Comentário Akatu: É importante que os consumidores estejam atentos aos gastos da conta de luz, já que a produção de energia tem impactos econômicos, sociais e ambientais. A pesquisa da Datafolha, cujos resultados são apresentados na notícia abaixo, demonstra que há interesse da população em implantar sistemas domésticos ou em pequenos negócios para gerar sua própria energia elétrica, usando por exemplo painéis solares, basicamente em função da economia financeira que seria gerada. Mas há outras vantagens: por ser renovável, a energia solar tem uma produção mais limpa que a energia elétrica atualmente produzida no Brasil, que tem entre suas fontes as termoelétricas, que emite muitos gases de efeito estufa, causadores das mudanças climáticas. Tendo sua própria geração de energia elétrica, seja nas próprias residências ou em pequenos negócios, o consumidor adquire controle sobre o custo da geração, o que não ocorre quando o preço da energia elétrica flutua de acordo com os vários fatores de mercado. Por isso, é essencial que a adoção dessa tecnologia e a possibilidade da aquisição de sistemas de autogeração sejam estimuladas pelo governo, já que 72% dos brasileiros fariam a aquisição de um sistema de autogeração se houvesse linhas de crédito com juros baixos e 50% estariam dispostos a usar os recursos do FGTS para esse fim, segundo pesquisa mencionada no texto a seguir.
Num país que fechou o segundo ano em recessão e iniciou 2017 com 12 milhões de desempregados, todo mundo quer e precisa economizar. Pode ser no supermercado, no transporte e, porque não, na conta de luz.
A energia elétrica teve papel protagonista em várias manchetes em 2015: praticamente todo mês um aumento novo era anunciado, totalizando mais de 50% na média nacional e 80% em algumas regiões. Ela perdeu um pouco o brilho em 2016, e parece cedo para dizer o que será deste ano, apesar de já estarmos em janeiro.
É por isso que, quando recebemos o resultado da pesquisa sobre micro e minigeração de energia encomendada ao Datafolha, não nos surpreendeu o dado de que para 48% da população economizar na conta de luz é a principal motivação para gerar sua própria energia, por meio de placas solares, por exemplo.
O segundo lugar, no entanto, foi sim surpreendente: 17% das pessoas se veem mais motivadas pela possibilidade de se tornarem independentes das distribuidoras de energia. No resultado regional, esse número sobe para 25% no Norte e Centro-Oeste.
Verdade seja dita, a independência da distribuidora de energia é, na maioria das vezes, simbólica, mas ainda assim poderosa. O consumidor pode escolher acoplar baterias ao seu sistema – que podem, de forma prática, torná-lo completamente independente da distribuidora de energia -, ou não, caso em que precisará utilizar a própria rede elétrica como bateria, consumindo dela à noite, por exemplo.
A curiosidade fica em saber se há um efeito de ação-reação nessa resposta ou não. Será que esses 17% sabem que algumas dessas distribuidoras estão, hoje, entre as mais resistentes à autogeração de energia? Essa oposição vem das mais diversas formas: ao querer impor aos clientes uma nova forma de tarifa pela qual é cobrado, separadamente, tanto a eletricidade consumida como a utilização da rede de distribuição; no recorrente descumprimento dos prazos e na exigência muitas vezes abusiva de documentações para que haja a conexão das placas solares ou das torres eólicas à rede elétrica.
Se a oposição é forte, maior é o potencial de crescimento da micro e minigeração. Hoje são mais de 6.000 sistemas conectados à rede elétrica, um crescimento de mais de 300% se comparado ao mesmo período do ano passado. E a Agência Nacional de Energia Elétrica já deu a letra: até 2024 o Brasil pode ter mais de 1,2 milhão de sistemas. Com 80% da população já sabendo da possibilidade de gerar sua própria energia, só falta mesmo facilitar seu acesso, afinal 72% disseram que fariam a aquisição do sistema de autogeração se houvesse linhas de crédito com juros baixos e 50% estaria disposta a usar seu FGTS.
Em qualquer das hipóteses, contudo, gerar sua própria energia é um ato de independência e empoderamento. Representa fortalecer os pequenos e médios negócios e devolver ao cidadão o poder de escolher de onde ele quer que sua eletricidade venha, deixando claro que não é de grandes empreendimentos que muitas vezes ferem direitos humanos e princípios éticos que tanto precisamos ver fortalecidos.
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