No ano passado foi registrado um recorde de concentrações na atmosfera de gases que causam o efeito estufa e o aquecimento global, de acordo com um estudo da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), divulgado no dia 24 de outubro. Pela primeira vez, as emissões de dióxido de carbono, CO2, ultrapassaram 400 partes por milhão (ppm). Essa taxa já havia sido atingida em algumas partes do mundo em 2015, mas nunca em uma dimensão mundial durante um ano inteiro. A pesquisa também mostra que as concentrações desse gás permanecerão assim durante todo o ano de 2016 “e não serão reduzidas para baixo desse nível durante muitas gerações”.
O fenômeno El Niño seria o principal causador dos níveis recordes de gases na atmosfera. Segundo a agência da ONU, as secas em vários países, principalmente nas regiões tropicais, limitaram a capacidade da terra de absorver dióxido de carbono, que é o principal gás responsável pelo aquecimento global. Além disso, os incêndios causados justamente como consequência do fenômeno do El Niño acabaram intensificando as emissões.
Desde a era pré-industrial
Os níveis de CO2 na atmosfera estão 144% acima do patamar registrado no ano de 1750 (era pré-industrial). Outros gases de efeito estufa também tiveram um aumento recorde no mesmo período: óxido nitroso (121%) e metano (256%). A grave consequência disso foi o aumento das temperaturas do planeta. Só entre 1990 e 2015, houve um incremento de 37% do efeito de aquecimento do clima.
De todos esses gases, o maior vilão é o CO2, responsável por 65% do aumento do efeito estufa nos últimos dez anos. Agora o grande desafio será combatê-lo. Mas essa não será uma tarefa nada fácil, segundo o secretário-executivo da OMM, Petteri Taalas. Durante o lançamento do estudo em Genebra, o especialista disse à Rádio ONU que o tempo de vida do dióxido de carbono é muito longo e poderão ser necessários “dezenas de milhares de anos” para que a qualidade do ar volte aos níveis da era pré-industrial. Mas está otimista com o Acordo de Paris, que determina as diretrizes universais para o combate às Mudanças Climáticas e ao aquecimento global, e que entrará em vigor no próximo dia 4 de novembro. E ressalta que se o tratado não se e transformar em leis vinculantes nos diferentes Estados que o assinaram, a concentração de gases vai continuar aumentando. “Temos de passar das palavras para os fatos”.
O Acordo de Paris foi ratificado por 73 países, respondendo por 56,87% das emissões globais de gases de efeito estufa. Para entrar em vigor, o acordo precisava da ratificação de pelo menos 55 países que somassem, no mínimo, 55% de todas as emissões globais de gases. A meta foi alcançada depois que a União Europeia (UE) ratificou o acordo no início de outubro.
Consumo consciente
Os consumidores também são parte da origem desse grave problema ligado às emissões de gases de efeito estufa, mas também são parte de sua solução. Por meio de mudanças em suas práticas cotidianas, os consumidores se percebem como cidadãos e se empoderam, forçando as empresas a produzirem de forma mais limpa. Também podem contribuir com pequenas atitudes, como, por exemplo, optar pelo transporte público ao invés de carros movidos a combustíveis fósseis, não desperdiçar alimentos ou comprar madeira certificada. Este novo comportamento e esta nova consciência são primordiais para reduzir o aquecimento global e suas consequências ruins ao clima do planeta.
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