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22.09.17 às 11:45

Relatório aponta caminhos para a moda sustentável

Produzido pela Malha e Instituto C&A, relatório aborda tendências nos âmbitos cultural, social, econômico e ambiental para o futuro da moda
A futurista Lala Deheinzelin e Herman Bessler, um dos fundadores da Malha, no Social Brands São Paulo 2017 – Foto: Instituto Akatu

Quais são os caminhos possíveis para que a indústria da moda reduza a sua pressão negativa exercida na sociedade e no meio ambiente? O relatório “O poder do planeta + o poder das pessoas”, produzido pela plataforma de moda sustentável Malha e pelo Instituto C&A , aponta modelos alternativos que ganham força, com apresentação de dados e casos reais.

Herman Bessler, um dos fundadores da Malha, apresentou o relatório no evento Sustainable Brands São Paulo, no dia 19 de setembro, junto da futurista Lala Deheinzelin. Ele explicou que o relatório teve como linha condutora as quatro dimensões da sustentabilidade: ambiental, social, econômico e cultural. “É uma visão sistêmica, já que tudo está hiperconectado”, disse.

Veja a seguir as tendências de cada uma das quatro dimensões da sustentabilidade:

Dimensão ambiental
1- Agrofloresta, permacultura, agroecologia e mudança de pensamento – Sistemas agroflorestais são modelos que imitam os processos da natureza e que geram junto à floresta uma agricultura sustentável, livre de químicos. “O Brasil tem potencial para isso e pode aproveitar essa tendência da indústria da moda”, disse Bessler.
2- Novos materiais e recursos alternativos – Materiais e processos antes experimentais tornam-se viáveis, economizando recursos naturais finitos.
3- Economias restaurativas/circular – Na economia circular, todo produto tem seu ciclo biológico (onde recursos se regeneram) e o ciclo técnico (onde produtos e componentes são recuperados e regenerados).

Dimensão econômica
1 – Economia compartilhada e consumo colaborativo – A economia compartilhada está relacionada a um sistema onde pessoas com interesses similares se organizam em comunidades para trocar, emprestar, doar e compartilhar. A cultura gerada pela economia compartilhada é o consumo colaborativo.
2 – Crescimento x valor – Hoje o fator econômico em si não é mais o único indicador de sucesso.
3 – Economias hiperlocais e descentralização de consumo global – À medida que as pessoas tentam cada vez mais firmar sua própria identidade, ações que visam padronização mundial das marcas perdem sentido.
4 – O fim do emprego institucional e o crescimento da economia criativa – No futuro ficaremos tão eficientes que teremos mais tempo para criar, já que com a automatização eliminaremos parte do emprego formal e diminuiremos a nossa renda. “O tempo é nosso bem mais escasso e renovável, precisamos enxergar isso. Perceber que o valor está no melhor uso do nosso tempo”, disse Lala.
5 – Economia da experiência x economia da atenção – Nossas personalidades estão sendo moldadas por algoritmos, que definem o conteúdo que consumimos e os comportamentos que mimetizamos.

Dimensão social
1 – A era do P2P e os comuns – Baseada na igualdade, reflete uma mudança de consciência para participação individual e em rede.
2 – Crowdtudo, a era da produção coletiva – A colaboração das multidões pode revolucionar a maneira como resolvemos problemas.
3 – Cooperativismo de plataforma – O novo cooperativismo incorpora externalidades, pratica a democracia econômica, produz bens comuns para o bem comum e socializa seu conhecimento.

Dimensão cultural
1 – Conhecimento neotradicional e as neotribos – Graças às mídias sociais as pessoas encontram com facilidade os seus pares, possibilitando um “tribalismo do consumidor”.
2 – O folclore global – Moda é cultura, manifestação da cultura popular tornada natural pela tradição, que funciona como um “meme”, que é o novo folclore.
3 – Valorização da práxis e do trabalho manual – A troca de saberes e fazeres com artesãos e o setor da moda reflete os paradigmas atuais de busca de mais inclusão, sustentabilidade e equilíbrio.
4 – Comércio justo e as condições de trabalho – A geração Y está preocupada em “como” consome, do que “o que” consome. Valoriza a história de cada produto.

O relatório “O poder do planeta + o poder das pessoas” está sob licença Creative Commons e faz parte do Caderno ‘O Futuro da Moda’, que traz outros relatórios sobre tendências sobre o futuro da moda, lançados em 2017. O download gratuito pode ser feito em http://www.malha.cc/cea/caderno.

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