Os alimentos orgânicos são mais saudáveis? Ajudam o meio ambiente? Por que são mais caros? Onde encontrá-los? Você já teve alguma dessas dúvidas? Então é hora de saber tudo sobre esse assunto! Quem nos ajuda a responder essas e outras dúvidas sobre esse tema é o Vinícius Santos Rocha, empreendedor socioambiental do Instituto Aua de Empreendedorismo Socioambiental e gestor do empreendimento da Banca Orgânica, em São Paulo.
1. O que são alimentos orgânicos?
São aqueles em que seu processo produtivo é feito sem a utilização de fertilizantes químicos, agrotóxicos, biocidas e/ou pesticidas para combater pragas, além de hormônios de crescimento (no caso de bovinos, frangos e peixes). “Antigamente a agricultura era apenas agricultura, pois tudo era orgânico. Sempre existiram técnicas com base em conhecimentos tradicionais que conseguem alta qualidade produtiva sem lançar mão de venenos”, explica o especialista.
2. Faz bem para a saúde consumir orgânicos?
Os orgânicos são muito mais saudáveis do que os convencionais, pois estão livres de substâncias altamente tóxicas e nocivas, que podem causar doenças. Além disso, são mais nutritivos. Solos ricos e balanceados com adubos naturais produzem alimentos com maior valor nutritivo.
Vinícius cita outro benefício: o aproveitamento dos alimentos orgânicos, que pode chegar até 100%, na maioria dos casos. “Um bom exemplo são os brócolis. Geralmente as pessoas têm o hábito de consumir apenas as flores, dispensando os talos e as folhas, que são partes mais duras e fibrosas e que, por isso, concentram mais agrotóxicos. Já no caso dos orgânicos, é possível consumi-los inteiros, com todos os seus nutrientes, evitando o desperdício”.
3. Quais sãos os benefícios da agricultura orgânica para o meio ambiente?
A agricultura orgânica exclui o uso de fertilizantes, agrotóxicos ou qualquer produto químico e tem como base de seu trabalho a preservação dos recursos naturais, por isso é sustentável. O solo, por exemplo, se mantém fértil e permanece produtivo o ano todo. A água local, principalmente dos lençóis freáticos, fica preservada, evitando-se, assim a contaminação de rios e lagos.
4. O cultivo orgânico influencia positivamente a economia local?
Em sua maioria, a produção orgânica provém de pequenos núcleos familiares que têm na terra a sua única forma de sustento. Mantendo o solo fértil por muitos anos, o cultivo orgânico prende o homem à terra e revitaliza as comunidades rurais.
Consumir produtos locais dá a possibilidade de comprar os produtos orgânicos diretamente de quem produz, sem intermediários, que oneram muito os custos. “E o mais importante: sabemos onde, quem e como nossos alimentos são cultivados”, ressalta Vinícius.
E tem mais: comprar produtos locais ajuda o meio ambiente. O produtor não precisa cruzar a cidade para realizar suas entregas, reduzindo drasticamente a emissão de gases poluentes, e o consumidor recebe alimentos sempre frescos, sem armazenamento, e, muitas vezes, colhidos no mesmo dia.
5. É possível ter uma produção de orgânicos em larga escala?
Segundo Vinicius, sim. Mas depende do tipo de manejo. Há dois: o orgânico e o agroecológico. O primeiro é mais simples. Para se ter a certificação, basta substituir o insumo químico pelo orgânico. Nesse caso, para se ter uma grande produção, vale a monocultura. Já no modelo agroecológico, são usados conhecimentos da agricultura tradicional, que é mais complexa. Nesse caso, é possível o cultivo de grande diversidade de vegetais, mas em áreas menores. Dessa forma, fica mais difícil produzir em larga escala.
6. Por que os alimentos orgânicos são mais caros?
Segundo Vinícius, são três fatores principais que influenciam no valor desses produtos. Um deles é o pagamento para obter a certificação de orgânicos. “É preciso provar que não são utilizados insumos químicos na produção agrícola. Já os produtores convencionais do agronegócio usam diversos venenos e não precisam pagar taxas”, revela o empreendedor socioambientalista.
O segundo fator é o preço dos insumos necessários para uma boa fertilização do solo na agricultura orgânica, que ainda é muito caro.
E o terceiro fator é a presença de “atravessadores”, principalmente em grandes mercados e distribuidores, que ficam com cerca de 75% do valor final dos alimentos. “Se a compra for direta e local, reduz-se o custo do produto, do transporte, do armazenamento e, consequentemente, do preço final”, explica Vinícius.
7. Como saber se os alimentos são realmente orgânicos?
O produto orgânico é certificado. Sua qualidade deve ser assegurada pelo Sistema Brasileiro de Conformidade Orgânica, coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o que garante ao consumidor que está adquirindo produtos mais saudáveis e isentos de qualquer resíduo tóxico.
8. Onde comprá-los?
Você pode encontrá-los, principalmente, em feiras de alimentos orgânicos. Entre no site da prefeitura de sua cidade para descobrir se há eventos como esse. Outra alternativa é utilizar modelos de distribuição que facilitam o acesso desses produtos aos consumidores, como é o caso da Banca Orgânica. “É um empreendimento socioambiental fomentado pelo Instituto Aua de Empreendedorismo Socioambiental, que faz a gestão da distribuição direta dos produtores orgânicos para coletivos de consumo, como, por exemplo, condomínios, escolas, famílias, grupos de amigos, empresas etc”, afirma Vinícius.
Que tal incluir os orgânicos em seu cardápio diário? Lembre-se de que, quando o consumidor adota como critérios para a compra de alimentos não só o preço, mas também a qualidade, a origem e as informações sobre os impactos sociais e ambientais causados pelo produtor ou pelo fabricante, entre outros, pode trazer grandes benefícios também para a sociedade e para o meio ambiente. E essas pequenas mudanças nos hábitos cotidianos de consumo de cada indivíduo são essenciais para a transição para um estilo de vida mais sustentável.
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