Dia dos Oceanos, celebrado no dia 8 de junho, é uma oportunidade para refletir sobre a importância dos mares para nós e os impactos sofridos por eles como consequência das nossas atividades. Além dos problemas mais conhecidos de acúmulo de resíduos, devido ao descarte inadequado de lixo, os oceanos são os principais afetados pelas Mudanças Climáticas – causadas pela emissão dos gases de efeito estufa (GEE), provenientes da queima de combustíveis fósseis e outras atividades como o desmatamento, a agricultura e pecuária e a decomposição do lixo.
O efeito mais conhecido é o aumento do nível do mar pelo derretimento do gelo, consequência do aquecimento da atmosfera e da água, além da radiação solar. O derretimento é um fenômeno natural, mas nos últimos anos foi possível notar uma perda de gelo fora do normal. No Ártico, a cobertura de gelo tem registrado recordes consecutivos de menor extensão no verão. Imagens de satélites mostram que os anos de 2012, 2007, 2011 e 2015 (o ano mais quente da história, segundo a Nasa e as principais agências climatológicas do mundo) registraram o maior degelo desde que as medições começaram, em 1981.
De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), o Painel do Clima da Organização das Nações Unidas, até o fim deste século o nível do mar pode subir até 1 metro se o padrão de emissões de gases de efeito estufa, causadores do Aquecimento Global, continuar o mesmo. Se houver uma aceleração do derretimento do gelo na Antártida, o aumento pode ser de até 2 metros, segundo estudo publicado recentemente no periódico científico Nature por pesquisadores das universidades de Massachusetts e da Pensilvânia, dos Estados Unidos.
Mas o principal efeito das nossas atividades se deve ao fato de que são os oceanos que absorvem a maior parte do gás carbônico lançado na atmosfera. Essa absorção de energia aquece os mares, tanto as águas superficiais quanto as mais profundas, e também os torna mais ácidos, pela redução de pH da água a partir da combinação de CO2 (dióxido de carbono) e H2O (água), que forma o ácido carbônico. A água mais quente se expande, aumentando o seu volume.
Além disso, o aquecimento é perigoso para a vida marinha por alterar as condições normais a que as espécies estão adaptadas. Os ecossistemas de recifes de corais são os mais vulneráveis ao aquecimento e acidificação, gerando uma reação em cadeia – pois são a base da cadeia alimentar nos oceanos. Também sofrem os animais que dependem do cálcio para formar suas carapaças, como os caranguejos, já que em águas mais ácidas há menos cálcio.
Consequentemente, toda a fauna marinha é prejudicada, pelo desequilíbrio na distribuição de espécies e na cadeia alimentar – algumas delas também prejudicadas pela pesca ostensiva.
Como mudar essa trajetória?
Além do impacto do aumento do nível do mar sobre cidades costeiras, são os oceanos que regem o clima do planeta: os padrões de chuvas e a temperatura atmosférica estão diretamente ligados à temperatura do mar, ao fluxo das correntes marítimas, à evaporação e massas de ar e umidade. O aquecimento dos mares tem impacto direto na formação de tempestades, por exemplo. As mudanças do clima causam mais “eventos climáticos extremos”, como ciclones, chuvas intensas ou secas duradouras.
Você deve estar se perguntando: o que é possível fazer diante disso? Os efeitos das emissões de gases de efeito estufa ainda serão sentidos por um bom tempo. A inércia térmica dos oceanos é grande – ou seja, as águas demoram a esquentar e a liberar calor (e por isso também demorou para que os efeitos das emissões de carbono fossem perceptíveis), mas também demoram a esfriar. Os gases de efeito estufa também têm vida longa na atmosfera. Mas é possível dar outro rumo a essa história – e a boa notícia é que isso já tem sido feito.
Na conferência do clima das Nações Unidas, que ocorreu em dezembro de 2015 em Paris, governos de todo o mundo se comprometeram a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa para que o aumento da temperatura global fique “bem abaixo” dos 2 graus Celsius em relação à temperatura média no período pré-industrial. Os 2 graus são o limite considerado pelo IPCC para que os efeitos das mudanças do clima sejam menos perigosos. Para alguns países como as pequenas Ilhas do Oceano Pacífico, os 2 graus podem já ser perigosos demais, e por isso os países também se comprometeram a se esforçar para que o aquecimento não ultrapasse 1,5 graus Celsius. As empresas também têm notado o ganho econômico em reduzir emissões e muitas já se comprometem em avançar em renováveis e também com o melhor aproveitamento de recursos.
Cada um de nós também pode agir para frear e se adaptar às Mudanças Climáticas. Tenha em mente que todas as atividades humanas têm impactos sobre o meio ambiente e geram emissões. Por isso, busque mudar seus hábitos cotidianos. Siga as nossas dicas:
– MENOS CARROS: prefira o transporte coletivo ao individual, para emitir menos gases de efeito estufa, causadores do Aquecimento Global. Se der para fazer suas atividades a pé ou em transporte não-motorizado, como a bicicleta, melhor ainda – mesmo que seja em trechos curtos.
– CONSUMO CONSCIENTE: antes de fazer uma compra, reflita. Pergunte a si mesmo se o que você está comprando é realmente necessário e informe-se sobre a cadeia de produção antes de escolher. Gases de efeito estufa são emitidos durante todo o processo de produção de alimentos, peças de vestuário, eletroeletrônicos e outros produtos.
– MAIS VERDE: colabore com a conservação e restauração de áreas verdes, nascentes, parques e praias. Nas cidades, essas áreas são essenciais para diminuir os impactos dos extremos climáticos.
– PARTICIPE: conheça os projetos da sua cidade e participe de debates sobre adaptação às mudanças do clima, questionando se as novas construções e obras públicas de saneamento consideram os riscos climáticos, como o aumento das chuvas e, no caso das cidades costeiras, do nível do mar, evitando acidentes e poupando recursos.
– SEM DESPERDÍCIO: mude seus hábitos em relação aos alimentos, evitando o desperdício, e diminua o impacto no clima. Saiba como aqui. [link].
– DESCARTE CONSCIENTE: não descarte produtos que ainda são úteis e bons para o uso. E, quando for necessário descartá-los, procure fazê-lo da maneira adequada, informando-se com as fabricantes e com os órgãos públicos responsáveis pela coleta.
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