Comentário Akatu: a pesquisa do Instituto Akatu “Caminhos Para Estilos Sustentáveis de Vida” indica como gatilho para a adoção de hábitos sustentáveis a vivência e a experiência: “A vivência é mais inspiradora do que o discurso. As pessoas se motivam ao participar diretamente da criação da mudança e da vivência de seus impactos”. Nesse sentido, é essencial engajar as pessoas na experiência de recuperação de áreas verdes, como na iniciativa descrita na notícia abaixo, que além da contribuição do ato em si, tem enorme valor educativo. Os participantes compreendem e se tornam disseminadores da importância da recuperação de áreas desmatadas e da preservação das que ainda existem, principalmente em áreas urbanas (onde já se concentra 84,4% da população brasileira segundo o Censo IBGE 2010), para a melhoria da qualidade do ar, do equilíbrio do clima, do abastecimento de água e de energia, e da sustentabilidade da vida no planeta.
Aos poucos, a cidade de São Paulo vai recuperando o verde que a capital tinha antes de ser tomada pelo concreto. No último domingo, mais de 600 árvores de quase 90 espécies diferentes foram plantadas pelas mãos de crianças e adultos, todos voluntários, com o intuito de trazer de volta a biodiversidade original paulistana.
O mega plantio foi organizado pelo coletivo Novas Árvores Por Aí, juntamente com os ambientalistas Ricardo Cardim e Sergio Reis, e só foi possível graças à participação ativa da própria população, que apoiou e abraçou a causa, além de parceiros que colaboraram com a doação de mudas e com o patrocínio de toda a estrutura necessária.
A “floresta de bolso” vai muito além de um simples amontoado de árvores. As mudas são escolhidas de acordo com a vegetação original do local e dispostas para que se desenvolvam com qualidade, resgatando o próprio bioma original e atraindo novas aves e insetos ideais para a manutenção da biodiversidade.
No caso específico deste plantio, que foi realizado no Parque Cândido Portinari, zona oeste de São Paulo, a floresta contou com espécies de árvores do Cerrado e da Mata Atlântica. Inclusive, foram usadas 60 mudas de araucária, árvore que já foi símbolo da região, mas que hoje é raridade.
O plantio começou às 8h30 da manhã e ocorreu durante todo o dia, contando com a colaboração de, aproximadamente, 500 pessoas. A missão reuniu criancinhas e uma galera muito experiente, como Alexandre Chut, que tem milhões de árvores no currículo.
Além do plantio, voluntários fizeram oficinas de educação ambiental com as crianças, que construíram pequenos guardiões da floresta em argila e os espalharam entre as árvores, como símbolo de proteção.
O mutirão tem um impacto ambiental bastante importante, mas a mobilização social em prol desta causa é realmente de encher os olhos. “Talvez um inconsciente coletivo tenha sido destravado e alguns (muitos) representantes dessa nossa espécie detratora e devastadora, resolveram nadar contra a corrente e fazer as pazes com as árvores. Resolveram pagar com generosidade a generosidade que sempre nos foi oferecida por elas”, comenta filosoficamente Nik Sabey, um dos organizadores do evento, garantindo que o grupo não vai parar por aí e que muitos outros plantios já estão nos planos.
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