Comentário Akatu: O estudo abaixo mostra que apenas 25% da população de São Paulo vive a uma distância de até 1 km de uma estação de transporte público de qualidade. Esse número é claramente insuficiente para atender à demanda existente na metrópole de maneira a induzir o uso do transporte público. O governo precisaria investir mais no acesso à mobilidade por meio do transporte público e de massa para que mais pessoas optem pelos coletivos e evitem usar os automóveis. Sem isso, a qualidade de vida de todas as pessoas será pior, visto que a continuidade do uso do transporte individual significa que tanto a poluição do ar como a emissão de gases de efeito estufa – como o CO2 –, causadores do aquecimento global e das mudanças climáticas, seguirão sem melhoria, o que prejudica a saúde de todos e a do clima. E isso sem falar que o transporte individual também é fonte de poluição sonora e de desperdício de tempo em congestionamentos, o que contribui adicionalmente para a perda de qualidade de vida.
O ITDP Brasil e o WRI Brasil Cidades Sustentáveis apresentam infográfico com dados do indicador PNT para a cidade de São Paulo. O PNT, da sigla para o termo original em inglês People Near Transit, aponta o percentual de pessoas residentes em um raio de até 1km nos entornos das estações de transporte.
Apesar de possuir a maior rede de transporte público do Brasil, apenas 25% da população de São Paulo vive próxima a uma estação de transporte público de qualidade.
Para Clarisse Cunha Linke, diretora-executiva do ITDP Brasil, “a rede de transporte público de qualidade em São Paulo é insuficiente para atender à demanda existente. Quanto mais pessoas viverem próximas às estações de transporte, melhor será o seu acesso aos bens, serviços e empregos oferecidos na cidade. Além disso, o aumento do acesso ao transporte pode contribuir para a redução da histórica desigualdade social, tão presente nas cidades brasileiras. Por isso, é preciso investir em alternativas mais rápidas, menos onerosas e que apresentem soluções mais sustentáveis do que o automóvel”, explica.
O infográfico mostra que São Paulo tem um PNT muito baixo (25%) se comparada a outras metrópoles mundiais, a exemplo de Rio de Janeiro (47%), Cidade do México (48%), Pequim (60%), Nova York (77%) e Paris (100%).
Para que as pessoas possam se deslocar com eficiência e conforto e estejam dispostas a reduzir o uso do automóvel, a cidade precisa oferecer uma vasta rede de transportes acessível e de qualidade. Se forem implementadas as metas previstas para o transporte público no Plano Diretor de São Paulo e no Programa de Corredores Metropolitanos (EMTU) para o ano de 2025, a cidade pode ter uma melhora considerável na garantia desse acesso. Cerca de 70% da população de São Paulo viverá a uma distância de até 1 km das estações de transporte público e a cidade terá um PNT próximo ao de algumas cidades conhecidas por sua extensa rede de transportes, como Nova York.
Apesar do crescimento da demanda por transporte coletivo na cidade de São Paulo, ele ainda é menos atrativo que o individual. Um dos fatores que contribuem para essa baixa atratividade é o percentual muito alto de ônibus que circulam fora de corredores ou faixas exclusivas – segundo dados do Plano de Mobilidade de São Paulo, aproximadamente 87% das vias por onde trafegam os ônibus são compartilhadas por outros veículos, de forma que o transporte coletivo sofre tanta interferência do tráfego quanto os carros.
Além disso, o desequilíbrio na distribuição do transporte e das oportunidades na cidade gera a necessidade de um número maior de viagens de pessoas e transporte de bens, acentuando a desigualdade socioeconômica e gerando uma série de impactos negativos para a sociedade como um todo. O PNT poderá ser incrementado se além da expansão da rede forem promovidos o adensamento e qualificação das áreas de entorno das estações de transporte. Assegurar o acesso ao transporte público é uma das maneiras de garantir o direito a uma cidade justa e sustentável.
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