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31.07.17 às 16:08

Dia da Sobrecarga da Terra: o que você pode fazer para o planeta sair do “cheque especial”

A cinco meses de terminar 2017, a humanidade já terá extrapolado o limite da Terra, pois a demanda de consumo continua maior do que a capacidade de regeneração do planeta neste ano.

No dia 2 de agosto, a Terra entrou no “cheque especial”. O Dia da Sobrecarga da Terra (Overshoot Day – www.overshootday.org) representa o momento em que a demanda da humanidade por recursos da natureza ultrapassa a capacidade do planeta de se regenerar durante um ano.

Isso acontece, por exemplo, porque emitimos mais dióxido de carbono na atmosfera (em diversas atividades humanas como a queima de carvão, de gasolina e de outros combustíveis fósseis) do que nossos oceanos e nossas florestas conseguem absorver. A pesca acontece em uma velocidade que ameaça de extinção diversas espécies marinhas, assim como a agropecuária, em muitos casos, leva a esgotar o solo e a água.

O cálculo do Dia da Sobrecarga da Terra é feito pela Global Footprint Network (GFN), uma organização de pesquisa internacional, que calcula a chamada “pegada ecológica” para medir os impactos do consumo humano sobre os recursos naturais. É uma forma de traduzir, em hectares (ha), a extensão de território que uma pessoa ou toda uma sociedade “utiliza”, em média, para se sustentar.

O Brasil está em situação rara e vantajosa, graças às suas vastas áreas florestais. Entretanto, a pegada ecológica total do país aumentou 249% desde 2012, segundo a GFN.

O cumprimento do Acordo de Paris, aprovado em 2015 por 195 países, é essencial para evitar esse desgaste planetário, que reflete negativamente em nossas vidas. Mas, além de cobrar que os governos alcancem as metas de emissões, cada pessoa pode colaborar para diminuir o seu impacto negativo no meio ambiente.

Que tal começar a sua contribuição com algumas atitudes dentro de casa?

Nas nossas tarefas cotidianas, há muitos detalhes que podem ser modificados para diminuir os impactos negativos do nosso consumo no meio ambiente. Administrar bem a compra de alimentos, de forma que nada acabe sobrando, é um exemplo. A agropecuária é uma das maiores fontes de emissão de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil, causadores do aquecimento global, e grande consumidora de água.

Também é importante que as pessoas busquem economizar energia, principalmente nos períodos secos, quando é necessário acionar as usinas termoelétricas, que emitem mais GEE.

Arrumar o guarda-roupa, quem diria, tem tudo a ver com o meio ambiente. Se você organiza as peças, consegue fazer um melhor uso delas. A fabricação de roupas tem um impacto negativo no meio ambiente, pois a produção têxtil requer uso do solo no cultivo de algodão, o que é feito, em geral, com o uso de agroquímicos, além de usar água e energia elétrica. Caso os efluentes dessa produção não sejam devidamente tratados, os insumos químicos e corantes podem poluir o ambiente. Some-se a tudo isso o transporte das mercadorias, que emite GEE por conta da queima de combustíveis fósseis.

Disposto a dar sua contribuição? Pequenas alterações de comportamento fazem uma grande diferença! Veja as nossas dicas abaixo e escolha aquelas que sejam possíveis no seu cotidiano:

NA COZINHA
– Antes das compras no mercado, prepare uma lista. Planeje o cardápio semanal. Liste os ingredientes necessários para produzir esses pratos, verifique o que você já tem em casa e compre a quantidade necessária para o preparo.
– Organize, sempre que possível, a geladeira e a despensa, de forma que os alimentos e mantimentos fiquem visíveis. Coloque na frente ou em cima os mais antigos e atrás ou embaixo os mais recentes.
– Utilize os alimentos integralmente: ou seja, inclua sementes, talos, folhas e cascas nas receitas. Essas partes podem ser nutritivas e ricas em fibras.
– Use os alimentos “feiozinhos” – frutas, legumes e verduras um pouco machucados ou com formato diferente do usual são tão nutritivos quanto os demais.
– Dê preferência a frutas, verduras e legumes da época. Eles são produzidos em condições climáticas “ideais” para o seu crescimento, o que reduz a necessidade de aplicação de agroquímicos, por isso, muitas vezes, menos impactantes para a saúde dos solos e dos recursos hídricos, por exemplo.
– Reduza o consumo de carnes vermelhas, nem que seja por um dia na semana. Todo o processo de produção de carne emite muitos gases de efeito estufa (GEE). A abertura de áreas para pasto é um dos motivos para desmatamento e a destruição das matas nativas é uma das maiores fontes de emissão de GEE no Brasil. Além disso, o gado emite gás metano, um GEE produzido na sua digestão, que tem forte participação nas emissões brasileiras.
– Evite abrir a porta da geladeira à toa, pois o ar quente entra e o motor do equipamento é obrigado a gastar mais energia para resfriá-la novamente. Na hora de colocar ou retirar os alimentos, faça tudo de uma só vez. E não guarde alimentos e recipientes quentes na geladeira, pois isso aumenta o consumo de energia.
-Ao comprar um eletrodoméstico, procure o selo Procel ou etiqueta do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), que indicam os mais econômicos.

