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01.04.14 às 15:03

Brasil segue investindo de forma lenta na energia solar

País entrou tardiamente na produção desse tipo de energia e segue devagar no desenvolvimento dela
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Comentário Akatu: A iniciativa brasileira na área de energia solar é louvável, mas o ritmo ainda precisa pegar fôlego para conseguir se equiparar a outros exemplos globais e realmente fazer diferença em termos de sustentabilidade e impacto ambiental. Se a China ainda depende essencialmente da energia não renovável das termoelétricas a carvão, pelo menos tem investido de forma mais incisiva na energia solar. O Brasil, além de entrar tardiamente nessa área de investimento, em 2009, tem feito pouco para agilizar a integração desse processo à realidade nacional. As formas necessárias para se garantir fontes mais sustentáveis já existem e estão em atividade – demandar do poder público o apoio ao desenvolvimento e aplicação delas é uma forma de contribuir para um futuro mais sustentável.  

A Itaipu Binacional, com suporte e financiamento do BNDES, anunciou que planeja construir uma fábrica de painéis solares que poderia produzir anualmente, a partir de 2017, cerca de 640 MW em painéis solares, o que permitiria, nas palavras de um diretor da empresa, “gerar uma Itaipu em 20 anos e, aí sim, poderemos dizer que o Brasil faz parte da geopolítica solar fotovoltaica mundial”.

Anúncio digno de aplauso. Porém, o nível de ambição em relação à energia solar expresso nos planos da estatal acabam servindo para sublinhar o descompasso do Brasil em relação à revolução energética em curso no planeta.

Somente em 2013 a China aumentou a sua capacidade instalada de energia solar fotovoltaica em 12 mil MW, ou o equivalente a quase a capacidade da usina hidrelétrica de Itaipu, a maior do mundo. Mais da metade desta capacidade foi instalada em geração distribuída (telhado das casas e construções).

Para se ter uma ideia, isso é quase o dobro de toda a potência instalada no Brasil em 2013, incluindo todas as fontes (termoelétricas, hidrelétrica e eólicas). Ou seja, o que o Brasil pretende fazer entre 2017 e 2037 a China faz atualmente em um ano.

Em 2013 a China aumentou em 100 mil MW a capacidade de geração de energia elétrica no país. Ainda que as termoelétricas a carvão (39%) sejam a principal fonte do aumento de capacidade, quase 60% vieram de fontes renováveis, com destaque para hidroelétricas, eólicas e solar. Estas duas últimas sequer faziam parte do sistema elétrico chinês no início da década passada.

A China tanto é causa como efeito do processo em curso no mundo. Até o ano 2000, a capacidade global instalada de energia elétrica de fonte solar e eólica combinadas chegava a 18.400 MW (1.400 solar e 17.000 eólico). Em 2005 saltou para 64.400 MW e em 2013 os números preliminares apontam quase 450 mil MW instalados em todo o mundo. Em 13 anos o potencial instalado de geração eólica multiplicou por 25, e solar fotovoltaica multiplicou por 100. Em 2013, em média, a cada dez dias se adicionou a capacidade solar fotovoltaica acumulada globalmente até o ano 2000.

No Brasil o primeiro leilão para energia eólica aconteceu só no fim de 2009 e em 2012 já era uma das mais competitivas fontes de energia. A energia solar fotovoltaica não é sequer considerada no Plano Decenal de Energia. É um contrassenso para um país que sofre picos de demanda energética justamente por excesso de sol.

Em metáfora carnavalesca, já tem gente na Apoteose enquanto o Brasil ainda decide a fantasia na concentração.

Clique aqui para ler o artigo original, publicado por O Globo.

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