Pense em tudo que você compra, usa, descarta — e eventualmente desperdiça. Dependemos da natureza para sobrevivermos, ao mesmo tempo em que tudo aquilo que consumimos e que parece distante do meio ambiente — de um simples chiclete a um automóvel — na verdade exigiu recursos naturais, como matéria-prima, água e energia para ser produzido. Viver em harmonia com a natureza, de forma mais sustentável, portanto, não é apenas o melhor caminho, mas o único modo possível para que haja o suficiente para todos para sempre.
O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, é uma data fundamental para refletirmos sobre a nossa relação com a natureza e sobre como nosso estilo de vida dela depende. Afinal, quando a fauna, a flora, os rios e as matas estão sob risco, por questões como queimadas, desmatamentos, poluição, caça e reflexos do aquecimento global, os ecossistemas entram em desequilíbrio afetando diretamente nossas vidas: no fornecimento de alimentos, na disponibilidade de água potável, na qualidade do ar e até no controle de pestes e doenças.
Cada brasileiro consome, ao longo de sua vida, o equivalente a espantosos 160 andares de recursos naturais. Se o volume de todos esses recursos naturais fosse colocado em tambores de 1,8 metro x 1 metro e empilhados, eles alcançariam a altura do maior edifício do mundo, o Burj Khalifa, em Dubai, que tem mais de 800 metros de altura! Proteger o meio ambiente, preservar ecossistemas e adotar hábitos de consumo mais conscientes e sustentáveis é, portanto, uma tarefa inadiável.
Em harmonia com a fauna e com a flora
O Brasil possui uma das maiores biodiversidades do mundo, abrigando cerca de 20% de todas as espécies da fauna e da flora conhecidas do planeta. São mais de 116 mil espécies de animais e mais de 46 mil espécies vegetais, distribuídas por seis biomas distintos, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente. Mas, ao mesmo tempo em que podemos nos orgulhar de tanta biodiversidade, precisamos repensar nosso estilo de vida para não prejudicá-la ainda mais e, sim, protegê-la.
O número de animais ameaçados de extinção dobrou de 2014 para 2022 e já contabiliza 1.339 espécies, segundo a Comissão Nacional da Biodiversidade (Conabio). A lista inclui animais que são símbolos do Brasil, como a onça-pintada, o tamanduá-bandeira, a ararinha-azul, o boto-cor-de-rosa e o lobo-guará, em geral vítimas da caça predatória. Mas, fatores como queimadas, desmatamentos, uso de agrotóxicos, poluição e aquecimento global também ameaçam outras espécies.
A borboleta campoleta, que só existe no Rio Grande do Sul, por exemplo, está desaparecendo e se tornando cada vez mais rara nos Pampas. Assim como as abelhas, as borboletas são polinizadores importantes e sua extinção é prejudicial para o equilíbrio da reprodução de plantas com flores silvestres, terras agrícolas e safras alimentares.
No Pantanal Sul-Matogrossense, além da caça ilegal e do avanço da agropecuária, que desmata habitáts naturais, recentemente foi identificado mais um fator que coloca em risco as onças-pintadas: o envenenamento por agrotóxicos ilegais.
Além de animais, diversas espécies vegetais também estão em risco em todo o país, como a araucária, o pau-brasil, a bromélia, o jaborandi e o jacarandá paulista. Da Mata Atlântica original, por exemplo, só restaram meros 12,4%, de acordo com o INPE. E estima-se que até 85% das espécies da Amazônia em risco de extinção perderam parte substancial de seu habitat nas últimas décadas, devido a queimadas e desmatamento. O risco ao meio ambiente se estende para nascentes, rios, lagos, mares e oceanos, ampliando a necessidade de uma transição para o desenvolvimento sustentável, em que se estabeleça estilos de vida sem excessos nem desperdícios.
Pratique o consumo consciente e proteja o meio ambiente
Reflita antes de cada compra. Evite itens supérfluos, assim você poupa os recursos naturais necessários para a sua produção e gera menos resíduos. Se precisar realmente de um novo produto, priorize opções mais sustentáveis, cujo processo produtivo gere menos impactos ao meio ambiente.
Prefira alimentos orgânicos. Além de serem mais saudáveis, alimentos orgânicos dispensam o uso de agrotóxicos que são prejudiciais para solos, para nascentes e para diversas espécies animais e vegetais.
Reduza o consumo de carne bovina. A abertura de pastagens está associada a queimadas e desmatamentos, que ameaçam habitats e emitem gases poluentes. Diminuir o consumo de carne bovina é contribuir para a redução da demanda por esse produto que, consequentemente, ajuda na preservação da natureza e no combate da crise climática.
Priorize produtos com origem certificada. Antes de comprar um caderno ou um novo móvel de madeira, por exemplo, verifique se esse produto tem algum selo ou certificação que ateste a sustentabilidade da sua origem e cadeia produtiva.
Separe seus resíduos para a reciclagem. Lembre-se: não existe jogar “fora”. O fora acaba sendo as ruas, os rios e os mares. Destine seus resíduos de forma adequada, separando o orgânico do reciclável, encaminhando os recicláveis para a coleta seletiva ou entregando-os em um PEV próximo da sua casa. Isso impulsiona a economia circular e poupa recursos naturais na produção de novos itens.
Saiba mais
Em 2022, o Dia Mundial do Meio Ambiente completa 50 anos. A data foi criada na Conferência de Estocolmo de 1972, na Noruega, a primeira Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano. Ao longo de cinco décadas, a data já teve como temas a proteção à camada de ozônio, o combate ao desperdício, a poluição do ar e da água, a desertificação e ameaças à biodiversidade. Este ano, o tema da data é “Uma Só Terra: vida sustentável em harmonia com a natureza”.
Para saber mais sobre hábitos de consumo consciente e biodiversidade, acesse o nosso guia digital Primeiros Passos: Biodiversidade.