Data marca o momento em que entramos no “cheque especial do planeta”, demandando mais recursos naturais do que ele é capaz de regenerar. Saiba como podemos adiá-la
Existem datas que marcamos no calendário e não vemos a hora de celebrar: um aniversário, uma festa, a hora da vacinação… No entanto, algumas outras seriam bem mais agradáveis se fossem sempre adiadas. Mas como isso não é possível, o Dia da Sobrecarga da Terra chegou. E, ao contrário do último ano, ele foi antecipado para 29 de julho – na data de 2019, mas semanas antes de 2020, quando caiu em 22 de agosto. Diante desse cenário, o Instituto Akatu – principal ONG do país dedicada à sensibilização e à mobilização para o consumo consciente – prepara uma série de dicas para as pessoas consumirem com mais consciência, contribuindo para que o Dia da Sobrecarga da Terra volte a regredir em 2022.
“O adiantamento do Dia da Sobrecarga da Terra de 2021 ilustra a importância das ações coletivas e a urgência na revisão dos nossos modelos de produção e consumo. A recuperação econômica global frente ao coronavírus precisa levar em conta aspectos socioambientais e oferecer respostas à Crise Climática”, afirma Helio Mattar, diretor-presidente do Akatu.
Após um cenário global de recessão econômica, ainda que mantido um alto nível de desemprego, a produção e o consumo começaram a dar sinais de recuperação. E a humanidade voltou a consumir 74% mais recursos naturais do que o planeta tem condições de regenerar em um ano. Assim, segundo a Global Footprint Network, entidade responsável pelos cálculos de sobrecarga da Terra desde 1970, precisamos de 1,7 planeta para manter nossos padrões atuais de produção e consumo.
Diante disso, é importante refletir sobre a forma de viver e nos mobilizarmos para pôr em prática a mudança desejada e necessária de padrões de produção e consumo. A Pesquisa Vida Saudável e Sustentável 2020, realizada por Akatu e GlobeScan, mostra que 71% dos brasileiros entendem que, pós-covid, a prioridade deveria ser reestruturar a economia para lidar melhor com outros desafios, como a desigualdade e as mudanças climáticas, ao invés de simplesmente atingir a recuperação econômica o mais rapidamente possível.
Então, chegou a hora de adiar o Dia da Sobrecarga da Terra. Como? O Instituto Akatu mostra o caminho:
Reduza o consumo de carne: calorias animais, sobretudo carne bovina, são significativamente mais intensivas no uso de recursos na sua produção do que calorias vegetais. Ao substituir a carne bovina por outra fonte proteica (frango ou leguminosas, como lentilhas, feijões, ervilhas e grão de bico) uma ou mais vezes por semana, você poupa as emissões de gases de efeito estufa relacionadas à produção da carne e, com isso, estará combatendo a Crise Climática.
? Se toda a população mundial reduzir pela metade o consumo médio anual de carne, preferindo a ingestão de verduras e legumes, o Dia da Sobrecarga da Terra será adiado em 17 dias.
Evite o desperdício de alimentos: as perdas (na produção) e os desperdícios (no processamento e no consumo) de alimentos são responsáveis por cerca de 9% da pegada ecológica global. Para poupar essas emissões, prepare somente o que você vai comer, faça o uso integral dos alimentos (incluindo cascas e sementes) e, se for o caso, congele o que sobrou para comer depois.
? Se reduzirmos pela metade as perdas e desperdícios de alimentos no mundo, o Dia da Sobrecarga da Terra será adiado em 11 dias.
Prefira meios de transporte sem emissões: a redução no uso individual do carro em todo mundo contribuiu para o atraso do Dia da Sobrecarga da Terra em 2020, já que o transporte movido à combustíveis fósseis tem grande impacto ecológico. Se a distância é curta, use bicicleta e se desloque a pé. Para trajetos maiores, dê preferência ao transporte público, como metrô e ônibus.
? Se reduzirmos pela metade a pegada de carbono dos deslocamentos, assumindo que 1/3 das distâncias percorridas de carro são substituíveis por transporte público, bicicletas e caminhadas, o Dia de Sobrecarga da Terra será adiado em 13 dias.
Simplifique seu guarda-roupa: a pandemia trouxe a percepção a muitas pessoas de que é possível viver tendo menos roupas nos armários, focando só no que é necessário. Comprar e possuir menos roupas, adotando um estilo mais minimalista, também contribui para a preservação do meio ambiente, uma vez que as roupas representam 3% da pegada ecológica global, e a produção de todo e qualquer novo item emite gases de efeito estufa e consome recursos naturais. Veja mais dicas de consumo consciente para adiar o Dia da Sobrecarga da Terra aqui.
Sobre o Instituto Akatu
Criado em 15 de março de 2001, o Instituto Akatu é uma organização não governamental sem fins lucrativos que trabalha pela conscientização e mobilização da sociedade para um novo jeito de viver com consumo consciente e mais bem-estar para todos. As atividades do Instituto estão focadas na mudança de comportamento do consumidor em duas frentes de atuação: Educação e Comunicação, com o desenvolvimento de campanhas, conteúdos e metodologias, pesquisas, jogos e eventos. O Akatu também atua junto a empresas que buscam caminhos para a nova economia, ajudando a identificar oportunidades que levem a novos modelos de produção e consumo – modelos que respeitem o ambiente e o bem-estar, sem deixar de lado a prosperidade: www.akatu.org.br.