29,6 milhões de toneladas de toneladas de resíduos sólidos geradas em 2014 foram dispostas em locais considerados inadequados e que oferecem riscos ao meio ambiente e à saúde
A nova edição do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, com os dados consolidados do ano de 2014, lançada hoje (28/07) pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), traz dados alarmantes sobre a situação da gestão de resíduos sólidos no País.
De acordo com a publicação, das 78,6 milhões de toneladas de resíduos sólidos geradas em 2014, 29,6 milhões de toneladas foram dispostas em lixões e aterros controlados, locais considerados inadequados e que oferecem riscos ao meio ambiente e à saúde. Isso significa que mais de 78 milhões de brasileiros – o equivalente a 38,5% da população total do País – não têm acesso a serviços de tratamento e destinação adequada de resíduos.
Além disso, mais de 20 milhões de pessoas – o equivalente a mais do que a população toda da Grande São Paulo, maior metrópole do Brasil – sequer contam com a coleta regular de lixo, já que cerca de 10% dos materiais gerados nas cidades não são sequer coletados.
“Apesar de estar em vigor desde 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) pouco contribuiu para mudar o cenário da gestão de resíduos no Brasil. Vencidos, em 2014, os prazos finais estipulados pela lei, o País ainda enfrenta dificuldades para lidar com uma gestão integrada de resíduos sólidos de maneira adequada, o que leva a uma situação de emergência ambiental e de saúde pública”, alerta o diretor-presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho.
Segundo o relatório da Abrelpe, a evolução da gestão de resíduos tem sido muito lenta, apresentando até mesmo estagnação em alguns pontos:
>Entre 2003 a 2014, a geração de lixo aumentou 29%, índice cinco vezes maior que taxa de crescimento populacional do mesmo período, que foi de 6%;
>Apesar desse aumento significativo na geração, a quantidade de resíduos que tem destinação final adequada praticamente não se alterou, passando de uma cobertura de 57,6%, em 2010, para 58,4%, em 2014. Isso é consequência dos 3.334 municípios brasileiros que ainda dispõem seus resíduos em lixões e aterros controlados, conforme quantidades de municípios apresentada na tabela abaixo.
“A carência por serviços básicos de gestão de resíduos (coleta e destinação adequada) traz diversos e graves prejuízos para a sociedade, a começar com a contaminação do meio ambiente que, além do impacto na qualidade ambiental e da saúde pública, impõe uma grande demanda de recursos para posterior remediação e culmina com o desperdício de recursos que poderiam ser aproveitados através de processos de recuperação, reciclagem e tratamento adequados”, salienta o diretor-presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho.
Coleta seletiva
Em se tratando de reciclagem, a evolução também foi muito pequena. Segundo o Panorama, 64,8% dos municípios brasileiros apresentaram alguma iniciativa de coleta seletiva em 2014, ao passo que, em 2010, esse número era de 57,6%. E, mesmo com todos os estímulos, os índices de reciclagem dos principais materiais permanecem estagnados há quatro anos.
Para orientar o consumidor, o Instituto Akatu indica seguir os 4R’s: Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Repensar. REDUZIR significa consumir menos produtos e preferir aqueles que ofereçam menor potencial de geração de resíduos e tenham maior durabilidade. REUTILIZAR é estender a vida útil dos produtos, evitando que sejam descartados rapidamente. RECICLAR envolve a transformação dos materiais para a produção de matéria-prima para outros produtos. Também é importante REPENSAR, refletir sobre os seus atos de consumo e os impactos que eles provocam sobre você mesmo, a economia, as relações sociais e a natureza.
Leia mais: