputados. Dom Dimas chamou de problemática a anistia aos desmatadores, assim como a possibilidade de diminuição das áreas de proteção dos rios, e o fim da reserva legal para pequenos produtores.
Bento 16
Em carta oficial à CNBB, o papa Bento 16 lembrou que o foco de toda a luta pela sustentabilidade não está na natureza em si, mas no ser humano. “Sem uma verdadeira defesa daqueles que são excluídos e marginalizados pela sociedade, sem esquecer, neste contexto, daqueles que perdem tudo, vítima de desastres naturais, nunca se poderá falar de uma autêntica defesa do meio-ambiente”, diz o pontífice.
Em 2010, na “Encíclica Caritas in veritate”, Bento 16 já havia feito o alerta de que o homem só seria capaz de respeitar o meio ambiente e as outras criaturas do planeta quando passasse a respeitar a si mesmo; Para ele, a primeira ecologia a ser defendida é a ”ecologia humana”.
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