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29.07.22 às 10:07

Uma conta que não fecha! Humanidade gastou em 7 meses os recursos naturais que deveria gastar em um ano, alerta Instituto Akatu

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No Dia da Sobrecarga da Terra, Instituto alerta para o uso excessivo dos recursos naturais renováveis do planeta

O dia da Sobrecarga da Terra serve mais que um alerta.  A cada ano que passa, a humanidade utiliza mais recursos naturais, como água, solo e ar puro, e despeja mais resíduos no meio ambiente, prolongando o uso de meios de produção e a adoção de estilos de vida insustentáveis.

Neste ano, o Dia da Sobrecarga da Terra, data que marca o momento em que a humanidade consumiu todos os recursos biológicos que o planeta é capaz de regenerar durante um ano, será em 28 de julho.  Isso significa que até 31 de dezembro “consumiremos” 1,7 planeta, porém só temos um, ou seja, essa conta não fecha.  É o que alerta o Instituto Akatu, principal ONG do país dedicada à sensibilização e à mobilização para o consumo consciente e a sustentabilidade, a partir de dados da Global Footprint Network.

Se por um lado, este ano o Dia da Sobrecarga adiantou em um dia em relação ao ano anterior (29 de julho), caracterizando um crescimento mais lento da economia mundial, ainda afetada pela pandemia, por outro, significa que aprendemos pouco com a crise sanitária, quando a data regrediu 3 semanas — de 29 de julho em 2019 para 22 de agosto em 2020 — mostrando que uma redução, ainda que forçada, no consumo e na produção industrial pode ser positiva do ponto de vista de uso de recursos naturais renováveis, tão necessários para todos.

“Ainda que a antecipação em apenas um dia possa ser vista de forma positiva, precisamos entender que há muito a ser feito. É urgente a necessidade de novos modelos de produção e de consumo para reduzirmos as emissões de gases de efeito estufa e a demanda por recursos naturais para conseguirmos jogar o Dia da Sobrecarga da Terra para mais adiante”, afirma Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu.

Para entendermos a gravidade do momento, é como se a humanidade estourasse todos os anos o limite do “cartão de crédito ambiental”, postergando o pagamento da fatura para as próximas gerações. E isso é insustentável. “Estamos gastando os recursos naturais de um ano em sete meses e as consequências são visíveis na forma de crise climática, perda de biodiversidade, erosão do solo e escassez de água doce, por exemplo, além da incapacidade de absorção de resíduos”, explica Mattar.

Entendendo o cálculo

A vastidão da Terra pode dar a falsa impressão de que a natureza é infinita, mas até o planeta tem seus limites. E entram na conta da humanidade o uso excessivo e cada vez maior de recursos naturais, seja na queima de combustíveis fósseis ou no uso e desperdício de alimentos, madeira, fibras e matérias-primas minerais e vegetais.

O cálculo do Dia da Sobrecarga da Terra é realizado pela organização internacional de pesquisa Global Footprint Network. A instituição divide a biocapacidade do planeta (a quantidade de recursos que a Terra é capaz de regenerar por ano) pela demanda anual de recursos naturais da humanidade e multiplica o valor por 365 dias, chegando a um resultado que vem piorando desde 1971, quando começou a contagem, sendo que na época, a data caiu em 25 de dezembro.

Os recursos naturais renováveis deveriam ser utilizados ao longo dos 365 dias do ano, mas em 2022, foram gastos até o 209º dia. A partir desta data, vamos entrar no “cheque especial” do planeta. É como se estivéssemos gastando juros preciosos que são os recursos naturais das futuras gerações. “O Dia da Sobrecarga da Terra é uma data fundamental para entendermos a importância de praticarmos a produção responsável e o consumo consciente, construindo uma sociedade onde haja o suficiente para todos para sempre, sem excessos nem desperdícios”, explica Helio Mattar.

Como fazer a nossa parte

Ainda que governos e empresas tenham uma grande responsabilidade na redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais, cada indivíduo também pode fazer a sua parte para minimizar as emissões de gases poluentes.

Conheça abaixo as dicas que os especialistas do Instituto Akatu, principal ONG do país dedicada à sensibilização e à mobilização para o consumo consciente, prepararam para atingir a diminuição da demanda ecológica:

Proteja as florestas tropicais: restaurar e proteger as florestas tropicais, como a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica, pode atrasar o Dia da Sobrecarga da Terra em 7 dias. Denuncie queimadas e desmatamento, apoie instituições que protegem o meio ambiente e têm projetos de reflorestamento e priorize empresas comprometidas com a defesa da biodiversidade e com a preservação da natureza.

– Combata o desperdício de alimentos: cortar o desperdício de alimentos pela metade em todo o mundo traria um alívio de 13 dias na conta da Sobrecarga da Terra. Dê o exemplo em casa: prepare só a quantidade necessária de alimento, faça o uso integral de frutas, legumes e vegetais, congele o que sobrou para comer no dia seguinte ou reutilize as sobras criando receitas.

– Diminua o consumo de carne: uma redução de 50% no consumo global de carne, substituindo essas calorias por uma dieta vegetariana, é capaz de mudar o Dia da Sobrecarga da Terra em 17 dias. Comece reduzindo o consumo de carne aos poucos, encontrando alternativas como proteínas vegetais (soja, grão-de-bico, tofu, quinoa, lentilha e outras).

– Economize e reutilize a água: as tecnologias comerciais já existentes para edifícios, processos industriais e produção de eletricidade podem atrasar o Dia da Sobrecarga da Terra em 21 dias. Verifique vazamentos, feche a torneira e evite o desperdício de água nas atividades do dia a dia, como lavar a louça, escovar os dentes e tomar banho. Se possível, reutilize a água da máquina de lavar para limpar o chão e a calçada.

– Prefira casas inteligentes e sustentáveis:  a popularização de casas inteligentes e sustentáveis, que utilizam tecnologias, processos industriais e produção de eletricidade já existentes, pode atrasar o Dia da Sobrecarga da Terra em 21 dias. Na hora de morar ou construir, por exemplo, evite o desperdício de materiais e prefira ambientes com boa iluminação natural, buscando sempre uma eficiência no consumo de água, energia e materiais.

– Priorize fontes renováveis de energia: estima-se que a geração de 75% da eletricidade a partir de fontes de baixo carbono, acima dos 39% atuais, atrasaria o Dia de Sobrecarga da Terra em 26 dias. Se possível, utilize a geração de energia solar ou dê preferência a empresas que usem ou estimulem o uso de fontes de energia renováveis.

Para mais dicas sobre consumo consciente, consulte o guia Primeiros Passos.

Sobre o Instituto Akatu

Criado em 15 de março de 2001, o Instituto Akatu é uma organização não governamental sem fins lucrativos que trabalha pela conscientização e mobilização da sociedade para um novo jeito de viver com consumo consciente e mais bem-estar para todos. As atividades do Instituto estão focadas na mudança de comportamento do consumidor em duas frentes de atuação: Educação e Comunicação, com o desenvolvimento de campanhas, conteúdos e metodologias, pesquisas, jogos e eventos. O Akatu também atua junto a empresas que buscam caminhos para a nova economia, ajudando a identificar oportunidades que levem a novos modelos de produção e consumo – modelos que respeitem o ambiente e o bem-estar, sem deixar de lado a prosperidade. Confira.

Contato com a imprensa: 
InPress Porter Novelli
akatu@inpresspni.com.br

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