Como lidar com um consumidor mais consciente do impacto das suas escolhas e incentivar que as empresas busquem soluções que respondam a essas exigências, promovam bem-estar social e ambiental e ainda garantam retorno financeiro? Estes foram alguns dos aspectos sobre produção e consumo Sustentáveis debatidos durante o segundo dia do 4º Seminário Sebrae de Sustentabilidade, em Cuiabá (MT).
“Temos uma economia basicamente estruturada na aceleração do processo de extração de recursos, produção de bens e serviços, venda, consumo, uso e descarte”, afirmou Dal Marcondes, jornalista diretor da Envolverde e especialista em meio ambiente, ressaltando que, por conta disso, a discussão sobre modelos de produção e consumo mais sustentáveis é central para a transformação necessária do cenário dos negócios.
Segundo Henrique Lian, diretor de Comunicação e Relações Institucionais do Instituto Ethos, os principais obstáculos às empresas que pretendem incorporar práticas mais sustentáveis são a falta de subsídios para negócios de uma nova economia, a existência de incentivos e subsídios para atividades não alinhadas a práticas sustentáveis e o medo de perder mercado. “Uma empresa se move na direção da sustentabilidade quando isso se mostra viável do ponto de vista do negócio. Hoje temos que transformar problemas ambientais e sociais como oportunidades, para novos e melhores negócios”, destacou Lian.
“As adaptações tem que ser feitas desde já, porque no futuro não teremos escolha”, argumentou Felipe Warken, da fábrica de Conservas Linken, em Minas Gerais. Warken apresentou o caso de criação e gestão da sua empresa como destaque reconhecido pelo Prêmio Sebrae de Práticas Sustentáveis. A empresa surgiu no norte mineiro, incorporando práticas de logística reversa e embalagens retornáveis, incentivando a força de trabalho dos moradores da região e estimulando a produção local. “Temos contrato com 85 produtores de agricultura familiar. Nós incentivamos os produtores da região para garantir a subsistência do negócio deles e nosso. Quando você cria esse ambiente que consegue autonomia e se mantém, dificilmente você não terá sucesso”, comemora o microempresário.
Educação e informação para o consumo consciente
Para Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade do Grupo Carrefour Brasil, a informação direta ao consumidor é o principal gatilho para que ele mude de comportamento, forçando ainda as empresas a incorporarem práticas sustentáveis. “O Carrefour trabalha em parceria com o Instituto Akatu desenvolvendo mecanismos para que as pessoas façam escolhas mais conscientes”. Pianez indicou que o varejo tem papel importantíssimo nesse processo porque fala diretamente com o consumidor. Citou ainda que a rede de supermercados usa sua comunicação como veículo de educação para o consumo, apresentando informações sobre o que fazer com embalagens pós consumo, incentivando consumidores a fazerem planejamento de compras, elaborarem listas de compra para evitar desperdício e a manipular alimentos para aproveitamento integral. “A informação mais efetiva é a da gôndola, apresentada ao consumidor no momento da compra”, destacou Pianez.
Conheça o caso da fábrica de Conservas Linken
A logística reversa é empregada no dia a dia da empresa Linken, que faz reutilização de vidros de conservas. A empresa compra os vidros de terceiros, higieniza e embala suas conservas de alimentos. Reutiliza caixas de papelão, reduzindo seu consumo. A Linken também apoia agricultores familiares, fornecendo insumos (como sementes e adubo) e suporte técnico, tornando-os fornecedores.
O evento, que acontece até quinta-feira (31/7) traz em sua programação diálogos, palestras e apresentação de cases que inspiram boas práticas de inovação para a sustentabilidade em pequenos negócios.
A equipe do Akatu participa do evento a convite do Centro Sebrae de Sustentabilidade
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