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05.07.09 às 0:00

Garantia de informação

“O que você planta a terra aceita, mas nem sempre te devolve”. A frase representa o cuidado com a terra de João Luiz Marques da Silva, sócio-gerente da Fazenda Florestal 3 Pinheiros, situada no município de Taquarivaí, a 270 quilômetros de São Paulo. Há 42 anos, o pai de Marques comprou a fazenda de 2.200 […]
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“O que você planta a terra aceita, mas nem sempre te devolve”. A frase representa o cuidado com a terra de João Luiz Marques da Silva, sócio-gerente da Fazenda Florestal 3 Pinheiros, situada no município de Taquarivaí, a 270 quilômetros de São Paulo. Há 42 anos, o pai de Marques comprou a fazenda de 2.200 hectares praticamente abandonada. Hoje, depois de muito investimento e persistência, a família tornou-se produtora de frutas de grande qualidade, a ponto de ser fornecedora para o selo Garantia de Origem, do Carrefour (parceiro estratégico do Instituto Akatu).

Garantia de Origem é um programa da rede Carrefour que atesta a qualidade, desde a produção até as lojas, e envolve alimentos como carne bovina, frango, peixes, frutas, legumes e verduras. Para terem direito ao selo de “Garantia de Origem”, os fornecedores têm de comprovar que, além de cumprir a legislação ambiental e a trabalhista, atendem requisitos como a ausência de resíduos químicos no produto final e a preservação da biodiversidade e da qualidade da água nas fazendas. “As fazendas devem garantir a utilização criteriosa de defensivos agrícolas, sempre prescritos por agrônomos. Precisam respeitar o período de carência e ter cuidado no preparo para evitar contaminação por defensivos nos produto final”, afirma Daniel Pereira Alexandre, gerente nacional do Garantia de Origem Carrefour.

A Fazenda 3 Pinheiros faz parte do programa Garantia de Origem desde 2006 e produz em média 10 mil toneladas de frutas por ano. As frutas são controladas, classificadas e selecionadas ainda no campo. As laranjas, por exemplo, são monitoradas e colhidas apenas quando o sabor, rendimento e doçura da fruta estiverem garantidos. Depois da colheita, as frutas são lavadas, enceradas e embaladas para facilitar o transporte. As frutas manchadas, miúdas, amassadas ou que apresentem qualquer dano mecânico são descartadas, e algumas são doadas para centros beneficentes. O descarte natural é de cerca de 3%.

Respeito à biodiversidade

As plantações de frutas como caqui, laranja, pêssego, maçã, ameixa, abacate e kiwi ocupam 25% da fazenda. Metade da área total da fazenda é destinada à silvicultura (plantação de pinus e eucalipto), 15% é composta de mata nativa secundária e 10%, de pastagens. Há também uma área destinada à apicultura. “Além de utilizarmos as abelhas na polinização dos pomares, produzimos mel e própolis, que são comercializados junto a supermercados e a diversos segmentos da indústria alimentícia”, afirma João Marques. Os inseticidas usados na fazenda eliminam as pragas, mas não os insetos polinizadores. A pulverização de agroquímicos está sendo reduzida gradativamente até que, daqui a 10 anos, não sejam mais empregados os herbicidas.  

Ao estabelecer critérios ambientais, sociais e de qualidade para os seus fornecedores, o programa Garantia de Origem alcança vários objetivos a um só tempo: garante bons produtos para os consumidores, profissionaliza trabalhadores da cadeia produtiva e moderniza os processos produtivos das empresas fornecedoras.

Um dos aspectos do programa é a preocupação com as boas condições de trabalho dos funcionários das empresas. Várias fazendas desenvolvem projetos educacionais para erradicar o analfabetismo entre seus empregados, e muitas delas já investem em apoio a cursos técnicos ou de idiomas estrangeiros. Na Fazenda 3 Pinheiros, metade dos 250 colaboradores reside na própria fazenda, como parte da política de moradia a custo zero.

Decisão de compra bem informada

Ao acompanhar a trajetória do produto, comprovando não apenas sua qualidade, mas também os impactos do processo de produção, o programa Garantia de Origem é um instrumento de informação ao consumidor. De acordo com a pesquisa “Como e por que os brasileiros praticam o consumo consciente”, divulgada pelo Akatu em 2007, 37% dos brasileiros declaram estar dispostos a pagar a mais por produtos com selo ambiental. A mesma pesquisa mostra que cresceu o reconhecimento, por parte do consumidor, de selos de certificação de produtos e de instituições. Em 2003, 19% dos consumidores reconheciam esses selos; em 2006, o número passou para 32%.

“Esses dados mostram que o consumidor está cada vez mais preocupado com os impactos dos produtos que consome”, avalia Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu. “Ao ter informações sobre a cadeia produtiva, o consumidor pode escolher o que comprar e de quem comprar buscando aumentar os impactos positivos e diminuir os impactos negativos de seu consumo.”

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