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26.06.14 às 17:06

Prefira opções virtuais ao invés das materiais, ganhando tempo e qualidade de vida

A transição para modelos de produção e consumo que dependam menos de matérias-primas pode permitir, inclusive, o aumento do consumo de determinados produtos
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Além da crise financeira iniciada em 2008 nos EUA e que ainda afeta as economias, também vivemos uma convergência de crises globais, incluindo a de energia, de falta de segurança alimentar, de dificuldade de acesso à água adequada, de mobilidade – sobretudo nas grandes cidades –, de moradia, de emprego. E a população não para de crescer. Em 1800, chegamos ao primeiro bilhão de habitantes na Terra; em 1960, já éramos 3 bilhões, e hoje já superamos a barreira dos 7 bilhões. Segundo os demógrafos da ONU (Organização das Nações Unidas), seremos 9 bilhões de habitantes até 2050, quando as taxas de natalidade e mortalidade devem se igualar e a população mundial, se estabilizar.

A pergunta que surge é: o planeta aguenta? O planeta pode aguentar, mas tenho dúvidas se a espécie humana aguenta. E o problema não é apenas o aumento populacional, mas os sistemas de produção e o modelo de consumo. Se forem mantidos os atuais padrões insustentáveis de produzir, trabalhar e consumir, as crises social, ambiental e econômica não serão resolvidas. Ao contrário, serão agravadas. Mais do que uma crise, testemunhamos, na verdade, o esgotamento do modelo de desenvolvimento do século 20. Marcado pela urbanização e industrialização aceleradas, abalado por duas guerras mundiais, o século passado foi o do estímulo à produção material e ao consumo; já este século terá necessariamente de ser o da produção imaterial e da qualidade de vida.

Com um modelo de produção e consumo mais sustentável, que viabilize estilos de vida também sustentáveis, a humanidade pode garantir vida digna aos 9 bilhões que habitarão o planeta e, ao mesmo tempo, respeitar os limites do planeta. Com o objetivo de contribuir nesta migração para uma sociedade que consuma apenas para viver e não viva para consumir, o Instituto Akatu apresentou na Rio+20, no ano passado, um documento propondo dez novos caminhos que contribuem para a produção responsável e o consumo consciente, e, portanto, para um futuro sustentável. Um desses caminhos é optar, em tudo que for possível, por bens e produtos virtuais em vez dos materiais, isto é, produtos que garantam o atendimento do bem-estar dos consumidores por via virtual, sem a necessidade do uso de recursos naturais, exceto pelo uso dos equipamentos de informática já existentes – MP3s, celulares, tabletes, computadores – e que são usados para um número enorme de atividades.

A música ouvida no MP3, o livro e a revista lidos no tablete, o filme baixado diretamente de uma “nuvem”, são exemplos das possibilidades das opções virtuais. Além de não gerarem resíduos, as opções imateriais tendem a criar empregos de melhor qualidade que as materiais, colocam o desafio do desenvolvimento de tecnologias mais avançadas, e gastam, ao longo da cadeia produtiva, menos água, energia e outros recursos naturais, como petróleo e derivados e outros minérios, dada a inexistência do produto físico. Também demandam menos transporte de cargas e pessoas, tanto nas etapas de extração, transformação e produção quanto nas de distribuição e varejo, reduzindo ainda mais o uso de recursos naturais.

A transição para modelos de produção e consumo que dependam menos de matérias-primas pode permitir, inclusive, o aumento do consumo de determinados produtos. Aprofundando os exemplos citados acima, constatamos que as pessoas compram CDs porque gostam da música, do intérprete, do compositor, que agora podem ser apreciados sem a necessidade da fabricação e distribuição do CD, não é mesmo? Vale o mesmo para shows e filmes. Hoje já é possível assistir a shows e filmes direto na internet ou baixados, de forma legal, em arquivos digitais, que podem ser reproduzidos também em TVs digitais. Links de internet e um simples cartão de memória de computador podem garantir acesso a mais músicas e filmes que uma parede cheia de CDs e DVDs.

É possível também acessar livros, jornais e revistas virtualmente. Aparelhos eletrônicos de leitura, tablets, computadores e até celulares já têm capacidade de substituir uma biblioteca inteira, além de acessar seus jornais e revistas preferidos para serem lidos diretamente na tela.

Em casa ou no trabalho, pode-se então imprimir em papel apenas o que for absolutamente necessário, deixando na forma virtual a grande maioria dos itens. E-mails, arquivos, planilhas, fotos, anotações de estudos, receitas, textos de rascunho podem ser mantidos na memória do computador ou nos arquivos do próprio e-mail e lidos exclusivamente na tela do monitor. Imprimir desnecessariamente, além de gerar mais resíduo, é desperdício de papel, energia e tinta.

No trabalho, também se pode reduzir ou até mesmo evitar o envio de diversos itens por motoboy, fazendo o seu envio por via virtual. Além de reduzir o caos no trânsito causado pelo transporte de calhamaços de planilhas, relatórios, croquis, plantas, esquemas gráficos, ou documentos em geral, reduz-se também o uso de energia, papel, plástico e tinta, que depois se transformariam em resíduos. É preferível usar o e-mail, as redes sociais e os serviços virtuais de envio. E ler tudo na tela, quando possível.

Até o lazer tem opções virtuais. Já é possível conhecer museus pelo mundo sem sair de casa, nem gastar combustível ou gerar resíduos. Importantes museus nacionais e internacionais oferecem tours virtuais pela internet. Conheça alguns:

British Museum (Inglaterra)www.thebritishmuseum.ac.uk/
Museu do Louvre (França)www.louvre.fr/louvrea.htm
Museum of Fine Arts (EUA) www.mfa.org/
Museum of London (Inglaterra)www.museumoflondon.org.uk/
Hermitage (Rússia) www.hermitagemuseum.org/html_En/index.html
Van Gogh Museum (Holanda) www.vangoghmuseum.com/
Guggenhein www.guggenheim.com
Museu Imperial (Brasil) – http://www.museuimperial.gov.br/exposicoes-virtuais.html
Museu Virtual de Brasília – www.museuvirtualbrasilia.org.br/PT/
Museu Virtual de Ouro Preto – http://www.museuvirtualdeouropreto.com.br/

Tudo isto é parte do mundo que não é mais do futuro, mas sim do presente, em que temos mais bem-estar e mais qualidade de vida sem desrespeitar os limites do planeta, além de economizar o tempo que seria dedicado às idas e vindas em compras e transporte dos produtos físicos. Um tempo que fica disponível para usufruir ainda mais o bem-estar trazido pelo usufruto da tecnologia hoje disponível de forma ampla na sociedade.

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