Os maiores desafios atuais da humanidade, como o combate à pobreza e às mudanças climáticas, só poderão ser solucionados ao longo das próximas décadas se passarem a ser alvo da atenção das maiores empresas do mundo e tratados com a abordagem característica do ambiente dos negócios. Com estes conceitos, foi criado há três anos o “B Team” (Time B), grupo que reúne líderes globais da iniciativa privada e da sociedade civil e cuja visão de futuro é de “um mundo no qual o propósito das empresas seja se tornar uma força para promover benefícios sociais, ambientais e econômicos“, deixando de lado o chamado “Plano A”, no qual o lucro é a motivação primária de qualquer negócio.
Atualmente contando com a participação de 23 líderes, o “B Team” foi fundado em 2013 por Richard Branson, CEO do grupo Virgin, e Jochen Zeitz, CEO da Kering (holding de marcas como Gucci e Saint-Laurent). Outros membros de destaque são o professor Muhammad Yunus, criador do Grameen Bank, e Ariana Huffington, do grupo The Huffington Post. Na última semana, foram integrados ao time três novos nomes: Andrew Liveris, da Dow Chemical – empresa apoiadora do Instituto Akatu –; Oliver Bäte, do Allianz Group; e Arif Naqvi, do Abraaj Group. Além de Liveris, mais dois CEOs de empresas apoiadoras do Instituto Akatu participam do grupo: Guilherme Leal, da Natura; e Paul Polman, da Unilever.
A missão estabelecida pelo grupo é de catalisar um movimento para encontrar um jeito melhor de fazer negócios, tendo como foco o bem-estar das pessoas e do planeta. A ideia é encontrar soluções baseadas em negócios, que se tornem exemplos que inspirem um direcionamento de mudança sistemática e de longa duração.
Para começar a colocar esse objetivo em prática, alguns dos compromissos assumidos pelo grupo são:
- incentivo à colaboração entre empresas, governos, organizações sindicais e sociedade civil;
- transparência total, demonstrando preocupação com governança em todos os níveis;
- restauração da natureza com investimento em modelos de negócios que ajudem a regenerar o meio ambiente;
- valorização da diversidade (incluindo de gênero) e garantia de igualdade de oportunidade a todos os funcionários;
- criação de comunidades prósperas dentro e fora das companhias;
- garantia de dignidade e justiça para trabalhadores ao longo de toda a rede de fornecedores.
Uma iniciativa específica do grupo, a “Net Zero by 2050”, busca neutralizar as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) até 2050 com preservação de recursos da terra e dos oceanos e medição de impactos e dependências das empresas em relação ao Capital Natural. Nesse sentido, o “B Team” foi uma das iniciativas que colaboraram com o chamado Protocolo do Capital Natural, uma nova métrica com estrutura padronizada para gerar informações confiáveis e de credibilidade para auxiliar gestores a tomarem decisões fundamentadas em relação ao uso de recursos naturais.
Vale ressaltar que o trabalho do “B Team” também leva muito em conta o ganho econômico a médio e longo prazo, já que, segundo a avaliação do grupo, as mudanças climáticas podem provocar uma queda de até 72 trilhões de dólares no PIB global, e uma mudança de pensamento com abrangência planetária é a única maneira de evitar esse cenário.
Para o consumidor consciente, a atuação do “B Team” promete facilitar o acesso a informações sobre o impacto ambiental das empresas por meio do aumento da transparência. Além disso, a médio prazo deve aumentar a oferta de produtos e serviços comprovadamente mais sustentáveis, que devem cada vez mais ganhar a preferência dos consumidores mais conscientes em relação aos dos concorrentes. A sociedade também deve se beneficiar diretamente da melhora gradual nas condições de trabalho, incluindo a valorização da diversidade e uma distribuição cada vez mais justa do valor gerado por cada pessoa no processo de produção. O grupo avalia que a evolução para uma força de trabalho mais igualitária geraria um aumento de 28 trilhões de dólares no PIB global.
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