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18.08.23 às 17:19

Como consumir ovos de forma consciente

Saiba quais os cuidados necessários ao consumir uma das proteínas animais mais versáteis e menos nocivas ao meio ambiente
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Apesar dos diversos mitos e verdades ao longo do tempo, fato é: o ovo é um dos melhores alimentos do mundo, devido ao seu alto valor nutricional. Ele é composto de proteínas bem aproveitadas pelo organismo, bem como de vitaminas, minerais e gorduras. Além disso, é uma alternativa a outros tipos de proteína (como a carne vermelha), sem contar o fato de ter uma pegada de carbono consideravelmente menor, o que é bom também para o meio ambiente.

A pesquisa Vida Saudável e Sustentável 2020, desenvolvida por Akatu e GlobeScan, mostrou que o ovo é a proteína mais consumida no Brasil (95%) e na média global dos outros 27 países do estudo (91%). Este alto consumo de ovos pode estar relacionado ao fato de ser um alimento acessível, versátil e disponível para carnívoros e vegetarianos, ficando de fora apenas da dieta vegana.

Como consequência, o consumo de ovos no Brasil praticamente dobrou: de 131 unidades por pessoa anualmente em 2007 para 257 unidades anuais em 2021, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Com relação ao impacto ambiental, o ovo se torna uma alternativa ainda mais atrativa quando comparado à carne vermelha. Como exemplo, em um levantamento do Climateq, a produção de 1 kg de carne vermelha emitiu 60 kg de CO2, enquanto 1 kg de ovo emitiu apenas 4,5kg de CO2. São diversos os cálculos de pegada de carbono dos alimentos, com valores que variam significativamente, no entanto, é consenso que a diferença entre a carne vermelha e o ovo é bastante significativa.

Entenda a diferença entre os ovos
  • Ovo de granja: modelo mais difundido de produção de ovos no Brasil, é caracterizado pela alta produtividade. Para que as galinhas botem mais ovos, é muito frequente a aplicação de uma técnica denominada “muda forçada”, que utiliza o controle do ambiente e da dieta por meio do uso da iluminação artificial e restrição da oferta de alimentos em certos dias, e a “debicagem”, que significa o corte e/ou a cauterização do bico da ave para que ela não machuque as outras aves e não bique os ovos.
  • Ovo caipira: produzido por galinhas que não são criadas em gaiolas, podendo viver em galpões, aviários ou áreas abertas. Alguns produtores mantêm as galinhas em área aberta durante o dia e, à noite, as recolhem ao galinheiro. Ainda não existe uma certificação para esse tipo de produção, mas há uma norma  da ABNT que visa garantir um padrão, incluindo recomendações de alimentação, ambiente para a criação e uso de medicamentos, por exemplo. Galinhas que botam ovos caipiras recebem ração 100% vegetal e outros alimentos como capim, grãos, hortaliças, frutas e tubérculos.
  • Ovo orgânico: produzido de acordo com um sistema que busca o manejo equilibrado do solo e demais recursos naturais, no qual a galinha recebe alimentação com ingredientes orgânicos — complementada com capim, frutas, minhocas e insetos que a ave come durante o pastejo. O sistema permite que a galinha se movimente livremente no ambiente e, em alguns casos, as galinhas são recolhidas para passar a noite no galinheiro. Adicionalmente, para receber a certificação orgânica, as galinhas não podem receber antibióticos ou medicamentos de crescimento. Esse é o único modelo de produção que apresenta uma certificação estabelecida com base em normas do MAPA.
Dicas para um melhor consumo

Não existe um selo que ateste que um ovo é caipira, mas existe certificação para garantir que um produto é orgânico, sendo esse o diferencial deste modelo de produção. No Brasil, é importante verificar nas embalagens o selo da Certificação Orgânica ou o selo da Certified Humane, que garantem que o alimento é oriundo de produtores que atendem às exigências de bem-estar animal.

Nesse sentido, é fundamental que o consumidor se informe cada vez mais sobre os diferentes tipos de produção, para que ele possa valorizar aquele que prioriza o bem-estar animal. Ao mesmo tempo, há a necessidade de empenho e responsabilidade por parte do setor produtivo, para viabilizar cada vez mais essas alternativas, mas a poder de decisão do consumidor pode direcionar os esforços para que as marcas caminhem na mesma direção.

NA HORA DA COMPRA:
  • Evite a compra de ovos com a casca rachada, quebrada ou trincada, pois qualquer dano à casca equivale a uma violação da embalagem que protege o seu conteúdo, abrindo uma porta para a entrada e colonização de microrganismos (Esalq).
  • Não consuma ovos em embalagens que apresentem mofo ou bolor Além disso, embalagens plásticas com vapor de água condensado em seu interior indicam que o produto foi mal armazenado. (Esalq).
  • Antes de comprar produtos de origem animal, certifique-se de que os mesmos possuem o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura ou do serviço de inspeção estadual ou municipal (Anvisa).
  • Observe a data de fabricação e validade do produto, pois o ovo é muito perecível e perde qualidade em temperatura ambiente. Recomenda-se o consumo em torno de 20 dias após a postura (Esalq).
AO ARMAZENAR
  • Não lave os ovos antes de guardá-los, pois isso pode retirar a película protetora da casca e aumentar a chance de contaminação por microorganismos, que podem migrar da casca para o interior. O ideal é higienizá-los somente na hora do preparo.
  • Armazene os ovos conforme recomendação do fabricante. O mais adequado é na geladeira, com temperatura ideal em torno de 8oC, lembrando que a porta da mesma não é recomendada pelo risco de trincas e contaminação (Embrapa). Uma vez que os ovos são refrigerados, eles devem ser mantidos dessa forma. Ovos que são transferidos de uma temperatura fria para temperatura ambiente podem “suar”, o que facilita a entrada de bactérias por suas porosidades (Egg Safety).
  • Mantê-los na caixa original dentro da geladeira evita com que os sabores de outros alimentos sejam absorvidos pelos ovos e também reduz a perda de água dos mesmos. A refrigeração deste alimento é fundamental para mantê-lo em uma temperatura estável, menos suscetível à ação de bactérias (Australian Eggs).
NO PREPARO:
  • Faça o teste para saber como está a qualidade do ovo. Coloque-o dentro de um copo com água: quanto mais velho, mais leve é o ovo. Se o ovo boiar, ele não é fresco e não deve ser utilizado para consumo humano (Embrapa).
  • Cozinhe bem os alimentos e evite o consumo de produtos à base de ovos crus (como maionese caseira) para evitar a contaminação por salmonella (CVS). Os ovos devem ser cozidos até a clara e a gema ficarem firmes (Anvisa). O ovo cozido ou pochê são as melhores e mais saudáveis formas de consumir, pois os nutrientes são melhor preservados. Omelete é uma boa opção, quando feita em frigideiras antiaderentes (SNA).
  • Lave bem os utensílios e as mãos antes e depois de manipular os ovos crus. O cuidado deve ser redobrado na limpeza dos utensílios que entraram em contato direto com os alimentos e as superfícies, como bancadas de cozinhas, também devem ser mantidas em bom estado de conservação (Anvisa).

Por fim, evite desperdícios e, se possível, destine as cascas de ovos para a compostagem. Assim você desfruta de uma alimentação saudável e ainda contribui para a preservação do meio ambiente!

Quer saber mais sobre consumo consciente de alimentos? Acesse o guia Primeiros Passos.

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