Comentário Akatu: O trabalho infantil, prática ilegal que prejudica o desenvolvimento de crianças e adolescentes por todo o mundo, é um grave efeito do modelo de produção e consumo da sociedade atual. Empresas e seus stakeholders precisam criar formas de produzir que sejam ambientalmente sustentáveis e socialmente justas em todas as etapas da cadeia, e, entre outros, não levem crianças e adolescentes ao trabalho precoce, afastando-os do ambiente escolar, da convivência familiar, do lazer e até mesmo da saúde. Mesmo porque é justamente na infância e na adolescência que se estabelecem, especialmente na escola e no ambiente familiar, os valores, comportamentos e hábitos que vão permanecer por toda a vida. Por isso, para alcançarmos um novo modelo de civilização que valorize o bem-estar de todos mais do que o consumo em si, é primordial educar nossas crianças e jovens para o consumo consciente e a sustentabilidade. Assim, desde cedo, eles poderão fazer com consciência suas escolhas de consumo, com base no que é realmente importante para sua vida e bom para a sociedade e para o meio ambiente. Consumidores também podem fazer sua parte, ao conhecer a história dos produtos que consome, para se certificar de que sua produção não envolve atividades injustas e irresponsáveis.
Este ano, o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil – marcado em 12 de junho – tem como foco o trabalho infantil nas cadeias produtivas. Com 168 milhões de crianças ainda submetidas ao trabalho infantil, todas as cadeias produtivas, da agricultura à fabricação, dos serviços à construção, correm o risco de que o trabalho infantil esteja presente em sua estrutura.
“O trabalho infantil não tem lugar em mercados bem regulados e que funcionam corretamente, ou em qualquer cadeia produtiva. A mensagem de que devemos agir agora para acabar com o trabalho infantil de uma vez por todas foi reforçada pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Atuando em conjunto, está dentro de nosso alcance tornar o futuro do trabalho um futuro sem trabalho infantil”, disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.
Para apoiar as empresas em suas ações para eliminar o trabalho infantil de suas cadeias produtivas, a OIT e a Organização Internacional de Empregadores criaram conjuntamente a Ferramenta de Orientação Trabalho Infantil, um recurso para as empresas aumentarem seus conhecimentos e sua capacidade de realizar negócios seguindo as normas internacionais do trabalho sobre o trabalho infantil.
A ferramenta se baseia na longa experiência do Programa Internacional da OIT para a Eliminação do Trabalho Infantil de colaborar com os empregadores para combater o trabalho infantil nas cadeias produtivas e incorpora contribuições do uma ampla variedade de empresas, incluindo Coca-Cola, AngloGold Ashanti, Vale, Japan Tobacco e Sterling Manufacturing.
Além disso, a OIT oferece o intercâmbio de conhecimentos e melhores práticas através da Plataforma sobre o Trabalho Infantil, que visa a identificar os obstáculos à implementação das convenções da OIT sobre o trabalho infantil nas cadeias produtivas, desenvolver maneiras práticas de superar estes obstáculos e catalisar a ação coletiva.
“Com a globalização, as cadeias produtivas estão se tornando cada vez mais complexas, envolvendo trabalhadores, pequenos produtores e empresas em todas as partes do mundo. Acabar com o trabalho infantil neste contexto é dever de todos”, declarou a chefe de Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho da OIT, Beate Andrees.
Confira também a campanha deste ano para o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil.
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