Nesta quarta-feira (25/1), diversos supermercados, incluindo os das três maiores redes (Grupos Carrefour, Walmart e Pão de Açúcar; todos apoiadores estratégicos do Akatu), deixaram de oferecer gratuitamente a seus consumidores as sacolas plásticas descartáveis gratuitas para o transporte de compras. A medida tem gerado polêmica. As sacolas plásticas são responsáveis por originar grande quantidade de lixo, demoram para se decompor na natureza e causam impactos negativos sérios sobre o meio ambiente. Para se ter uma ideia da dimensão, basta dizer que as 14 bilhões de sacolas produzidas anualmente no Brasil em 2010, se empilhadas, alcançariam 750 km de altura! Porém, elas são cômodas para o consumidor final, que tem muitas dúvidas sobre como substituí-las.
As sacolinhas costumam ser bastante criticadas por serem produzidas com material plástico. Mas, é um equívoco fazer do plástico um vilão. Na verdade, por ser leve, barato, durável, higiênico, se usado para produzir produtos não descartáveis, o plástico pode ser uma boa opção. O problema das sacolas plásticas é que são descartáveis e, por isso, incompatíveis com um futuro sustentável no longo prazo. Sua descartabilidade faz com que sejam produzidas em enorme quantidade. Cada sacolinha envolve, na sua produção, o uso de matérias-primas, água e energia. Envolve também gastos de energia e combustível para o seu transporte até os supermercados. E cada uma delas acaba em geral sendo usada uma única vez e descartada com o lixo. O problema é que este processo resulta em um grande desperdício de recursos da natureza.
A pergunta que fica para o consumidor é como e pelo quê substituí-las. Existem inúmeras perguntas para serem feitas. De que matéria-prima é feita a sacolinha de plástico? E de que matéria-prima é feita a alternativa escolhida? Qual o impacto da extração de uma e de outra? E os impactos de seu processamento? Como são os processos de fabricação e transporte? A alternativa é reutilizável? E é preciso considerar também o descarte, como uma das várias dimensões que devem ser avaliadas. Somente a avaliação comparativa poderá fornecer as informações sobre os impactos ambientais de cada alternativa e que, finalmente, podem balizar, corretamente, a escolha, pelo consumidor, do tipo de sacola mais adequada às suas condições específicas.
Existem estudos focados em fazer este tipo de avaliação. Chamam-se Análise de Ciclo de Vida (ACV) e podem orientar corretamente as escolhas do consumidor. Em agosto de 2011 foi divulgado um primeiro estudo sobre sacolinhas, comparando algumas das alternativas existentes no mercado brasileiro para o acondicionamento de compras. O estudo, pioneiro, foi solicitado pela Braskem, maior produtora de resinas termoplásticas das Américas, à Fundação Espaço Eco, entidade que desenvolve estudos de ACV considerando métodos científicos, internacionalmente reconhecidos e certificados.
O estudo avaliou a ecoeficiência das diversas possibilidades de se levar as compras para casa, ou seja, como se comportavam do ponto de vista do seu custo e seu impacto ambiental. Consideraram-se alternativas mais ecoeficientes aquelas com baixo custo e menor impacto ambiental.
O estudo mostrou que a melhor opção varia de acordo com o cenário em que ela é utilizada. Por um lado, as sacolas descartáveis de plástico apresentaram melhor ecoeficiência nas situações em que os consumidores fazem menos compras (até 26,5 kg/mês), tem menor frequência de ida ao supermercado (menos de uma vez por semana) e/ou maior frequência de descarte de lixo (duas ou mais vezes por semana), com reuso das sacolas plásticas para o descarte desse lixo. Por outro lado, as sacolas retornáveis de tecido ou de plástico apresentaram melhor ecoeficiência nas situações em que os consumidores têm maior volume de compras (a partir de 106 kg/mês), maior frequência de ida ao supermercado (mais do que duas vezes por semana) e/ou menor frequência de descarte de lixo (até duas vezes por semana), levando à baixa necessidade de compra de sacos plásticos grandes para acondicionar o lixo. Em todos os casos, a sacola de papel apresentou os piores resultados.
A recomendação do Akatu é que o consumidor final considere a decisão dos supermercados como uma ação emblemática de combate à descartabilidade e aproveite-a para repensar todo o seu comportamento de consumo. Ou seja, é uma oportunidade concreta para começar a planejar as compras antes de ir ao supermercado, levar a sacola retornável e utilizá-la o maior número de vezes que for operacionalmente possível, estendendo sua vida útil ao máximo. Quanto mais for ampliada a vida útil da sacola retornável tanto maior será a sua ecoeficiência. Em casa, é preciso reaproveitar ao máximo os alimentos e embalagens e reduzir, na medida do possível, a quantidade de lixo produzido, diminuindo a necessidade de acondicionamento em sacos específicos para este fim. No final, praticar a coleta seletiva e cobrar do poder público o fornecimento deste serviço onde ele não existe.
Para o Akatu, a educação do consumidor é sempre o mais importante. E isto vale para que ele elimine os desperdícios em qualquer item de consumo, não só no caso das sacolas. Com isso, mudam os comportamentos de consumo, o que acaba gerando impactos mais positivos (ou menos negativos) e com resultados duradouros, seja para a sociedade como para o meio ambiente. O que é bom para todos!