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30.11.16 às 14:32

Degelo do Ártico ameaça o resto do mundo

Relatório apresenta 19 pontos críticos em que mudanças climáticas na região polar podem causar impactos permanentes

Comentário Akatu: o aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera é um dos principais responsáveis pelo crescente aquecimento global e consequente derretimento das geleiras do Ártico. Esse fenômeno poderá gerar impactos permanentes não apenas no Ártico, mas também em outras regiões do planeta, como aponta o relatório do Instituto de Pesquisas Ambientais de Estocolmo, mencionado na reportagem abaixo. Entre as causas das alterações climáticas estão o desmatamento decorrente da necessidade de terras para a exploração da pecuária extensiva em larga escala, , a utilização de meios de transportes, especialmente o automóvel a gasolina e os caminhões a diesel, e a produção de energia elétrica pelo uso de combustíveis fósseis. Nesse sentido, os atos de consumo têm uma relação direta com o aquecimento global, seja pela intensidade de consumo de carne, seja porque não há produção de nenhum bem sem o uso de energia elétrica e sem o transporte de matérias primas. Por isso, as decisões dos consumidores de consumirem apenas o realmente necessário e de rever suas práticas cotidianas são tão importantes. Alguns exemplos de práticas mais sustentáveis são: privilegiar o uso do transporte público, substituir parte do consumo de carne bovina pelo consumo de outros tipos de proteína, não desperdiçar comida e reduzir o consumo de eletricidade ao mínimo suficiente. Com isso as pessoas estarão usando seus atos de consumo como ato positivo de cidadania, podendo, com simples gestos cotidianos, contribuir para o meio ambiente e para o combate às mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global.

O Ártico enfrenta mudanças climáticas bruscas que ameaçam os ecossistemas locais e podem ter consequências catastróficas para o restante do planeta. É o que mostra o Arctic Resilience Report, relatório resultante de cinco anos de pesquisa de cientistas do Instituto de Pesquisas Ambientais de Estocolmo.

O relatório apresenta 19 “pontos de virada” já em curso ou próximos de entrar em curso, que podem ser desencadeados pelo derretimento da banquisa (camada de mar congelado que recobre o Oceano Ártico) na região. Esses pontos de virada são caracterizados por mudanças rápidas ou bruscas em um sistema natural, que podem causar alterações irreversíveis em outros ecossistemas próximos. Verões sem gelo marinho, o colapso de sistemas de pesca do Ártico, transformação de paisagens e mudanças de solo e vegetação estão entre as possíveis consequências cujos efeitos poderiam afetar mais regiões do planeta.

Um desses pontos é o chamado “feedback de albedo”, ou a mudança no padrão de absorção de radiação pela superfície. Com o aquecimento global, o gelo e a neve (que são brancos e rebatem a maior parte da radiação solar de volta para o espaço) dão lugar à tundra, mais escura, que absorve radiação e esquenta mais a região. Isso, por sua vez, eleva a temperatura do solo, liberando gás metano da matéria orgânica antes congelada, que eleva ainda mais as temperaturas, num círculo vicioso. Já a mudança na distribuição de gelo no oceano pode causar mudanças que chegam até a Ásia.

O mais temido desses “pontos de virada” é a perda do gelo marinho permanente na bacia do Ártico, o que causaria problemas sérios para espécies como o urso polar, mas também mudaria os padrões meteorológicos em boa parte do hemisfério Norte, já que o regime de ventos na região é controlado em parte pelo Oceano Ártico. Embora o IPCC (o painel do clima da ONU) tenha descartado que o gelo da região já tenha atingido o ponto de virada, o monitoramento da banquisa em 2016 tem deixado os cientistas de cabelo em pé.

A extensão mínima de gelo marinho no verão foi a segunda menor registrada desde o início das medições com satélites, no fim dos anos 1970. E, neste inverno, o gelo está derretendo em algumas regiões em vez de se recompor, como seria esperado. Alguns locais têm registrado temperaturas até 20oC superiores à média para novembro.

“Sistemas sociais e biofísicos do Ártico estão profundamente ligados com os sistemas sociais e biofísicos do nosso planeta. Mudanças rápidas, dramáticas e sem precedentes nessa sensível região provavelmente serão sentidas em outros lugares. Como lembramos com frequência, o que acontece no Ártico não se restringe somente ao Ártico”, afirma o documento.

O Ártico está passando por mudanças rápidas e dramáticas, e é fundamental e urgente desenvolver resiliência na região. Essa resiliência não depende apenas do comprometimento e imaginação das comunidades locais; a população precisa de apoio de governos e outros parceiros para encontrar soluções sabendo que terão auxílio externo para implementar seus planos”, conclui.

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