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10.07.14 às 18:47

Sistema Cantareira chega a 18% da capacidade de armazenamento

Se o volume morto não estivesse sendo bombeado, o Cantareira estaria quase zerado, com 0,2% de capacidade
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Crédito: Creative commons

 

Em quedas sucessivas desde o dia 16 de maio, quando a reserva técnica foi incorporada ao volume útil, o Sistema Cantareira alcançou hoje (10) 18,7% da capacidade, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). No dia 15 de maio, o total armazenado passou de 8,2% para 26,7%, com a entrada de 182,5 bilhões de litros de água do chamado volume morto. Caso as bombas que possibilitaram o uso da reserva não tivessem sido instaladas, o Cantareira estaria quase zerado, com 0,2% da capacidade. O sistema abastece 9 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo.

O Sistema Alto Tietê também dá sinais de esgotamento e chegou nesta manhã a 24,1% da capacidade. Ele abastece mais de 4 milhões de habitantes da Grande São Paulo. No começo de junho, o volume armazenado estava em 30,8%. Em março, a Sabesp anunciou a redução da captação do Cantareira e a complementação dele por meio de outros sistemas, incluindo o Alto Tietê. A chuva acumulada neste mês nas represas que formam o sistema está em 7,7 milímetros (mm), o que corresponde a 15,7% da média histórica, que é 49 mm.

A chuva chegou às represas do Cantareira há três dias. Ainda assim, o acumulado no mês (22,1 mm) está abaixo da média, que é 49,9 mm. De acordo com Neide Oliveira, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a escassez é uma característica do inverno e, nos próximos dias, o tempo seco voltará. “Amanhã teremos mais nebulosidade, mas não há previsão de chuva até pelo menos o dia 16”, apontou. Para o segundo semestre, no entanto, a presença do El Niño pode trazer chuvas acima da média na primavera e no verão. O fenômeno é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico que pode afetar o clima regional e global.

Para o professor Frederico Fábio Mauad, coordenador do Programa de Ciências da Engenharia Ambiental da Universidade de São Paulo (USP), a estiagem deste ano, no entanto, não justifica por completo a baixa histórica nas represas. “Não é um acaso da natureza, é falta de planejamento. Não é um ano de estiagem que causa um apagão no sistema de abastecimento. O nível não cai assim. Não é uma banheira que se tira o tampo e a água desce rapidamente. O nível vem caindo paulatinamente”, apontou. Ele estima que, se não houver chuva nos próximos meses, será necessário adotar racionamento em novembro.

Mauad destaca que a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) estabelece um mínimo de 1.400 metros cúbicos de água por habitante/ano (hab/ano). “É um volume para ser usado em 365 dias para todas as necessidades. Mas a conta não é linear, pois as pessoas que ficam mais longe dos sistemas de captação têm maiores dificuldades, porque existem muitas perdas de vazamento”, explicou. Segundo o professor, antes da crise, o índice destinado para os habitantes da região do Alto Tietê era de 200 metros cúbicos por hab/ano.

Ele avalia que, do ponto de vista técnico, é preciso trazer água de outras regiões e investir, sobretudo na redução drástica do desperdício. “Há muito vazamento, da ordem de 40%”, informou. Além disso, ele acredita ser necessário continuar fazendo campanhas de conscientização ambiental. “Água é um bem renóvavel e não infinito. As pessoas precisam estar conscientes disso”, apontou.

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