É verdade que cada cidade tem um plano diferente de coleta seletiva e de resíduos orgânicos — alguns mais eficientes, outros menos. Independentemente das ações da prefeitura, também é verdade que cada um de nós, consumidores, pode adotar hábitos mais sustentáveis para diminuir a quantidade de resíduos que produzimos e destiná-los corretamente. Essa é uma contribuição que beneficia a nós mesmos e à cidade em que vivemos.
O dia de hoje, 27 de agosto, Dia da Limpeza Urbana, nos faz refletir sobre a geração de resíduos neste momento de quarentena, em que as pessoas que têm condições continuam isoladas em casa para conter o avanço do coronavírus. Será que passamos a gerar mais resíduos orgânicos e sólidos nessa nova rotina?
Os balanços recentemente divulgados indicam que não. Segundo estudo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) e da Associação Internacional de Resíduos Sólidos no Brasil (ISWA), em abril, a geração de resíduos domiciliares caiu 7,25%, comparação com o mesmo período do ano passado. Apesar da queda na geração ser um bom indicador para o meio ambiente e a sustentabilidade, ela provavelmente está ligada à insegurança econômica da população, que passou a consumir menos.
Também segundo a Abrelpe, em maio houve um aumento de 28% na coleta de resíduos recicláveis domésticos em todo o Brasil. Este dado pode ser um reflexo do crescimento do consumo por delivery, com grandes quantidades de embalagens, e também do comportamento mais consciente do consumidor, que, por passar mais tempo em casa, cuida melhor de seus resíduos, fazendo a separação e a destinação dos sólidos para a reciclagem.
Porém, isso não significa que a reciclagem em si aumentou. Isso porque muitas unidades de triagem de recicláveis deixaram de funcionar ou passaram a funcionar parcialmente por conta da pandemia. Em São Paulo, por exemplo, a Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana) informou que pediu em junho para as 24 cooperativas habilitadas encerrarem as atividades justamente para proteger os funcionários de contaminação.
Máscara: o mais novo produto de consumo e resíduo gerado
Acessório importantíssimo para a proteção de cada um de nós neste momento, as máscaras também trouxeram outra preocupação: o seu descarte correto. Afinal, elas podem servir de meio de propagação do coronavírus, colocando mais gente em risco, e podem aumentar muito a poluição do meio ambiente — sobretudo de mares e oceanos. Uma máscara cirúrgica, que contém plástico, por exemplo, pode demorar até 400 anos para se decompor no meio ambiente. Já as máscaras de tecido sintético levam entre 100 e 300 anos para se decompor.
Para evitar que este material acabe nos mares, oceanos e não seja meio de contaminação, basta seguir alguns passos simples para descartá-lo. Segundo a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), é preciso colocar uma ou várias máscaras juntas dentro de dois saquinhos plásticos (um dentro do outro), amarrar bem forte, sinalizar que ali contém máscaras, se possível, e jogar no lixo comum, o orgânico. As máscaras portanto, não devem ser misturadas com resíduos que podem ser reciclados.
A ONU orienta ainda que a limpeza das máscaras de tecido seja feita com sabão ou detergente e água quente. Caso não seja possível lavar com água quente, depois de esfregá-la com sabão ou detergente, despeje água fervente por um minuto. Outra opção é deixá-la de molho no cloro (a 0,1%) por um minuto e, depois, enxaguá-la completamente para que não fique nenhum resíduo.
Outros materiais que merecem atenção especial na hora do descarte
O descarte de remédios vencidos, pilhas, baterias e produtos eletrônicos também costuma causar muitas dúvidas. É importante dar o destino correto para cada um desses itens porque eles precisam de cuidados específicos para não poluir as cidades e o meio ambiente.
Pilhas e as baterias, antes de tudo, devem ser embaladas para evitar vazamentos e contaminação. O portal E-Cycle conta com um serviço para você consultar o ponto de coleta destes itens mais próximo da sua casa.
Para produtos eletrônicos, existem leis específicas que tratam de seu descarte. As empresas fabricantes devem oferecer a coleta de seus equipamentos e promover o seu descarte adequado, contribuindo, assim para a chamada logística reversa. A Green Eletron mapeou pontos de entrega de eletrônicos e reuniu as informações em um serviço de localização. Em São Paulo, o Recicla Sampa também fornece informações de onde descartar produtos eletrônicos e outros itens.
Quando o assunto é o descarte de medicamentos, lembre-se que eles também pedem cuidados específicos. Uma pesquisa da Universidade Federal de São João Del Rei, de 2015, apontou que cerca de 20% dos medicamentos são descartados de maneira errada no Brasil.
O ideal é entregar remédios velhos, vencidos ou que você não vai utilizar em postos de coleta específicos, como farmácias e postos de saúde — em junho, foi assinado um decreto que obriga as farmácias a instalar coletores para o recolhimento de remédios vencidos. O prazo para adequação varia de acordo com o número de habitantes na cidade e pode levar até 5 anos.
Quer saber mais sobre o descarte de medicamentos? Assista a este vídeo!