Os patrocinadores da Pesquisa Akatu 2018 estiveram presentes no evento de lançamento do estudo, realizado no dia 25 de julho no Sesc Consolação, em São Paulo. Representantes das empresas Coca-Cola, Unilever, Grupo Boticário, Natura e Cargill falaram sobre os insights mais relevantes, inspirados nas conclusões da pesquisa. A mediação deste painel foi realizada por Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu.
A “Pesquisa Akatu 2018 – Panorama do Consumo Consciente no Brasil: desafios, barreiras e motivações” está em sua quinta edição e investiga a evolução do grau de consciência dos brasileiros no comportamento de consumo, além de indicar os principais desafios, motivações e barreiras à prática do consumo consciente.
Para Andrea Mota, diretora de sustentabilidade da Coca-Cola, o que chamou mais a atenção na pesquisa foi a porcentagem de consumidores que declararam enfrentar barreiras para adotarem produtos sustentáveis, de 60%. “O papel das empresas é ajudar as pessoas a reduzir seus esforços para conseguirem ter uma vida mais sustentável. Devemos refletir sobre que ações concretas podemos fazer em prol dos consumidores, especialmente os iniciantes, que são 38% da população”, enfatiza ela. “Se conseguirmos converter esses iniciantes para engajados e conscientes, 75% da população praticará o consumo consciente”, completa Mota. Ela também ressaltou a importância de investimentos na comunicação com o público. Andrea disse que a Coca-cola pretende melhorar as informações nos rótulos de seus produtos e aumentar o número de embalagens retornáveis. Durante o evento, também foi perguntado sobre o que se espera de uma “empresa do futuro”. A diretora disse que o ideal é continuar operando com o menor impacto possível, contando com três grandes forças: os consumidores, os associados e os investidores.
Antonio Calcagnotto, diretor de assuntos corporativos e sustentabilidade da Unilever, também comentou sobre a Pesquisa Akatu. “O que chamou muito a atenção é que uma pequena parcela da população, somente 7%, se considera consumidor consciente. Não adianta nós apenas sermos sustentáveis em toda a cadeia produtiva. Precisamos falar mais sobre sustentabilidade com o público. Também estamos fazendo um trabalho muito forte de convencer setores a mudar”, conta o especialista. Ele destacou a necessidade de as empresas trabalharem além do que a lei diz, como por exemplo, melhorar o descarte de resíduos sólidos. Sobre a “empresa do futuro”, o diretor disse que o ideal é sistemas de produção sem desperdício, sem trabalho infantil e que não haja consumo de recursos naturais que não possam ser renováveis.
Juliana Perna de Mendonça, gerente de branding e comunicação do Grupo Boticário, foi a terceira pessoa avaliar os resultados da pesquisa. Ela frisou a alta porcentagem de consumidores que desconhecem o que seja sustentabilidade e para melhorar essa situação, as empresas devem investir mais em comunicação. “A gente precisa encontrar uma forma de mostrar ao consumidor o real valor do sustentável, não só do ponto de vista individual mas também do coletivo” afirma a gerente. Ela cita como exemplo ter divulgação clara sobre o descarte correto de embalagens recicláveis, que faz parte da responsabilidade das empresas que as produzem. Outro insight foi a questão dos preços altos como barreira. “Na cadeia de produção, é necessário conseguir negociar suprimentos a um custo mais justo para que isso não pese tanto no bolso do consumidor. Que os preços de produtos sustentáveis não sejam o principal motivo para deixar de consumir de uma maneira mais consciente”, promete Juliana Mendonça.
Na sequência, Larissa Berbare, head de consumer insights da Natura, salientou a importância da pesquisa para a consulta de grandes empresas, como um mapa completo sobre comportamentos e hábitos de consumo no Brasil. “Um dos grandes insights foi não ter uma estratégia bola de prata. Não há nada que se possa fazer tão relevante e convincente pra todo mundo ao mesmo tempo, pois há quatro perfis. Os iniciantes são os que têm mais potencial para influenciar, assim a gente não fica falando só com quem já está consciente e engajado, que é a minoria da população”, diz a gerente. Para isso, será preciso valorizar mais a comunicação: “É importante a consistência da narrativa sobre o valor da sustentabilidade. E não deve ser só sobre o valor de um produto sustentável ou de menor impacto socioambiental. O desafio é como ajudar as pessoas a se verem como parte desse ciclo poderoso que é o consumo, que se veem empoderadas em cada escolha, influenciando toda a cadeia”. Sobre a visão do futuro, Berbare diz que a Natura sempre focou na redução de impactos negativos. Mas hoje define como meta para 2050, uma empresa focada em impactos positivos, com visão ecossistêmica.
Quem finalizou o painel das empresas foi Yuri Feres, líder de responsabilidade corporativa e desenvolvimento sustentável para América Latina da Cargill. Assim como Juliana Mendonça, do Grupo Boticário, ele ressaltou a barreira preço como um entrave para o consumo de produtos sustentáveis. “Não é todo mundo que tem acesso a mais recursos ou que vai tomar decisão para pagar mais por um item sustentável”, afirma o especialista. Para que isso deixe de ser um problema, Feres diz que é necessário “desromantizar” o termo sustentabilidade, usado como um nicho. “Toda vez que se cria um mercado de nicho, cria-se um diferencial de preços e isso diminui o acesso. Por isso, nosso papel é mudar o status quo, ou seja, fazer com que os produtos sustentáveis deixem de ser um nicho”, sugere. Ele também ressaltou a rotulagem de produtos, que deve ser mais clara e objetiva, atendendo as expectativas dos consumidores. E por fim, destacou o problema das fake news, que afetam negativamente o consumo, com informações incorretas e imprecisas. Mas ele ainda não tem muita clareza sobre como combater esse problema. “É hora de buscar soluções”, disse.