Na visão do economista Jeffrey Sachs, o mais provável é que se chegue a um acordo pouco robusto entre as nações participantes da COP-21, a Conferência do Clima da ONU que está sendo realizada em Paris, na França, até o dia 11 de dezembro.
“É preciso ter clareza de quando chegaremos a zero de emissões, o que torna as INDCs (Contribuições Pretendidas Nacionalmente Determinadas, do inglês Intended Nationally Determined Contributions) bastante limitadas, dado que só vão até 2030”, disse Sachs hoje (7/12) no Amazon Solutions Day, evento na COP que teve como objetivo identificar e disseminar soluções para o desenvolvimento sustentável da região Amazônica.
Para Sachs, chama atenção o fato dos EUA não caminharem na direção da “descarbonização”, propondo apenas a saída do carvão para o gás natural e o aumento na eficiência dos motores de combustão interna como seu compromisso para a redução de emissões.
Outra dificuldade apontada por Sachs no Amazon Day está na área de financiamento, onde a negociação é um grande “espetáculo de comportamento cínico”, pois não se sabe nem a origem e nem o destino do financiamento de 100 bilhões de dólares prometido pelas nações em Copenhagem em 2009 (COP-15). Ainda que a OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) tenha divulgado a utilização de 62 bilhões de dólares, não se tem informação sobre de onde veio e para onde foi esse recurso. Acredita Sachs que dificilmente haverá clareza sobre este ponto no acordo sendo negociado neste momento.
Além disso, o avanço é tímido no estabelecimento dos princípios para o desenvolvimento e compartilhamento de tecnologia, disse Sachs. Como também para o desmatamento, ele observa que as definições são insuficientes.
Apesar das críticas, Sachs vê avanços desde 2009, como a disposição da China e dos Estados Unidos para contribuir. Ainda assim, espera que se venha a ter um “acordo aberto, relativamente vazio, mas que pode ser a base para algo mais forte no futuro”.
Sachs não acredita que os governos estão em posição de fazer um acordo em mudanças climáticas, apontando para a responsabilidade dos políticos que ele qualifica como corruptos ao lidar com este tema. Na sua opinião, a ação da sociedade civil é a única maneira de endereçar o problema atualmente. “A autoridade moral de Paris virá da sociedade civil e das empresas”, disse Sachs.
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