O movimento Fashion Revolution Brasil lança, neste mês de outubro (11), o “Índice de Transparência da Moda Brasil” (ITM), estudo que traz dados sobre como grandes marcas da indústria da moda divulgam publicamente informações referentes à sua cadeia produtiva, em prol de uma maior prestação de contas, e quanto de informações públicas elas disponibilizam a respeito de suas condutas e práticas socioambientais. O projeto conta com o Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV (FGVces) como parceiro técnico e com a Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTex) como apoiadora institucional.
O Índice é um projeto que existe globalmente desde 2016, mas somente este ano foi aplicado ao Brasil. O objetivo do relatório não é nivelar ou comparar as informações de cada marca, pontuando qual é a mais transparente ao público, mas sim motivar os consumidores a buscar informações e ter acesso às políticas adotadas pelas marcas e à forma como elas impactam a sociedade e o planeta.
Nesta primeira edição nacional, as seguintes marcas foram selecionadas para análise, de acordo com critérios de diversidade setorial e representatividade no segmento de atuação: Animale, Brooksfield, C&A, Cia. Marítima, Ellus, Farm, Havaianas, Hering, John John, Le Lis Blanc Deux, Malwee, Marisa, Melissa, Moleca, Olympikus, Osklen, Pernambucanas, Renner, Riachuelo e Zara.
“A transparência é o primeiro passo, é uma prestação de contas para uma transformação na indústria e na conduta dos consumidores. Trata-se do primeiro passo e não do último. Estamos no momento de descobrir onde está o problema para entender como e onde atuar e também enxergar os novos caminhos. Precisamos ver tudo o que está acontecendo para saber como corrigir”, comenta Eloisa Artuso, coordenadora educacional do Fashion Revolution Brasil.
O ITM nasceu com o propósito de ser uma ferramenta construtiva na melhoria de toda a indústria da moda e de cada setor que se relaciona com ela, seja na elaboração de políticas públicas ou na disponibilização de informações úteis ao consumidor para a formação de um pensamento crítico acerca das etapas de produção e de consumo.
O objetivo é indicar o quão transparente as empresas têm sido ao disponibilizar informações em seus canais como site e relatórios de responsabilidade social corporativa (RSC) ou sustentabilidade. Os critérios escolhidos na avaliação das 20 marcas foram: “Política e Compromissos”, “Governança”, “Rastreabilidade”, “Conhecer, Comunicar e Resolver” e “Tópicos em destaque”.
O relatório conta com um artigo do diretor-presidente do Instituto Akatu, Helio Mattar, que fala sobre a importância do consumo consciente no setor da moda. “59% dos consumidores brasileiros apontam, como revela a pesquisa Akatu 2018, que desejam que as empresas trabalhem ativamente para o desenvolvimento da sociedade, indo além da geração de empregos e de lucros. O Índice de Transparência da Moda é essencial para orientar o olhar (e as ações) das empresas nas direções que se revelarem mais necessárias, assim como guiará a percepção do consumidor para os pontos críticos a serem considerados em suas decisões de compra”.
Produzido pelo Fashion Revolution, movimento que surgiu em 2013 após o desabamento do edifício Rana Plaza, que abrigava confecções têxteis em Bangladesh, o relatório será fundamental para que as pessoas se conscientizem a respeito das práticas empresariais das marcas que consomem, das condições de trabalho a que seus empregados estão sujeitos e dos impactos ambientais causados pela cadeia produtiva.
O desastre em Bangladesh fez com que as pessoas olhassem com mais cuidado para o modelo ?fast Fashion e também para as pessoas que estão por trás das roupas que compramos e vestimos todos os dias e as condições de trabalho oferecidas a elas.
Presente em mais de 90 países, o Fashion Revolution questiona e discute os impactos da indústria da moda na vida das pessoas e luta por transformações no mercado fashion.