NA SALA E NO QUARTO
– Substitua as lâmpadas incandescentes e fluorescentes por lâmpadas de LED. Uma LED dura em média 16 anos, 5 vezes mais que uma lâmpada fluorescente compacta. Apesar de ser mais cara, a LED dura muito mais e consome metade da energia.
– Não deixe a TV ligada à toa. Se todos os brasileiros desligarem uma TV 1 hora por semana, a eletricidade economizada em 1 mês seria suficiente para abastecer o consumo de energia mensal das cidades de Votuporanga e Registro (SP), com seus quase 150 mil habitantes.
– Ao sair de um ambiente, não se esqueça de apagar a luz. É importante ressaltar que esta prática vai além da economia de energia, pois também aumenta a vida útil das lâmpadas.
– Aproveite a luz natural do dia. Para clarear a casa, abra as janelas e aproveite a luz do dia o máximo que puder.
– Desligue o computador quando ele não estiver em uso. Muita gente tem o hábito de deixar o computador de casa ou da empresa ligado ininterruptamente, simplesmente, por comodidade. A recomendação é desligar o computador sempre que for ficar mais de 2 horas sem utilização. O monitor deve ser desligado a partir de 15 minutos sem utilizar.

QUARTO
– Administre bem o seu guarda-roupa: organize-o bem para saber quais peças você tem. Se ficarem entulhadas e “escondidas”, acabam por não ser usadas. Analise as peças com frequência, selecionando aquelas que você não quer mais – troque, doe ou venda!

NO BANHEIRO
– Desligue o chuveiro enquanto se ensaboa ou lava os cabelos. Numa casa, os banhos com chuveiro elétrico são um dos maiores gastos com energia elétrica. Um chuveiro gasta a mesma energia que 54 TVs ligadas ao mesmo tempo. Se cada um dos brasileiros diminuísse em apenas 1 minuto o seu tempo diário de banho no chuveiro elétrico, a energia economizada em um ano equivaleria a mais de 10 dias de operação da usina de Itaipu, a maior usina hidrelétrica do Brasil, em sua geração máxima.

ÁREA DE SERVIÇO
-Acumule o máximo de peças possível para usar a máquina de lavar. Isso ajuda a economizar energia e água.
-Se possível, pendure em cabides as camisetas, camisas e blusas penduradas para que elas sequem e desamassem naturalmente. Dependendo do tipo de tecido, a peça pode até dispensar o ferro de passar e ir direto ao guarda-roupa.
-Para passar roupas, junte também o máximo de peças para passar de uma só vez. Antes de ligar o ferro, separe as roupas por tipo de tecido – alguns exigem temperatura mais alta, outros exigem temperatura mais baixa. Comece com as roupas que exigem temperatura mais baixa, depois aumente a temperatura e passe as roupas de algodão. Desligue o ferro e aproveite o calor para passar roupas íntimas.

NA GARAGEM
– Sempre que possível, evite o uso do transporte privado individual. Prefira o transporte público, a bicicleta ou uma caminhada, pelo menos em alguns trechos; se precisar mesmo pegar o carro, procure coordenar caminhos para dar ou pegar carona e otimizar o uso do veículo.
A mudança de comportamento da sua família pode parecer pouco significativa diante do tamanho do problema, mas é importante que você perceba que, além de fazer diferença, ela será um exemplo influenciador para o resto da comunidade. Para a situação mudar, é preciso que as pessoas estejam envolvidas. Converse com seus familiares, vizinhos e conhecidos, para que eles se mobilizem também, de forma que possamos reduzir a sobrecarga da Terra.

Para calcular sua Pegada Ecológica pessoal e saber como pode reduzi-la, visite: http://www.pegadaecologica.org.br
Vídeo (em inglês) que explica o que é pegada ecológica (https://www.youtube.com/watch?v=6g49bL9f7mU)

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