Comentário Akatu: Inovações tecnológicas e políticas públicas podem ser ferramentas efetivas para a transição para uma sociedade mais sustentável. Mas é importante lembrar que é preciso também inovar nos padrões de produção e de consumo para que seja possível alcançar o bem-estar desejado pela sociedade com um uso muito menor de recursos naturais como a água. Hoje, já consumimos e descartamos 50% mais recursos naturais renováveis do que o planeta é capaz de regenerar e absorver, inclusive a água. A crise hídrica no Sistema Cantareira é gravíssima. Necessitamos, ao mesmo tempo, de uma produção mais responsável e de um consumo mais consciente.
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) informou que o início da captação da segunda cota da reserva técnica, o chamado volume morto, aumentaria em 10,7 pontos percentuais a capacidade do Cantareira. O nível dos reservatórios desse sistema registra quedas contínuas e chegou hoje a 7,6% da capacidade. Há um ano, o nível era de 42%.
De acordo com a Sabesp, a obra para captação da segunda cota, que foi autorizada pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), está em andamento e fornecerá 106 bilhões de litros ao sistema. Segundo o DAEE, a Sabesp solicitou permissão para o início da captação, mas não conseguiu autorização do departamento, já que faltou estudo operacional. A ANA também exigiu a entrega de um Plano Operacional dos Reservatórios, o que a Sabesp ainda não fez.
Conforme a nota da companhia, a água da segunda cota será usada apenas se houver necessidade. Acrescenta que o fornecimento à população está garantido até o próximo ano. “Na remota hipótese de não chover uma gota na próxima estação chuvosa, está garantido o abastecimento até março de 2015, quando estará consolidado o próximo período de chuvas”, ressalta o documento.
O Cantareira, que fornece água para 9 milhões de pessoas na Grande São Paulo e para as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, sofre a maior falta de chuva de sua história. Em maio, teve início o uso da reserva técnica, que acrescentou 182,5 bilhões de litros de água, equivalente a 18,5%, sobre o volume total do sistema.
Na última sexta-feira (19), a ANA se retirou do Grupo Técnico de Assessoramento para a Gestão do Sistema Cantareira, criado em fevereiro para discutir a crise hídrica e também integrado pelo DAEE e pela Sabesp. A agência discordou do governo paulista sobre a ausência de recomendações de vazões a serem praticadas.
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